New Life - Depois Do Casamento (Parte 1)

Capítulo 01

Cecília •

A vida é feita de escolhas. Eu escolhi a minha, ao lado do homem que eu sempre sonhei. Não foi fácil o meu caminho até aqui. Foi um pesadelo.

Desde que abandonei a vida religiosa eu passei por muitas coisas. Tive que superar meus medos, tive que aprender a vestir roupas diferentes, também foi difícil ir na praia pela primeira vez, deixei de lado a minha felicidade para a Verônica viver a felicidade dela. Ainda teve a desconfiança do Gustavo por achar que eu estava traindo ele com o Dr. André, mas apesar de tudo que passei com o Gustavo, isso só me fez mostrar que a minha felicidade vem em primeiro lugar, e depois as dos outros. Tudo que aconteceu me fez mostrar que eu devo confiar mais em mim. Eu não vou dizer que sou a mulher mais confiante do mundo porque eu não sou, mas eu acredito que com o tempo eu vou aprender a lidar com tudo isso. E eu nunca tive tanta certeza que o meu lugar é ao lado do Gustavo e da Dulce, as duas pessoas que eu mais amo nesse mundo.

Finalmente eu aprendi isso! Já estava mais que na hora...

Depois de tanto tempo fingindo tudo que sinto, finalmente o meu casamento aconteceu. Nem dá pra acreditar que esse momento chegou depois de tudo que passei mas, hoje, eu posso dizer que eu sou a "Senhora Lários"

O nosso casamento foi incrível! Foi muito mais do que eu imaginava. E agora vem a parte mais difícil, a lua de mel. E dentro da lua de mel vem a noite de núpcias! Eu tô bem nervosa pra ser sincera. Enfim, após a festa ainda teve a surpresa da Fabiana e das irmãs. Nem conseguia acreditar que iríamos pro apartamento naquele carro tão bonito.

Ao chegar, eu e o Gustavo subimos para o quarto, para nos trocar. Fiquei em choque ao ver um quarto tão bonito. Ele é grande e elegante. A cama do Gustavo... a nossa cama! Ela é enorme. Os quadros pregados na parede são maravilhosos e bem profundos, sempre tive uma grande paixão por quadros. Ao pé da cama tem um baú que provavelmente serve para guardar cobertores, travesseiros, almofadas e etc. Em frente ao baú tem uma mesa de madeira e eu presumo que seja onde o Gustavo trabalha. Na mesa vejo dois porta retrato, um da Dulce Maria e um do Gustavo com a Teresa. Ela era tão jovem e bonita, parecia uma princesa.

Enfim, o quarto é cheio de detalhes, muito bonito.

Eu decido me trocar no banheiro, o Gustavo compreende e concorda. Tenho muita vergonha. Fico parecendo um pimentão quando ele me olha.

Coloco uma roupa bem confortável, pego meu cachecol e meu moletom para levar na mão, sei que se eu colocar na mala vai ser uma luta pra tirar depois, e eu quero chegar em Bariloche e já me proteger do frio.

Estamos sentados há alguns minutos esperando nossa embarcação, e eu não sei de onde surgiu a ideia maluca do Gustavo de gravar nossa viagem, e claro, o meu medo de subir naquele avião enorme. Será que ele está achando engraçado o que está acontecendo?

"Olha lá, já estão chamando a gente pra embarcar, e como a Cecília tem medo de avião eu resolvi fazer um diário de bordo e registrar tudo." Ele dá uma gargalhada eufórica. Ele realmente está achando isso engraçado.

"Olha Gustavo, Deus tá vendo você se divertir às minhas custas. Com os meus medos, tá?" Eu só queria sair correndo de tanto medo, nesse exato momento. Como eu posso entrar em um avião com 98 pessoas? Comigo e com o Gustavo, 100! Como um avião vai suportar 100 pessoas no alto? Eu acho que vou enlouquecer com tantos pensamentos negativos!

"Deixa que eu seguro na sua mão, vai dar tudo certo." Ele sorri e pega minha mão. Eu amo tanto todo esse conforto que o Gustavo me passa. Poder contar com o carinho dele é importante demais pra mim.

"Ah, assim eu grito um pouquinho menos." Ele sorri novamente e beija a minha bochecha. Gustavo continua segurando na minha mão para eu poder relaxar, mas o medo ainda é legível.

Eu tô muito feliz e dá pra ver no meu rosto, mas o medo agora está falando mais alto que a felicidade. Eu não quero entrar naquele avião de jeito nenhum, mas o Gustavo me convenceu de que não chegaríamos ao nosso destino de carro e que se eu quisesse mesmo viajar eu teria que entrar no avião.

Realmente fugir não é a melhor opção, Cecília, então seja mulher e entre logo nesse avião.
Fiquei repetindo isso na mente o tempo todo pra me conformar logo com a ideia. Quando finalmente acho que já criei coragem nos levantamos e vamos ao embarque. Seguro forte na mão do Gustavo e não pretendo soltar nem por um segundo. Ele obviamente filma cada detalhe da nossa entrada "triunfal" como ele disse, no avião. Eu tô parecendo uma geleia fora do pote, só consigo tremer. Provavelmente quando forem ver esse vídeo vão rir da minha cara por ser tão medrosa.
Ou se esse vídeo chegar, talvez esse seja o vídeo de despedida!

Tá bom, Cecília. Para de ser tão negativa assim! Diz meu subconsciente.

Assim que entramos no avião a aeromoça nos atende educadamente, mas eu percebo como ela olha pro meu marido. Parece até que está engolindo ele pelos os olhos. Isso me deixa tão irritada que imediatamente solto a mão do Gustavo, por mais que ele não tenha culpa eu não consigo deixar de ficar estressada com isso.

"Quem ela pensa que é?" Ops! Acho que pensei alto demais.

"Oi?" Ele diz assim que se senta ao meu lado. O avião é enorme, parece uma coisa de outro mundo. Minha surpresa seria maior se não estivesse me roendo, de raiva, da aeromoça.

"Essa mulher aí." Sussurro para que ninguém me ouça "Ela não para de olhar pra você." Cruzo os meus braços.

"Que isso, meu amor." Ele ri como se a situação fosse engraçada, mas não é "É só uma aeromoça. Ela só tá sendo simpática, é o trabalho dela atender bem os passageiros." Sério Gustavo? Não acredito que você está sendo tão bobo a esse ponto! Eu não sei por qual motivo estou com tanto ciúmes, eu não sou esse tipo de mulher que sai fazendo escândalo por aí, mas, minha vontade de esganar essa aeromoça veio com tudo.

Respiro fundo umas três vezes para acalmar os nervos. Eu não sou esse tipo de mulher ciumenta e, não é agora que vou ser. Preciso me controlar, principalmente porque acabei de me casar. Enfim, após uma breve apresentação, finalmente o avião saiu do chão. Eu acho que vou morrer de desespero, meu estômago virou todinho e o Gustavo ri bastante da situação, e claro, ele filma tudo. Após ele finalmente largar esse celular, ele segura na minha mão e diz que tudo vai ficar bem. Eu deito minha cabeça sobre seu ombro esquerdo e fecho os olhos para tentar relaxar um pouco.