Uma semana depois já estava me sentindo outro. Mal me reconhecia ao me olhar no espelho. O homem refletido ali havia rejuvenescido milagrosamente. Eu sentia falta da magia, mas surpreendentemente, ficar sem ela havia me feito um bem enorme. Meus olhos reluziam vida. Meu rosto estava mais corado – e não pela febre! Meus cabelos brilhavam como ouro derretido no sol.
Eu agora tinha permissão de caminhar pelo belíssimo jardim dos fundos do hospital, o que me dera mais ânimo e vitalidade.
Ter meus queridos filhos por perto havia feito toda a diferença. Após discutir brevemente com Astoria, havia decidido deixar Scorpius ficar por mais algum tempo conosco. O fato de ele estar perdendo tantas aulas em Hogwarts não me agradava nem um pouco, mas não pude dizer não a ele quando o chantagista me abraçou e me olhou com cara de filhote perdido.
Além disso, Scorpius havia gostado tanto da ideia de ganhar novos irmãos que queria curtir um pouco ao lado deles. Alfred, sendo quem era, mantinha-se a uma distância segura de quem ele chamava 'mini-Malfoy', mas sempre que observava Angel e Scorpius brincando vinha-lhe um brilho diferente no olhar, e um desejo de que ele pudesse deixar as reservas de lado e se juntar aos dois.
A paz que experimentava era realmente bizarra, para dizer o mínimo. Minha mãe entrara em contato diversas vezes para saber como eu estava, e sempre me dizia para não me preocupar com a teimosia de meu pai.
Nossas conversas me deram a entender que ela não sabia nada sobre meus sentimentos por Harry. Não sabia se ficava apreensivo ou aliviado. Será que ela ficaria ao meu lado quando soubesse que Lucius estava zangado não só por causa de Angel e Alfred, mas também porque eu me entregara de corpo e alma – literalmente – a Harry Potter? E ainda por cima fora passado pra trás?
Ao pensar em Harry, uma onda de mau-humor ameaçou tomar conta do meu ser. Respirei fundo para que ela passasse. Não valia a pena pensar no desgraçado. Não enquanto tinha a companhia de minha família.
Quando a noite chegasse e eu me visse sozinho no quarto, os pensamentos sombrios inevitavelmente encheriam minha cabeça de ideias perversas e de como eu gostaria de me vingar de Harry. Mas não agora. Não quando Angel ria tão abertamente de algo que Scorpius dissera sobre suas aventuras em Hogwarts, e Alfred fingia – muito mal, diga-se de passagem – não se importar nem um pouco com a vida escolar que ele não experimentara. Ainda.
- Espere um pouco. – interrompi a algazarra infantil quando finalmente prestei atenção no que Scorpius dissera. – Quer dizer que foi até a Floresta Proibida? Quando eu lhe proibi expressamente que entrasse lá?
Senti o sangue ferver. Era bom parar de pensar no maldito Harry Potter e me concentrar no que Scorpius andara aprontando em Hogwarts. Para a minha consternação, ele apenas sorriu docemente. Alfred deu um sorrisinho. Angel ficou sério. Parecia tentar entender a minha súbita mudança de humor.
- Eu já falei, pai. Não foi porque eu quis. – Scorpius se explicou usando o mesmo tom de voz inocente que Astória costumava usar comigo quando queria me acalmar. – Todo mundo teve que entrar na Floresta Proibida. Era aula de Trato de Criaturas Mágicas. Além disso, o Professor Hagrid estava com a gente.
O meio-gigante continuava a lecionar em Hogwarts? Fiz uma careta de horror. Astória teve a audácia de rir, mas logo se controlou quando lhe lancei um olhar sombrio. O pior era ver o respeito no rosto do meu filho quando ele se referira ao Professor Hagrid.
- Draco... – Astória disse com uma leve repreensão na voz.
- Já sei! Outros tempos... – resmunguei. – Mas Floresta Proibida com o pateta do...
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Draco Malfoy
RomanceDraco Malfoy luta contra os fantasmas da sua vida. Um deles é Harry Potter.