Epílogo

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A sinfonia da minha vida estava finalmente terminada. O suor escorria do meu rosto, e meu corpo tremia, mas eu nem me importei. Eu nem podia acreditar. Realmente estava terminada. Depois de tantos anos. Um transe tomou conta de mim assim que me levantei naquela manhã, e não deixei o piano enquanto minha alma não se acalmou. Horas depois eu estava exausto, mas feliz. A melodia que começara como um réquiem finalizava-se como um sopro de esperança.

Sorri. Uma mão forte acariciou meus cabelos, depois me puxou do banco e me tascou um beijo apaixonado. Seus braços me enlaçaram a cintura e meu corpo se alinhou ao dele com perfeição. Como sempre acontecia quando estava com ele, me deixei levar. Sua língua quente, possessiva, encontrou a minha. Mordisquei sua boca, seu queixo, seu pescoço. Ouvi-o gemer. Ou será que fui eu? Quem estava se importando?

- Bom dia, Senhor Malfoy. – Harry sussurrou entre um beijo e outro.

- Bom dia, Senhor Potter. – revidei, mordiscando seu lábio inferior.

Seus dedos acariciaram um mamilo, e logo sua língua substituiu os mesmos. Afundei minhas mãos na bagunça de seus densos cabelos negros.

Os cabelos de Harry ficavam ainda mais rebeldes pela manhã, um detalhe que me deixava não só louco de desejo, mas que me fazia amá-lo ainda mais. Minhas manhãs se resumiam a Harry Potter acordando ao meu lado, os olhos verdes ainda cheios de sono, a boca que aos poucos se entreabria em um sorriso quando ele me olhava, as mãos que me procuravam e me puxavam para mais perto... Então ele beijava meu rosto, sempre dizendo que seu hálito pela manhã era terrível demais, e se espreguiçava para o deleite dos meus olhos, seu corpo esticando-se como uma pantera. Eu passeava meus olhos por cada detalhe daquele corpo delicioso, e parava sempre nos seus cabelos desarrumados, grande parte por minha causa. Ele sempre me pegava olhando-o, e sorria pra mim sabendo exatamente o que eu estava pensando. Levantando-se da cama com um olhar mais do que sacana, praticamente desfilava até o banheiro, nu. Depois me convidava para se juntar a ele no banho, convite que nunca lhe era negado.

Mas nessa manhã eu havia mudado nossa rotina, porque meus dedos ansiavam pelas teclas do piano.

A diferença dessa manhã para todas as outras era única: Harry e eu agora morávamos juntos para valer. Não ficaríamos mais separados, nem nos deslocando entre a Mansão e o seu pequeno apartamento de Londres. Agora tínhamos nosso próprio canto. Não fora uma decisão difícil de ser tomada, mas demorara seis meses para ser posta em prática.

Tantas coisas haviam acontecido nesse meio tempo. Astória se mudara para Hogsmeade com os meninos e sua loja fazia o maior sucesso. Scorpius até fingia que não, mas a verdade era que adorava ter a mãe mais perto.

Angel levara com ele meus fiéis mosqueteiros, e a cidade inteira de Hogsmeade já conhecia o pequeno e seus quatro amigos peludos pelas peripécias que praticavam. Alfred continuava com suas aulas, e logo começaria a estudar em Hogwarts. Incrível como seus talentos mágicos haviam aflorado com os tutores certos.

Harry e eu finalmente havíamos contado a verdade a nossos filhos, com resultados variados.

Scorpius havia ficado ressabiado, mas como admirava Harry, em pouco tempo passara a trata-lo como um segundo pai. Angel também achara a ideia de ter dois pais divertida, e Harry o mimava tanto que às vezes eu tinha que ralhar com ele. Porém, quem conseguia conhecer Angel e não cobri-lo de mimos?

Alfred, cada vez mais Malfoy, fizera comentários bastante engraçadinhos quando soubera da verdade, mas aceitara meu relacionamento com Harry sem preconceitos. Aliás, percebia nele certa curiosidade a respeito de nossa vida juntos, e sabia que logo teríamos que ter uma conversa franca sobre sexualidade.

Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora