Capítulo 64

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Gustavo •

Já estava decidido, eu precisava, eu necessitava fazer aquilo. Meu relacionamento com Teresa já era certo e essa garota mexicana com seu sotaque espanhol me conquistou de um jeito que nenhuma outra conquistaria, só ela era capaz de me fazer esquecer de todas as merdas que passei. Teresa era doce, carinhosa e sempre estava disposta a me ouvir, mesmo não merecendo aquela mulher, ela olhou pra mim, com defeitos e com o pior passado de todos ela me aceitou, claro que ela não precisava saber desse passado obscuro mas ela soube da minha paixão literária e ela me impulsionou a voltar a ler e escrever... escrever era demais ainda pra mim, mas eu queria voltar a ler. Já havia comprado dois exemplares de O Morro dos Ventos Uivantes e Dom Quixote, todos os meus livros ficaram em Nova York. Meu livro de Brontë que eu havia comprado há duas semanas, eu dei a ela de presente. Teresa me prometeu que iria ler e eu estava animado para perguntar a minha garota o que ela havia achado.

É, eu já estava pronto para voltar a ler. Depois do encontro com Teresa há algumas horas atrás, no cinema, já havia a deixado em casa, claro que o pai dela era insuportável e nós estávamos vendo a melhor maneira possível de contar a ele sobre o nosso relacionamento. O trajeto inteiro de volta para casa foi com os meus suspiros apaixonados. Não podia acreditar que estava vivendo um romance, pra mim aquilo só existia nos livros e Teresa com certeza era a minha Dulcinéia mas não uma Dulcinéia imaginária. Teresa era a minha esperança e nela eu colocava a minha fé, por ela que eu disse "não" ao álcool. Não podia imaginar a minha vida sem essa mulher que trouxe a vida do Gustavo carinhoso, doce e cheio de sonhos. Teresa era o meu refúgio e a minha paz. Mas não tem aquele ditado que dizem que a felicidade pode durar pouco? Estava feliz até chegar em casa e ver papéis melhor dizendo, páginas voando pra todos os lados. Olhei para cima e lá estava Leonardo rasgando página por página do meu tão adorado Dom Quixote.

"O que você fez?" Grito e tento pegar as páginas que estão caindo do chão.

"Bom, estava vendo esse livro sem graça na estante do seu quarto e eu achei que deveria fazer esse favor por você."

"Você... você não tinha esse direito!" Me ajoelho e levo as páginas contra meu peito. Quando me dou conta estou chorando como uma criança. Para muitos talvez seja só um livro mas para mim não. Cada página arrancada deste livro é como se tivessem tirado um pedaço de mim. Eu nunca fiz nada pro Leonardo, mas sabia que ele estava revoltado por eu ter vindo morar no Brasil mas isso não dava o direito dele fazer da minha vida um inferno.

New Life - Depois Do Casamento (Parte 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora