Cecília •
Acordo e me deparo com Gustavo dormindo, com a cabeça em cima da minha barriga. Ele suspira lentamente e eu me derreto com sua forma perfeita de dormir. Adoro ver Gustavo dormindo, é tão lindo. Sempre acordo primeiro que ele e isso me agrada, assim sempre posso apreciá-lo todas as manhãs.
De repente um barulho chato invade o quarto, assim que olho vejo meu celular tocando em cima do sofá. Aí que me pergunto: Por que meu celular está jogado no sofá? Acho que meu celular sempre estará nos lugares mais imprevisíveis possível, não estou acostumada com essa coisa de celular. Tento me livrar de Gustavo de maneira que não possa acordá-lo. Assim que nossos corpos perdem o contato ele solta um gemido abafado, como ele sente a minha falta até quando está dormindo? Isso é fofo!
Graças a Deus ele não acorda, ele apenas se vira para o lado e abraça o travesseiro. Me levanto da cama e ainda estou com meu roupão quentinho. Pego o celular e saio do quarto. Meus olhos brilham ao ver o nome de Estefânia na tela, sem perda de tempo aceito a chamada.
"Nossa, que demora." A doce voz de Estefânia sai pelo outro lado da tela.
"Desculpa. Eu acabei de acordar."
"Atrapalho?"
"Não! Imagina, Estefânia. Eu na verdade já estava acordada, só que foi difícil tirar o Gustavo de perto de mim." Me explico e desço as escadas. O chão está congelante, por que fui esquecer as pantufas?
"Que fofos. Eles dormem de conchinha e tudo..."
"Estefânia!" Rio envergonhada. Meu rosto fica vermelho só de imaginar a cara da Estefânia do outro lado da linha.
"DÁ CECÍLIA!" Assim que ouço a voz... o grito de Fran do outro lado quase caio dura no chão.
"Fran? Oi!" Digo tentando esconder minha vergonha.
"Dona Cecília, desculpe! Eu e Franciely já vamos pra cozinha para a senhora poder conversar melhor com a dona Estefânia. Vem Franciely..."
"Que vem careca. Vai me dizer que cê num tá curioso pra saber os detalhes da lua de mel?"
"Ai meu Deus!" Neste momento não consigo conter a risada. Franciely é uma peça, quando se mistura com Silvestre; então é impossível não rir. Agora que faço parte da família vai ser muito legal conviver com os dois.
"Vamos logo Franciely, aliás, vamos imediatamente preparar o quarto de dona Estefânia."
"AI, MAIS QUE CHATO!" Franciely grita e daqui ouço seus passos de subida. Silvestre adora pegar no pé da Fran e isso me mata de rir.
"Bom, agora que estamos sozinhas... me conta."
"Contar o quê?" Não sei o que dizer! Conversar com Estefânia é diferente de quando converso com Fátima. Pelo fato dela ser minha irmã eu me sinto mais aberta para falar; já a Estefânia é tão espontânea, e, é prima do Gustavo! Não sei se consigo me abrir com ela da mesma maneira que me abro com Fátima.
"Sobre tudo. Como está sendo a lua de mel?"
"Tá ótima." Digo.
"Só ótima?"
"Não sei o que dizer. O Gustavo tem sido incrível, compreensível, carinhoso. Tô conhecendo versões que jamais imaginei que ele tivesse."
"Ah, agora está melhorando." Ela solta uma leve gargalhada. Estefânia é tão divertida e comunicativa, não tem como faltar papo com ela.
"Eu estou completamente apaixonada", finalizo.
Estefânia e eu conversamos por um longo período. É bom conversar com ela. Estefânia é muito especial e querida, eu espero que agora que somos da mesma família possamos ter uma relação mais íntima. Quero ser muito mais que uma amiga da Estefânia, quero que nossa relação seja de duas verdadeiras irmãs. Graças a Deus Estefânia não perguntou nada sobre minhas noites de amor com o Gustavo. Já é difícil falar sobre isso com ele; imagina com ela? Sei que preciso ser uma mulher mais confiante, mas acredito que isso só vai vir com o decorrer do tempo.
Após conversar bastante com Estefânia eu desligo. São 09:30H e Gustavo ainda não acordou. Acordamos no meio da madrugada e acho que isso fez o corpo dele ficar mais cansado agora.Decido preparar um café da manhã mas me recuso a preparar o mesmo café de ontem. Eu quero fazer um bolo mas sem farinha e ovo não vai rolar... Vou ao mercado! Não vou preparar o mesmo café durante a semana inteira, isso vai enjoar o Gustavo e a mim também. Subo rapidamente, coloco uma calça jeans, uma blusa vermelha e um moletom. Coloco um sapato confortável, penteio meu cabelo e coloco uma touca marrom. A chave do carro está em cima do criado-mudo então a pego e vou até a garagem. Não conheço nada em Bariloche e tenho um pouco de medo de me perder; por mais que a cidade seja pequena. Tudo parece tão vazio sem o Gustavo por perto. Por mais idiota que pareça, ligo o som e deixo as músicas bregas do Gustavo tocar no volume baixo. Isso me acalma muito! Não que as músicas dele sejam boas, são horríveis, mas sinto a presença dele e isso que me trás calma.
Depois de rondar um pouco a cidade acabo encontrando um mercado. Pego um pequeno cesto para colocar as coisas necessárias. Pego ovos, farinha, fermento, leite. Pego tudo em menor quantidade possível. De acordo que vou caminhando chego a fileira de produtos para cabelos. Meus olhos brilham em saber que aqui na Argentina tem a marca de shampoo que uso. Levanto meus pés para pegar mas de repente alguém se aproxima e faz a gentileza de pegar para mim.
"Relaxa baixinha, eu pego." Um estranho pega e me entrega.
"Não precisava, mas, obrigada." Sorrio e coloco a caixa dentro do cesto.
"Não parecia que não precisava. O que uma brasileira, baixinha, de olhos azuis faz aqui na Argentina?"
"Como cê sabe que sou brasileira?"
"Tá na cara, né? Olha seu sotaque?"
"Eu preciso ir..." Tento me desviar mas sou impedida. O cara me assusta, ele tem a mesma altura do Gustavo, tem os olhos castanhos, sua barba é lisa e parece um psicopata que vai me engolir pelos olhos. Não estou acostumada com esse tipo de olhar, não me agrada nem um pouco. Só o Gustavo tem o direito de me olhar com segundas intenções.
"Que isso gata... Eu não sou tão feio assim."
"Eu sou casada!" Sinto meu coração disparar. Eu sabia desde o início que não seria uma boa ideia sair sozinha sem o Gustavo e pela centésima vez meu subconsciente está certo.
"E daí meu anjo? Eu não tô vendo seu marido aqui... E ele não precisa saber de nada." Ele me puxa pela cintura e tenta me beijar. Dou um chute em sua parte sensível e corro dali o mais rápido que posso. Meu coração vai sair pela boca. Me dá nojo só de pensar na forma como esse homem me olhava. Corro pra fila e a senhora a minha frente está com um carrinho imenso, por gentileza ela deixa eu passar na frente dela e dou mil agradecimentos. Ao olhar para trás vejo o cara me encarando.
Estou muito assustada, rapidamente pego minha carteira na bolsa e pago a moça e por falta de paciência decido não receber o troco. Não posso ficar aqui com um louco me olhando e querendo fazer coisas comigo! Corro para o carro e meto o pé dali sem olhar para trás. Quando finalmente vejo a casa solto um suspiro aliviado, estaciono o carro na garagem e subo correndo. Ao abrir a porta, entro, fecho a porta e a tranco. Sei que já me livrei do louco mas trancar a porta me deixa aliviada.Suspiro, coloco as sacolas no chão e Gustavo está me olhando perplexo, como se eu tivesse acabado de sair de um filme de terror; mas pra mim realmente foi. Aquele homem me puxando e querendo fazer coisas comigo foi uma verdadeira cena de terror. Sem ao menos pensar corro até ele e me jogo nos seus braços fortes que me trás todo conforto possível.
"Cecí, o que foi?" Ele tenta sair dos meus braços mas eu não deixo. "Fala... Eu fiquei preocupado! Te procurei por toda casa. Onde você foi? Tentei te ligar..." Gustavo está tão aflito quanto eu. Foi uma péssima ideia sair sem avisar. Talvez se eu esperasse ele acordar para irmos juntos, nada disso teria acontecido. Eu e minha mania de querer fazer café da manhã antes dele acordar.
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New Life - Depois Do Casamento (Parte 1)
FanfictionA história se conta da mesma maneira que CDA foi contada até o casamento Gucilia. Irei fazer minha versão de como a história poderia ter cido contada após o casamento de Gustavo e Cecília. SINOPSE Após Cecília deixar a vida religiosa a vida da mes...