Capítulo 7

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Harry não apareceu no dia seguinte, mas a segurança ao redor da Mansão aumentou. Agora quatro Aurores ficavam do lado de fora observando qualquer anomalia. Meus cachorros ficaram agitados, mas consegui contê-los. O número de feitiços protetores também aumentou.

Astoria não disse nada, como sempre. E nos dias que se seguiram, ela cumpriu seu papel de mãe substituta. Quem a visse cuidando de Angel não diria nunca que ele não era seu filho, tal o carinho que tinha pelo menino. Até Alfred melhorou um pouco. Ainda se zangava facilmente, e soltava farpas aqui e ali, mas com Astoria ele era um cavalheiro.

Quanto a mim, não sabia o que sentir. Achei que veria Harry com mais freqüência. Enganei-me completamente. Ele entrava em contato com seus agentes, pedia notícias e mandava recados. Não falava nunca diretamente comigo, para a minha irritação. Fiquei com raiva. E piorei.

Queria Harry de volta. Mesmo que fosse por alguns minutos. Eu precisava dele como precisava do ar para respirar, se não mais, pois sem Harry por perto, respirar doía.

No quinto dia tive uma surpresa agradável. Estava no meu quarto lambendo minhas feridas quando Angel entrou. Quis ralhar com ele, mas seus olhos verdes me encantaram como um poderoso feitiço. Vi-me sem condições de lhe dizer não, de mandá-lo embora. Ele veio até mim com um ar ressabiado, e abriu um sorriso enorme quando nossos olhos se encontraram. Meu coração gelado subitamente se aqueceu. Eu sorri de volta involuntariamente. Era impossível não fazê-lo. Entendi então a fascinação que Astoria tinha por ele, e porque ela insistia em me contar o que ele fazia todos os dias mesmo quando eu não queria escutar.

Angel foi um bálsamo mais do que bem-vindo.

- Tudo bem? – ele perguntou docemente.

Embora mentindo, fiz que sim com a cabeça.

- E você? – perguntei.

Ele também fez um sinal positivo com a cabeça, e covinhas surgiram em seu rosto quando ele sorriu de novo.

Não voltamos a falar por algum tempo. Ele não pareceu irritado ou agitado, e curiosamente, nem eu. Era o tipo de silêncio que eu gostava de compartilhar com Astoria. Não era de todo ruim. A companhia apenas me bastava. Angel pareceu entender. Tê-lo por perto me deixou estranhamente calmo, e senti minha alma menos pesada.

Ele enfiou as mãos pequenas nas vestes novas e me entregou uma foto um tanto amassada. Nela uma mulher de uns vinte e poucos anos sorria e acenava para quem quer que estivesse do outro lado da máquina fotográfica. A boca, o nariz, o sorriso e os cabelos castanhos eram exatamente como os de Angel. Só os olhos eram parecidos com Alfred. Estava diante da mãe dos garotos.

- É sua mãe? – perguntei. Quando obtive uma resposta afirmativa, continuei: - Ela era muito bonita. Você se parece com ela.

Ele sorriu.

- Ela morreu.

Assim como meu súbito sorriso.

- É, eu sei...

Meu coração se partiu em vários pedaços. Tive vontade de pegá-lo nos braços, mas tive medo de ser rechaçado.

- Qual era o nome dela? – perguntei.

- Melissa.

Finalmente tínhamos um nome. Não achei prudente perguntar pelo sobrenome. O garoto era pequeno demais, e eu não queria enchê-lo de perguntas.

- É um nome bonito.

- É.

Deve vez não resisti e o puxei para um abraço. Angel deixou-se abraçar apenas. Era tão pequeno e frágil, e imaginei Scorpius com a mesma idade, mas sem a proteção da Mansão e o mimo dos avós, sozinho, aos farrapos e faminto. Senti uma angústia sem tamanho, e quis correr até Hogwarts para vê-lo.

Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora