James estava vivendo um pesadelo. Ele estava sentado na sala da casa de Harry e seu amante sórdido Draco Malfoy, e a seu lado – e algemado a ele – estava seu inimigo maior Alfred. James teria que passar um mês naquela casa, convivendo com pessoas que odiava mortalmente. Ele queria morrer. Na sua frente, Harry continuava o discurso moralista de sempre sobre como James era irresponsável e mimado e como estava sempre desapontando o pai. James revirou os olhos. Não era novidade nenhuma que tudo o que James fazia era visto com reprovação aos olhos do pai. Será que Harry não conseguia perceber o quanto James estava sofrendo? Será que ele não percebia o quanto James estava zangado com tudo? Desde o divórcio dos pais – não, na verdade, desde um pouco antes – havia uma raiva imensa dentro de James que crescia a ponto de sufocá-lo. Os adultos não pareciam se importar. Nem sua mãe, antes sua única aliada, tinha mais paciência com ele. Gina, aliás, agora namorava um ex-jogador de Quadribol e os dois pareciam pombinhos apaixonados. James odiava o homem, e agora também começava a odiar a mãe. Resumindo, ele estava sozinho no mundo.
James sentiu um leve puxão no braço e olhou com uma carranca para Alfred. Segurou-se para não chamar o outro de filhote de comensal, pois seu pai ainda não tinha acabado com o sermão. Pelo canto dos olhos, James não conseguiu deixar de apreciar Alfred. O rapaz era realmente bonito, com olhos amendoados e quentes, o lábio inferior levemente mais cheio que o superior, o rosto delicado contrastando com a personalidade arredia e sarcástica. James sentiu uma parte de seu corpo querer reagir, e seu sangue ferveu. Não era desejo, disse a si mesmo como um mantra. Era ódio. James não era gay. Já tivera três namoradas e várias ficantes em Hogwarts. Ele era o garanhão da escola e continuaria a ser. Era puro ódio que fazia seu coração acelerar e seu corpo reagir de uma forma totalmente anormal quando Alfred estava por perto. Sim, aquela excitação bizarra ao rolar com Alfred pelo gramado do campo de Quadribol era apenas a adrenalina correndo solta pelo seu sangue. Não tinha nada a ver com desejo carnal. Nem um pouco. Ele não queria virar Alfred de bruços, arrancar a calça do uniforme de quadribol que lhe caia tão bem e deixava seu bumbum empinado e se enterrar nel-
- James, Alfred, vocês entenderam? – perguntou Harry, cortando os pensamentos lascivos de James, que sentiu todo o seu corpo corar feito um pimentão. – James, você está bem?
Ah, agora seu pai parecia preocupado. Depois de toda a humilhação que James sofrera. Harry tentou medir sua temperatura com as mãos.
- Está com febre?
James deu um tapa na mão do pai.
- Estou bem. – disse James com irritação.
Ele percebeu o olhar de tristeza de seu pai, e também o outro olhar, o de Draco Malfoy. O Malfoy sênior sempre tentava ser civilizado com James, mas dava pra ver em seus olhos azuis acinzentados o que ele realmente pensava do filho mais velho de Harry Potter.
- Ei, Malfoy, por que só meu pai está falando? Você também não tem nada a dizer a seu filho? Não vai dizer ao comensal júnior o quão orgulhoso você está dele por ter humilhado um Potter? – rosnou James.
- James! Pelo amor de Merlin! – exclamou Harry.
Malfoy deu um sorrisinho, o mesmo que James sempre via nos lábios de Scorpius e Alfred. O único que não tinha aquele sorriso era Angel. Por mais que James quisesse odiar o menino, havia algo em Angel que acalmava a ebulição interior em James. O mesmo se dava quando Astória estava por perto. James nunca conseguia ser mal-educado com ela.
- Assino embaixo tudo o que Harry disse até o momento, inclusive sobre Alfred. Vocês dois precisam aprender a conviver civilizadamente. Já estão bastante grandinhos para se comportarem como crianças. – disse Malfoy naquela voz arrastada que irritava James.
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Draco Malfoy
RomansaDraco Malfoy luta contra os fantasmas da sua vida. Um deles é Harry Potter.