Capítulo 9

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No cair da noite já não me sentia assim tão vitorioso. Mas a reação de Harry me perturbou o sono, e eu tive dificuldades para adormecer até mesmo tomando poção.

A manhã seguinte me encontrou mais disposto, porém, e cheio de ideias na cabeça.

Astoria e eu conversamos com os meninos sobre nossas intenções. Os olhos incrivelmente verdes de Angel brilharam com intensidade conforme ele nos escutava. Alfred, contudo, parecia mais reticente. Pudera. Era adolescente. Confiar em adultos que até há pouco tempo lhe eram completos estranhos não devia ser nada fácil. Além disso, eu havia sido um ex-Comensal.

Deixei que os dois pensassem no assunto. Para Angel, as coisas já estavam decididas. Ele abraçou Astoria com força. Minha esposa quase se debulhou em lágrimas. Alfred não seria assim tão fácil. Seria preciso provar a ele que queríamos ajudar a ambos.

O próximo passo seria falar com meus pais e contar-lhes as novidades. Decidi pular essa etapa, pelo menos por enquanto. Não estava a fim de receber um furioso Lucius na Mansão, mandando-me tomar juízo e parar de bancar o 'bonzinho'. Seria muito para a minha cabeça.

A reação da minha mãe também não seria muito diferente, eu imaginava. Basicamente, era um assunto por demais complicado.

Não havia tempo a perder, contudo. Saí à procura de três elfos domésticos. Havia algo a ser feito imediatamente. Na noite anterior, enquanto me revirava na cama lutando contra meus medos, havia tido a ideia de revirar as coisas de meu avô. Correspondências e livros antigos que estavam armazenados em uma Câmara Secreta na Biblioteca. Não que o Esquadrão dos Aurores não houvesse descoberto o local antes. Eles haviam dado uma boa revirada na Mansão, e confiscado grande parte das coleções antigas da família. Uma grande injustiça na minha modesta opinião.

Ao menos eles haviam deixado as coisas mais pessoais em paz. Como as antigas correspondências de família, e a maioria dos livros raros de meu avô, alguns de magia negra. Divertia-me pensar na reação de Harry ao descobrir que um dos Aurores que estiveram em casa – Auror esse agora aposentado – fora devidamente remunerado para deixar alguns itens para trás.

Entrar na Câmara não foi fácil. Não pelos feitiços que a protegiam. Eu os conhecia bem, e sabia como desfazê-los. O problema era a poeira, coisa que nem magia parecia dar mais conta. Olhei para Cisne, nossa principal elfo doméstica, com uma carranca. Ela abaixou as orelhas e olhou para o chão.

Antes que alguém mande chamar o Esquadrão Hermione Granger Weasley de proteção aos Elfos Domésticos, saibam que eu era muito justo para com os meus. Contra a vontade de Lucius, eu lhes dava um salário e dias de folgas. As pequenas criaturas tinham até mesmo férias! E para ser honesto, sentia certa afeição por Cisne, a elfo doméstica que viera com Astoria depois do nosso casamento. Astoria a adorava e vice-versa. Cisne era leal ao extremo. Tenho certeza de que trabalharia para nós nos termos antigos. Uma verdadeira jóia. E tinha autoridade perante os outros. E eu, bem, já não era tão sem coração. Embora tivesse seguido os passos de meu pai grande parte da vida, e tratado os elfos domésticos com desdém, agora sabia o quanto estava errado. Mas só admitiria aquilo sob tortura.

Expliquei a eles o que queria. Começamos nossa árdua tarefa: separar qualquer livro ou correspondência que mencionasse o Livro dos Mortos. Passei praticamente a tarde toda ali, lendo cartas deveras interessantes, algumas até perigosas. Um livro tentou morder um dos elfos. O outro deu um berro tão alto que Aurores apareceram na biblioteca imediatamente com as varinhas em punho. Suspirei e mandei que um dos elfos fosse desfazer o mal entendido.

Não deu muito certo. O Auror baixinho e atarracado de quem nunca conseguia me lembrar o nome, tentou entrar na Câmara sem sucesso. Ouvi resmungos, mas me recusei a deixá-lo entrar. O homem esperneou, conversou com os outros, e finalmente deixou a biblioteca.

Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora