Acordei com a cabeça pesada e o mundo girando ao meu redor. Sorri, pensando que metaforicamente o mundo sempre havia girado ao meu redor. Minha tontura agora vinha apenas para confirmar aquele fato.
- Qual é a graça? – perguntou uma voz a meu lado.
Abri os olhos de vez. O mundo, porém, estava fora de foco. Virei a cabeça de leve mesmo assim. Senti um enjôo tremendo. Vi a silhueta borrada de Harry sentado em uma cadeira de hospital desconfortável. Que ótimo. Eu estava em St. Mungus.
- Sabe onde está? – ele perguntou, caminhando até mim.
Interessante. Harry estava preocupado com o meu bem estar? Sorri novamente. Pude ver que ele estava um tanto confuso e irritado.
- Malfoy, você está bem? Será que as drogas foram fortes demais?
Quis rir. Antes que eu dissesse algo, porém, escutei a voz de Astoria ao fundo.
- Ele acordou? Como ele está?
Fiz uma careta. Tudo o que eu não queria era Astoria e Harry no mesmo aposento. Astoria sabia demais. Tinha medo de que ela deixasse escapar alguma coisa para Harry. Era pouco provável dada a sua natureza tão discreta, mas era melhor prevenir.
- Acho que ele está com um parafuso a menos. Ah, espere, ele sempre foi assim... – disse Harry com um sorriso escarninho.
- Hahaha, Potter. – disse numa voz tão rouca que nem parecia minha.
- Vou chamar o curandeiro. – disse Astoria.
- Não precisa... – tentei dizer.
Mas ela já havia deixado o quarto. O mundo começava a entrar em foco. Vi com grande nitidez o olhar zangado de Harry. Estremeci de leve.
- O que foi agora?
- Como Auror Chefe, é meu dever informá-lo de que está preso por ter me atacado. – ele começou. Fiz uma careta. – Infelizmente, sua mulher já pagou a fiança. Deve, no entanto, comparecer ao tribunal bruxo na data marcada para responder à acusação de n. 138. Vou recomendar ao tribunal que lhe sentencie à prisão domiciliar.
- Isso é alguma piada? – perguntei. Prisão Domiciliar? Como se eu saísse muito de casa. – Ah, entendi... Quer com isso evitar que eu vá atrás de você na sua procura pelo Livro dos Mortos.
Harry suspirou e fechou o cenho. Não sei por que estava tão zangado. Nenhum dos meus feitiços havia lhe afetado em nada. Tudo o que eu conseguira fazer com meu ataque de nervos fora danificar antigos pergaminhos de família... Algo que meu pai me mataria se soubesse.
- Não é piada, Malfoy. Sua mulher me contou que seu curandeiro o proibiu de usar magia pesada. Não sabe que pode drenar todas as suas forças de tal forma que nunca mais venha a se recuperar? Pode perder toda a sua magia!
Ah, eu sabia muito bem daquilo. Evitava pensar nisso, era verdade. Eu vinha perdendo meus poderes há muito tempo. Ninguém realmente sabia por quê. Eu tinha uma teoria. Meu psiquiatra também. Naquele momento, contudo, não estava muito a fim de análises.
- Foi culpa minha? – ele perguntou quase me fazendo ter um ataque do coração. – Foi porque eu tirei sua varinha de você há tanto tempo? Por um acaso ficou traumatizado? Eu ainda a tenho. Posso devolvê-la. Ou eu posso deixar você simplesmente a tomar de volta se isso for ajudar de alguma forma.
Harry Potter sendo tão solícito não era nada comum. Na verdade, era meio que horripilante. Por um instante, imaginei se não estava dormindo, ou se os remédios estavam me fazendo alucinar.
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Draco Malfoy
RomansaDraco Malfoy luta contra os fantasmas da sua vida. Um deles é Harry Potter.