Geralmente as coisas melhoram depois de uma declaração de amor vinda da pessoa amada. Bem, não foi o meu caso. Harry soltou a bomba, me beijou como se não houvesse amanhã e desapareceu. Fiquei só, atordoado, e sem saber o que fazer. Minha vontade era de ir atrás dele, exigir mais explicações. Ao menos exigir mais beijos. Tive raiva, mas não havia nada que eu pudesse fazer. Harry tinha suas obrigações a cumprir, assim como eu tinha as minhas.
Retomei meu caminho para o Três Vassouras e confesso que fiquei aliviado por Astória ainda não ter chegado com os meninos. Precisava de um tempo para digerir tudo o que acabara de acontecer comigo e com Harry. Sabia, porém, que só me acalmaria de verdade quando Harry me procurasse novamente, e imaginava que aquilo demoraria uma eternidade.
Bufei de ódio e pedi uma cerveja amanteigada. Deveria ter pedido algo mais forte, mas na atual conjuntura, era melhor me manter sóbrio. Os meninos chegaram sorrindo e cheios de pacotes. Scorpius abanou a mão assim que me viu, mas não correu na minha direção como fez Angel. O pequeno se atirou em meus braços sorrindo largamente. Sua meiguice me deixou mais calmo. Alfred veio logo em seguida, e fiquei feliz em notar que ele parecia mais relaxado.
Astória sentou-se ao meu lado, seu rosto corado pelo vento frio. Sorri e tentei agir como se nada tivesse acontecido, como se Harry não houvesse virado meu mundo de pernas pro ar.
- Encontramos Harry Potter. – disse Astória.
Lá se foi a minha falsa calma. Minha garganta ficou seca e meu coração disparou. Tomei um longo gole de cerveja.
- Que filhos mais adoráveis ele tem. – ela continuou como se não soubesse o efeito que suas palavras tinham sobre mim.
- Um bando de pestinhas, isso sim. – disse Alfred com um sorriso escarninho. – Aquele tal de James me deu nos nervos.
- Eu gostei de Lily. Vou me casar com ela! – exclamou Angel.
Astória riu. Eu quase engasguei com a cerveja.
- Ah, é verdade, foi amor à primeira vista entre Angel e Lily. – ela completou.
Franzi o cenho. Falar sobre os filhos de Harry não era menos perturbador do que falar de Harry. Parte de mim, porém, estava pra lá de curioso para saber como eles eram.
- E Albus Severo? – perguntei e olhei de soslaio para Scorpius.
Vi meu filho se empertigar e me lançar um olhar que era ao mesmo tempo de receio e desafio. Estava claro que Scorpius tinha medo da minha reação a sua amizade com Albus, assim como estava bem claro que ele iria defender o amigo dos meus comentários ferinos se fosse preciso. Estava na hora de dizer a ele que eu não tinha reservas quanto a Albus Severo.
- Ouvi dizer que ele é um bom garoto. – falei.
- Ele é um amor. Tão educado. – concordou Astória.
Scorpiuscontinuou calado, mas pude ver que estava bastante atento à conversa.
- Scorpius? O filho de Potter é da sua idade, não é? – perguntei como se não fosse importante.
- É. – veio a resposta curta.
Quase suspirei.
- E vocês são amigos? – insisti.
Silêncio. Seus olhos azuis brilharam intensamente. Achei engraçado o modo como ele ergueu o queixo e me encarou fixamente. Senti um orgulho tremendo de sua coragem.
- Somos. – ele respondeu sem pestanejar.
- Ótimo.
Scorpius pareceu ter sido pego de surpresa. Astória deu um sorriso discreto.
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Draco Malfoy
RomanceDraco Malfoy luta contra os fantasmas da sua vida. Um deles é Harry Potter.