Capítulo 42

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Gustavo •

Depois de uma porção de elogios eu e Cecília saímos. Decido levá-la no teatro primeiro, ela está tão ansiosa. Sei que a peça inteira só vou ficar olhando para ela, mas é que é tão bom. Suas mudanças de humor é tão fofo, seu sorriso, suas lágrimas, sua aflição, raiva. Tudo se mistura em questão de minutos, ela é tão sentimental e tão profunda. Adoro isso nela, só a Cecília pra ver as coisas com tanta profundidade, com tanta intensidade. Eu não tenho a mente tão aberta quanto a dela e isso que ela tem é uma grande qualidade que eu avaliei. É raro encontrar pessoas assim que saiba expressar as coisas de um jeito tão maduro e verdadeiro.

Após o teatro acabar, Cecília sai chorando tanto que me assusta. Caralho, foi só uma peça idiota de Romeu e Julieta. É impressionante como ela consegue colocar sensibilidade em todas as coisas.

"Cecí, é só uma peça de teatro!" A lembro.

"Você não sabe colocar intensidade nas coisas." Ela diz ainda com muitas lágrimas nos olhos. Estou começando a ficar assustado de verdade com essa sensibilidade toda. "O Romeu se matou por achar que a Julieta havia morrido e logo depois quando ela desperta ela se mata em seguida. Você tem ideia disso? Isso é a realidade de tantos casais que são proibidos de viver suas histórias de amor! Eles viveram uma história mais que intensa antes da morte. Romeu não sabe viver sem Julieta e Julieta não sabe viver sem Romeu. O amor é proibido quando não se torna permitido e isso foi a causa da morte deles." Meu Deus! Que chata, ela tá fazendo um verdadeiro discurso sobre a história. Pra que fui inventar de assistir essa peça patética com ela?

"Olha, na minha opinião; foi totalmente patético ele se envenenar. Que história história mais caótica..."

"Caótica? Ai Gustavo... você não tem emoções? Tudo pra você é patético?" Ela bufa.

"Eu não disse que é patético, eu disse que é caótica."

"Você disse patético e caótica. Você não tem sentimentos... Você tá me dizendo que não se mataria por minha causa?"

"O quê? O que isso tem a ver?"

"Você tá dizendo como se você jamais fizesse o que aconteceu na história."

"E não faria mesmo." Minto "Me matar por algum já é demais, né?"

"Sem cultura." Ela diz num tom brincalhão. "Olha, é melhor irmos comprar os presentes da Dulce. Você já me deixou estressada demais."

"Ah por causa dessa peça sem graça?"

"Não é sem graça... Tá, vamos tentar de novo... Já que você não gosta do meu gosto; me conta do seu?"

"Muita ação, ficção, tiro. Sabe aquelas cenas de cabeça saindo pra fora?"

"Não!" Ela solta uma risada gostosa. Adoro o ponto de vista dela, somos tão diferentes e ao mesmo tempo tão parecidos. Ah, se ela soubesse quem é o verdadeiro Gustavo Lários.

"Então, essas mesmas.Você não as vê com profundidade também?"

"Depende do conto." Quando reparo já estamos do lado de fora. O frio congelante faz meu corpo se estremecer todinho e a voz da Cecília sai fumaça a cada palavra. Abro a porta do carro e ela sorri como agradecimento e entra no carro.

"Depende por quê?" Entro no carro e ligo o aquecedor.

"Porque sim. Depende do passado, só assim eu consigo colocar intensidade no presente. Depende da história, do jeito como o personagem vê a vida e assim vai. Ai você... você não vai entender, amor." Eu te garanto que entendo perfeitamente, princesa. A respondo nos pensamentos. Ela ri, eu sorrio e mordo os lábios. Ela é tão perfeita. "Para de me olhar assim, eu fico com vergonha."

"Por quê?" Pergunto.

"Por que o quê?" Ela me olha.

"Por que você não vê todo valor que eu vejo em você?"

"Eu não sinto que sou tudo que você diz que eu sou!"

"Mas devia... Você é perfeita e eu amo você exatamente por esse jeito tão intenso, por esse jeitinho de como você dá vida pras coisas mais patéticas que existem."

"Romeu e Julieta não é patético!" Ela me olha e sorri. Porra, esse par de olhos azuis me encarando me enlouquecem!

"É sim."

"Não é." Ela diz. Me aproximo da boca dela e a beijo. Seu gosto de hortelã é maravilhoso. Adoro essa boca. Mordo levemente seu lábio e ela sorri entre a minha boca. Ela vai me matar de tesão. Ela se afasta dos meus lábios e coloca a mão no meu rosto.

"Sabe o que eu acho mais bonito?"

"Hm?" Colo minha testa na dela e fecho os olhos.

"Essas nossas diferenças. Somos duas pessoas completamente diferentes mas ao mesmo tempo somos tão iguais. Mesmo com tantas indiferenças nossas almas se completam."

"Depois você quer saber do porquê de tanto te amar?" Ela sorri e se afasta.

New Life - Depois Do Casamento (Parte 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora