Capítulo 1

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Lili Reinhart

Dias atuais

E não é que eu me saí bem mal como um cupido? Quem diria! Talvez o meu erro fosse tentar justiçar os amores não correspondidos e isso acabava fazendo com que eu criasse um mar de corações quebrados. Eu deveria ser o anjo das ilusões amorosas, caso o cargo existisse.

Foram exatamente sessenta e três tarefas falhas. E mesmo que Klaus se negasse a admitir, eu tinha certeza de que ele estava pensando em como me enfiar em um daqueles cubículos com os termômetros, os anjos do clima. Eu ainda tinha mais trinta e sete chances e não podia desistir assim, apesar do desânimo.

— Vai, fala logo! — eu gritei para o monitor enquanto caminhava de um lado para o outro da sala.

Sarah Grace estava tendo o seu quinto encontro com o terceiro homem em quem eu dei uma flechada. Ele a estava deixando em casa e eles tinham acabado de dar um beijo de boa noite. Tudo o que ela precisava fazer era convida-lo para entrar e elevar a relação para um outro nível.

Você quer...

— Isso, fala! — implorei.

Desculpe, Sarah. Acho que devíamos ver outras pessoas.

— O que? Não! Não! Não! — bati em minha mesa com força.

E mais uma vez a cena se repetia. O flechado terminava tudo e o meu humano acabaria a noite chorando e se perguntando qual o sentido da vida.

Fervilhei de raiva quando a notificação "status atual: incompatíveis" apareceu na parte de cima da tela. Agora era a hora mais chata: cuidar do relatório detalhado e encaminhar Sarah Grace para outro cupido. Eu odiava a parte da burocracia.

Depois de relatar os meus erros e passar a minha humana para outro, eu merecia relaxar um pouco e para isso eu fui até a área de recreação do céu, um espaço criado para os anjos descarregarem as energias e espairecerem um pouco depois de trabalharem tanto. Era um lugar que mais parecia um bar, mas sem a bebida alcoólica, o que foi terrível para mim nos primeiros dias, até eu começar a me acostumar com o suco celestial que eles serviam.

Quando entrei, avistei Klaus ao balcão tomando um drink daquela coisa indescritível.

— Dia difícil? — ele perguntou quando eu sentei no banco ao seu lado.

— Falhei com a Sarah Grace também. — bufei. — E lá se vai a tarefa sessenta e quatro.

— Sabe, Lili, eu gosto de você. Não gostei no início, mas você se mostrou bem parecida comigo. Eu também não tenho muita paciência.

— E você costumava negar esse seu lado. — ri.

— De fato. — concordou. — E por gostar de você, eu quero te oferecer um update.

— Como assim?

— Não ofereço isso para todos os anjos e a maioria não aceita, mas é algo que realmente pode dar certo. Você pode descer até a Terra e ajudar o seu próximo humano pessoalmente, como se você fosse só uma amiga aconselhadora. Mais eficaz do que só observar e dar flechadas, uh? Você pode literalmente sussurrar no ouvido do seu humano.

— Isso parece ótimo. Eu gostaria de fazer isso.

— Tem um preço.

— Claro, nada que é bom vem de graça aqui. — revirei os olhos.

— Você vai ter que abdicar de todas as suas outras trinta e tantas tarefas, além de perder o direito ao cargo de anjo do clima. Se falhar com o humano na Terra, voltará aos céus direto para o limbo. Sem trabalho, sem reencarnação.

Estúpido Cupido ˢᵖʳᵒᵘˢᵉʰᵃʳᵗOnde histórias criam vida. Descubra agora