Capítulo 15

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Agasalhei-me o máximo que pude, e com uma pequena mala e as palavras de preocupação de Astoria ainda na minha cabeça, parti para a estação trouxa de Saint Pancras no dia seguinte. 31 de outubro. Tentei não pensar no que a data representava. Ao contrário dos trouxas, eu sabia que muitas coisas que aconteciam naquela data não eram superstições tolas. Mesmo assim, resolvi me arriscar.

Eu poderia tentar Aparatar até Paris, mas não confiava nos meus níveis mágicos. Aviões, embora mais rápidos, me deixavam apavorado. Preferia muito mais uma vassoura, mas era uma viagem deveras longa para se usar uma. Há uma grande ironia entre preferir uma vassoura a um avião, mas não estava muito a fim de analisá-la no momento.

Estava nervoso. Era a primeira vez depois de muitos anos que me aventurava fora da Grã-Bretanha sozinho e sem uso algum de magia. Só relaxei um pouco quando já me encontrava sentado na minha poltrona, pronto para partir. Minha antiga varinha estava segura no bolso interno do meu casaco Armani. Minha segunda varinha estava na mala para o caso de uma emergência. Um sorriso amargo escapou de meus lábios. O número de varinhas não importava já que usá-las no meu estado seria loucura. O efeito psicológico de tê-las comigo, porém, era reconfortante.

Fechei os olhos e recostei-me na poltrona. Sair da Mansão não havia sido nada difícil, o que me deixara com a pulga atrás da orelha. Eu só esperava que Gray e Sinclair estivessem mesmo tomando conta da minha família.

O aviso de partida soou nos alto falantes. Ouvira dizer que esse trem em particular era controlado por um computador e não mais por trouxas. Um frio percorreu minha espinha ao imaginar que minha vida estava nas mãos de uma máquina. Mas eu tinha que confiar nos trouxas. Afinal de contas, aquele trem vinha fazendo aquela mesma rota há anos sem problema algum.

O único problema poderia advir de mãos bruxas, mas eu tomara precauções antes de sair da Mansão. Estava vestido com o melhor da alfaiataria trouxa, e minha marca registrada, meus cabelos dourados, estavam tingidos de preto. Ao contrário dos outros bruxos, eu sabia me disfarçar muito bem de trouxa. Um trouxa rico e sofisticado. Sorri.

O trem começou a se mover e a porta do compartimento onde eu estava sozinho se abriu. Um perfume suave, mas extremamente masculino, me inebriou. Abri os olhos e me deparei com os orbes verde-esmeralda de Harry me encarando com desagrado. Tentei conter meu sorriso de triunfo, mas não consegui.

Harry Potter era a única pessoa que eu esperava que fosse me seguir com sucesso, e ali estava ele. Missão cumprida.

- Isso é o oposto de 'comporte-se', Malfoy. – ele disse, sentando-se ao meu lado.

- Não sabia que havia sido uma ordem. – retruquei tentando não deixar transparecer minha alegria por tê-lo ao meu lado naquela viagem.

Harry deu um longo suspiro.

- Tudo o que sai da minha boca é uma ordem, Malfoy. Aprenda isso de uma vez por todas. – ele disse acidamente.

Lá estava o tom de Auror Chefe de novo, aquele que me excitava tanto quanto me deixava furioso.

Propositalmente, cheguei mais perto de seu corpo, deleitando-me com o seu calor. Não sabia de onde vinha minha coragem, mas de repente eu não estava a fim de me comportar e sim de quebrar regras. Afinal de contas, eu conseguira realizar o meu maior sonho: dormir com Harry. Eu tinha aquela vitória sobre ele. O resto não importava.

Harry me olhou entre divertido e zangado. Ele parecia saber exatamente o que se passava na minha cabeça.

- Você me deixou irritado, Potter. Não sou uma criança. – murmurei.

Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora