Capítulo 19

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Incrível como algo tão intenso quanto à noite passada possa simplesmente ser ignorada à luz de um novo dia. Não culpava Harry. Minhas emoções estavam num turbilhão. Imagino que as dele também. Decidimos, por um silencioso acordo, não falar sobre o que estava se passando conosco. O dia já seria por demais conturbado.

Partimos no carro de Harry com um guia no banco de trás. Eu ficara sabendo naquela manhã que Amin sabia da missão de Harry e faria o possível para ajudá-lo. Deixar um livro como aquele nas mãos de Harry Potter parecia deixar o velho árabe mais aliviado. Sua tribo vinha protegendo a localização do mesmo por tempo demais. Livrar-se daquela responsabilidade era uma benção.

Seguimos com o carro pelo deserto, e sua paisagem hipnótica me deixou com sono. Minhas pálpebras se fecharam como se fossem feitas de chumbo, e adormeci. Acordei com Harry chacoalhando meu ombro. Seus olhos de lince me fitaram apreensivos. Pisquei, me estiquei todo e sorri.

- Estou bem. – assegurei. – Onde estamos?

Olhei ao redor e só vi areia. O sol estava a pino, e imaginei que fosse perto do meio-dia. Viajáramos por pelo menos 3 horas.

- No meio do nada. – ele respondeu.

Franzi o cenho. Reparei então que estávamos sozinhos. Nosso guia havia desaparecido. Percebendo minha inquietação, Harry disse:

- Yosef já cumpriu sua missão. Só o que tinha a fazer era nos guiar até os portais do imperador Akhenaton. Ele aparatou de volta para a vila. Estamos por nossa conta e sorte agora.

Olhei novamente para o nada a minha frente e me perguntei se os tais portais estariam protegidos por magia e por isso não conseguia enxergá-los. Harry novamente se adiantou antes que eu perguntasse qualquer coisa.

- Os portais ficaram para trás há pelo menos uns... – ele olhou para o relógio. – vinte minutos.

- E o que devemos fazer agora?

Ele recostou a cabeça no banco do motorista e me encarou. Sempre que os olhos verdes me olhavam de forma tão direta e intensa, sentia meu corpo reagir imediatamente. Não era hora para fantasias, mas minha mente tinha vontade própria. Imediatamente me lembrei do corpo de Harry sobre o meu, das mãos fortes me acariciando, de seu beijo carinhoso e arrebatador.

Ouvi-o resmungar algo.

- O que foi? – perguntei.

- Não me olhe dessa forma. – ele disse.

Ergui uma sobrancelha.

- E de que forma exatamente...

Ele me calou com um beijo súbito. Meu cérebro virou gelatina. Agarrei-me a ele e retribui na mesma moeda. Harry se afastou depressa.

- Dessa forma. Não é hora.

Saiu do carro antes que eu pudesse dizer qualquer coisa. Soltei um palavrão de frustração e o segui.

Longe da temperatura agradável do ar-condicionado do carro, finalmente senti na pele o calor insuportável do deserto. Não sei por que, mas não me lembrava de ter sentido tanto calor no Cairo ou na vila de Abdala. Senti gotas de suor percorrer meu corpo de imediato.

- Aquecimento global. – Harry me explicou. – Faz muito mais calor agora do que há vinte anos.

Ah, sim. Um presentinho dos trouxas para o meio-ambiente mundial. Já houve muitas desgraças naturais por conta do famoso aquecimento global. Os bruxos ajudavam os trouxas naquela área da melhor forma que podiam. Magia não podia consertar tudo.

Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora