Capítulo 03

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Cecília •


Sem perceber, minha língua já está dentro da boca do Gustavo. As mãos dele percorrem pelo meu pescoço e novamente aquele arrepio volta e meu coração começa a bater desesperadamente, mas mais acelerado do que na cozinha. Eu sei que preciso me acalmar e que eu posso confiar no Gustavo, mas eu não consigo deixar de ficar nervosa. Eu quero que esse momento seja perfeito, mas estou com tanto medo do meu nervosismo estragar tudo. Eu tô com medo do Gustavo não gostar do que for ver. Eu sei que ele já teve muitas mulheres antes de mim, que são muito mais experientes e bonitas do que eu. O Gustavo pode ter o que ele quiser, na hora que ele quiser. Eu realmente tenho muito medo dele não gostar de mim.

Os beijos dele vão só esquentando cada vez mais, quando assusto que não ele já está com a boca no meu pescoço. É uma sensação maravilhosa mas um pouco desconfortável ao mesmo tempo. Será que eu vou me acostumar com esses beijos estranhos no meu pescoço? Será que eu vou ter que beijar o pescoço dele também?

Eu estava totalmente preparada para o nosso casamento mas, pra nossa primeira vez não! A Fátima me explicou várias coisas sobre a sexualidade de um casal, disse que no mínimo eu teria que fazer sexo três vezes na semana. Isso deve ser muito bom pras pessoas gostarem tanto de fazer.
Meu coração está quase saindo pela boca e eu tô mais nervosa do que o normal. Como eu posso fazer pra não ficar nervosa nesse momento? Talvez uma porção mágica ajudaria! Eu nunca pensei que essa manhã pudesse ser tão difícil assim!

Quando sinto as mãos do Gustavo na minha cintura, eu começo a me desesperar. Posso sentir meu rosto ficando pálido, minhas veias congelando e meu corpo ficando paralisado. Sinto até que eu tô pecando, por mais que seja a coisa mais natural que um casal casado pode fazer. Por que tanto desespero? Com todos esses pensamentos invadindo minha mente, sinto que agora vou desmaiar de nervosismo. Eu quero sentir todo prazer e a mesma vontade que o Gustavo tem por mim agora, mas neste momento só consigo sentir medo.

"Tá tudo bem?" Ele para de beijar meu pescoço e olha pra mim. Graças a Deus você parou! Respondo pelo meu olhar.

"E-eu tô nervosa!" Digo olhando para ele. Minha voz sai mais trêmula do que o normal e isso me deixa envergonhada. Meus olhos estão lacrimejando e eu tenho quase certeza que vou chorar. Eu tô me sentindo tão mal. Eu quero fazer isso mais do que nunca, mas eu tô tão nervosa. "Desculpa!" Digo. Abaixo a cabeça e encho os olhos de lágrimas, tento segurá-las o máximo que posso, mas, me sinto perdida em meio a tudo isso.

"Olha pra mim." Ele pega no meu rosto e eu o olho "A gente não precisa fazer isso agora. Eu entendo seu nervosismo e não quero que você faça isso só pra me agradar ou por se sentir obrigada. Eu quero que você sinta o mesmo prazer que eu." Minhas lágrimas escorrem ao ouvir essas palavras. Como ele consegue ser tão incrível? Essa compreensão dele era tudo que eu precisava. Todo meu nervosismo se dissipa em cerca de segundos.

Deito a cabeça sobre o peito dele e ele beija minha cabeça. "Relaxa, quando você se sentir preparada eu te prometo que vou tentar fazer desse momento o mais perfeito da sua vida."

"Eu sei que vai. Me perdoa..."

"Não precisa pedir perdão." Ele me corta nas palavras e acaricia meu cabelo. "É normal que você se sinta assim, se não se sentisse aí sim seria muito estranho." Ele finaliza.

"Verdade." Seco as lágrimas com as palmas das mãos e rio.

"Eu acho que você está muito tensa. Eu posso te ajudar com isso?" Ele estende a mão.

"O quê? Me ajudar?" Digo sem entender.

"Confia em mim?" Ele diz com um sorriso esplêndido no rosto.

"Sempre." Digo derretida novamente e pego na mão dele.

"Então vem." Ele me puxa pra fora do quarto.

Ao chegar na sala ele para comigo atrás do sofá e solta minha mão. Solto um suspiro aliviado por ele não ter ficado chateado comigo. Eu nunca pensei que o Gustavo pudesse ter uma reação tão compreensiva. Ele sempre me surpreende muito, mas, isso foi mais que perfeito! Ele disse que vai esperar eu me sentir preparada. Isso que ele acabou de fazer por mim só fez eu amá-lo mais.
Ele se aproxima do rádio e o liga. Acho que ele leu meus pensamentos. Dançar nesse momento vai ser maravilhoso. A música "A Thousand Years" começa a tocar e eu não consigo conter o sorriso, essa música é perfeita.

"O que foi?" Sorrio me fingindo de boba.

"A senhora me concede esta dança?"

"Mas é claro, senhor Lários." Ele coloca a mão na cintura e com a outra ele intralaça na minha. Somos péssimos dançarinos. Já faz um tempinho que dançamos na casa dele na nossa reconciliação e acho que perdemos a prática. Apesar de estarmos apenas balançando no meio da sala, eu consigo ficar muito calma. Eu só quero ficar aqui pra sempre.

Deito a cabeça sobre o peito dele e continuamos "dançando" até que a música "Te acordaras de mim" começa a tocar. O Gustavo não é tão romântico quanto eu e provavelmente ele está achando isso a coisa mais clichê, mas mesmo assim, ele está aqui, dançado comigo, só pra me acalmar. Eu realmente nunca imaginei que o Gustavo poderia fazer isso, de ir com calma, de ir no meu tempo, de esperar eu me sentir à vontade pra tocar no meu corpo. Isso é muito lindo e muito romântico. E a prova de amor mais perfeita que pode existir.

"Eu sei que você está muito nervosa e eu juro que não é minha intenção te deixar assim." Ele beija a minha testa.

"Eu sei. Você tá sendo incrível." Realmente, se você queria tirar meu nervosismo, conseguiu. Penso comigo mesma. Eu amo o Gustavo demais. Ele tá sendo tão compreensivo, tão romântico e paciente. Tenho muita sorte de ter ele na minha vida.

"Eu não quero que você sinta esse medo. Se for preciso dançar todas todas as músicas do mundo com você só pra te ver tranquila desse jeito, eu danço. Mesmo que seja a coisa mais brega do mundo, eu faço isso por você." Caio na gargalhada e tiro minha cabeça do peito dele.

"Eu te amo, Gustavo. Obrigada por isso."

"Eu te amo mais." Ele sorri e me beija. Nossos lábios fazem movimentos calmos e relaxantes. Amo sua boca com um gosto indecifrável. Quando nossos lábios se desencontram eu o olho.

"Eu queria poder me sentir mais confortável." Ele coloca as duas mãos sobre meu rosto fazendo meu nervosismo voltar.

"Primeiro você precisa confiar em si mesma. Acreditar que você é capaz de superar todos esses medos que você tem e principalmente, não ter medo de se entregar."

"Eu sei. Você vai me ajudar?" Pergunto tensa.

"Ajudo... Eu entendo seu lado de não se sentir confortável ainda. Não vamos fazer nada agora, tá? Quando você se sentir preparada você me avisa."

"Então o que vamos fazer agora?"

"Dormir." Ele sorri "Tá cansada?" Ele pergunta com toda suavidade. Não parece estar chateado comigo, e isso me alivia.

"Muito." Digo retribuindo o sorriso dele.

"Imaginei." Ele desliga o rádio, pega na minha mão e subimos.

New Life - Depois Do Casamento (Parte 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora