Capítulo 08

681 27 0
                                    

Cecília

No almoço eu e Gustavo não trocamos uma palavra, isso não foi ruim, até porque nosso silêncio foi muito agradável, demos algumas trocas de olhares e sorrisos bobos.

Foi divertido nossa guerra apesar de ter sido muito infantil da minha parte e da parte do Gustavo. Não seríamos um bom exemplo se a Dulce Maria estivesse aqui. 
     Mas o que importa é que nos divertimos. 
Após o almoço decido levar os pratos para a cozinha. Enquanto o Gustavo escolhe algo para assistirmos eu lavo a louça e preparo uma pipoca. Assim que chego na sala ele ainda está lá à procura de algo na TV. 

"Ainda?" Entro na sala com um pote vermelho de pipoca. Ele está em pé com o controle remoto na mão. Ele parece bem tenso por não saber qual é o meu gênero favorito. Estou ansiosa para poder fazer isso mais vezes com o Gustavo. Quero muito dialogar com ele sobre meus filmes favoritos e com os filmes que ele gosta também. 

"Eu… Eh… Eu tô em dúvida!" Por fim ele me olha e eu sorrio com a boca cheia de pipoca. "Eu não sei do que você gosta." Ele finaliza apreensivo. 

"Ah, qualquer coisa." Minto e entrego o pote de pipoca para Gustavo. Assim que me sento no sofá, eu tiro minhas botas fofas e confortáveis. Quando olho para ele novamente, o vejo me encarando como se eu tivesse dito algo de errado "O que foi?" 

"Não é possível que você goste de qualquer coisa." Ele franze a sobrancelha novamente e eu não consigo evitar a risada, pois ele está certo! É incrível como ele me conhece tão bem! Pego um cobertor quentinho ao lado e cubro minhas pernas. Mesmo estando com uma calça bem aquecida, meu corpo está bem gelado. 

"Verdade. Você tem razão." Rio novamente e ele sorri  "Que tal, 'A culpa é das estrelas'?" Sorrio de maneira exagerada. Ver esse filme ao lado do Gustavo só vai me fazer chorar mais ainda, mas quero muito que ele veja comigo. Nunca assistimos filmes juntos e se for parar pra pensar, há muitas coisas que eu e o Gustavo nunca fizemos juntos e isso me deixa cada vez mais animada e ansiosa para fazer todas as coisas que nunca fizemos "juntos". 

"'A culpa é das estrelas'... Gostei." Ele senta ao meu lado e coloca o braço atrás das minhas costas fazendo meu corpo se arrepiar todinho. Assim que ele coloca o filme, Gustavo me puxa pra mais perto de seu peito. Esse cheiro dele é tão bom, eu tenho prazer de respirar fundo e sentir o cheiro dele a cada suspiro que dou. A pipoca tá bem saborosa e quentinha, acho que o Gustavo gostou muito também pois ele só come, come, come. 

Quando dá uns 10 minutos de filme percebo que o Gustavo está me olhando. Mesmo concentrada no filme eu posso imaginar o par de seus olhos azuis vidrados em mim, meu rosto automaticamente começa a ficar vermelho e meu corpo começa a formigar. Por que ele não para de me olhar? O que será que ele está pensando? Decido deitar a cabeça sobre seu peito pra ver se ele para de me olhar e acho que funciona. Ele dá um beijo na minha cabeça e leva uma mão até o meu quadril. 

"Quer deitar?" Ele pergunta. 

"'Deitar'?" Ele começa a acariciar meus cabelos e eu não consigo olhar em seu rosto. Estou tão nervosa que as palavras quase não saem da minha boca.  

"É." Ele aponta para as pernas e eu aceno com a cabeça imediatamente tirando toda a tensão de mim. Por um segundo achei que ele iria me levar pra cama pra fazer amor, mas me enganei. 

"Sim." Por fim eu digo, me deito no sofá e coloco a cabeça sobre as pernas de Gustavo. Ele coloca o pote de pipoca na mesinha que tem a frente do sofá e começa a acariciar meu cabelo. Ainda tem muita pipoca no pote mas eu não trocaria esse carinho por nada. A forma como os dedos do Gustavo entram pelo meu cabelo é tão confortante. Tento me concentrar no filme, mas esse ato de carinho é tão bom e confortante que só quero fechar os olhos e apreciar cada pedacinho das sensações. Quando finalmente me concentro no filme, Gustavo coloca a mão no meu quadril novamente e com a outra mão ele continua fazendo carinho no meu cabelo. 

Eu sei que o Gustavo está apenas concentrado em mim, mas tento ignorá-lo de todas as formas. Assim que o filme acaba a calça do Gustavo está toda encharcada pela água salgada dos meus olhos. Eu nunca sei controlar meus sentimentos quando se trata de algo tão sensível e delicado. 

"Quanto drama." Ele murmura e mesmo sem o ver, sei que está revirando os olhos. 

"Gustavo, foi muito triste…"

Ele solta um suspiro pesado "Ah, foi tranquilo. É só um filme. E se ele morreu…" Eu o interrompo.  

"Não diz isso!" O repreendo é ele revira os olhos "Você é um sem cultura!" Digo num tom brincalhão e seco minhas lágrimas. "Você deveria se entregar mais aos filmes." Digo e ele solta um sorriso sarcástico. 

"Mas acontece que eu não sou sentimental como você." Ele ironiza. 

"Seu bobo. - Bato na perna dele e rio. "O que vamos fazer agora?" Pergunto e me levanto. 

"Não sei. Quer conhecer um pouquinho da cidade?" 

"Sério? Claro que eu quero amor."

"Que bom. Então se agasalha bem e chega de chorar." Ele passa o dedo no meu rosto para limpar as lágrimas e eu sorrio. 

New Life - Depois Do Casamento (Parte 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora