Capítulo 21

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A sensação de calma me era estranha, mas não a sensação de que meu corpo parecia sido surrado por uma saraivada de Balaços. Abri os olhos lentamente. Minhas pálpebras pareciam feitas de chumbos. O cheiro de anti-séptico e a cama onde eu estava deitado me fizeram sorrir, mesmo que fracamente. Eu estava de volta a St Mungus. Senti uma mão delicada pegar na minha e apertá-la de leve.

- Draco. – ouvi a voz sempre doce de Astoria me chamar.

Tentei abrir a boca, mas minha garganta seca recusou-se a cooperar comigo, portanto apenas apertei-lhe a mão. Astoria quase se debulhou em lágrimas.

- Você finalmente acordou! – ela exclamou aliviada. – Vou chamar o Dr. Rupert!

Com um movimento de varinha ela acionou um botão ao lado da cama. Imediatamente uma equipe de curandeiros adentrou o aposento, e senti-me como um rato de laboratório. Perguntas foram feitas sobre o meu bem-estar e várias varinhas escanearam meu corpo. Pedi água, que me foi dada prontamente. Senti um alívio tremendo quando o liquido gelado desceu pela minha garganta.

Finalmente, minha voz saiu:

- Obrigado.

Depois de algum tempo, a procissão de curandeiros saiu do quarto para continuar a fazer mais exames no laboratório. O único que ficou foi Dr. Rupert, meu curandeiro favorito, e Astoria, que se recusava a sair do meu lado. O velho curandeiro parecia tão cansado quanto eu, mas seus olhos verde-claros continuavam a irradiar lucidez e alerta.

- Há quanto tempo estou aqui? – perguntei.

- Há quase duas semanas. – respondeu o Dr. Rupert. – Nos deu um susto danado. Mas respondeu bem ao tratamento. Perdeu muito sangue, Sr. Malfoy, e a sua sorte foi ter o Sr. Potter por perto para ministrar os primeiros socorros com perfeição. Não sei o que vocês andaram aprontando, mas, por favor, evite nos dar esse tipo de trabalho no futuro.

À menção de Harry tudo o mais desapareceu da minha mente.

- E Harry? Como ele está? – perguntei aflito sem sequer me dar ao trabalho de esconder a minha preocupação. Definitivamente, o coma havia mexido com o meu juízo perfeito. Mas que se dane. Eu passara por muita coisa para me preocupar com isso agora.

O Dr. Rupert sorriu.

- O Sr. Potter está ótimo como sempre. Sofreu alguns machucados, mas nada muito sério. Eu bem que tentei fazê-lo tirar uns dias de folga, mas foi em vão. Ele nunca escuta ninguém mesmo...

Suspirei. Claro que Harry estava bem. Ele era, afinal de contas, o grande Auror-Chefe Harry Potter e não o inútil Draco Malfoy.

O silêncio se estendeu por um tempo, e minha mente se deixou enveredar por caminhos um tanto obscuros. Harry me salvara, mas aquilo não significava nada. Será que ele viera me visitar enquanto estive desacordado? Será que se preocupara comigo? Será que...

- Sr. Malfoy, precisamos conversar. – a voz do Dr. Rupert me tirou dos meus devaneios funestos.

Olhei para ele e não gostei nada da sua expressão séria e ligeiramente sombria. Era óbvio que ele não tinha boas notícias. Gelei. Meus olhos procuraram pelos de Astoria, que corajosamente os manteve fixos em mim. Ela sorriu, mas seu sorriso não disfarçou sua preocupação.

- O que foi? – perguntei.

- Aparentemente você está se recuperando muito bem. Porém...

Sempre havia um porém. Senti uma onda de pânico me invadir. Logo começaria a hiperventilar.

- Bem, não há uma maneira mais gentil de lhe dizer isso... O fato é que, no momento, seus níveis mágicos estão à zero. A boa notícia é que haverá um melhoramento significativo de sua saúde. Você voltará a ganhar peso e se sentirá mais forte. A má notícia, porém, é que não sabemos se e quando seus níveis de magia voltarão ao normal.

Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora