Blair Maybank (1 e 2 temporadas)

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PENÚLTIMO CAPÍTULO

POV RAFE 

- Ele disse que ela estava no farol - Blair fala estacionando o carro em frente ao local, que parece estar vazio - mas não tem ninguém aqui.

- Só se ela estiver lá em cima - falo olhando para o alto - o senhor Higgins deve estar aqui, ele pode ter visto ela - falo abrindo a porta, completamente trêmulo e nervoso com o que vou encontrar.

- O JJ disse que o Pope, a Kie e o John B saíram para procurar a Lua - Blair fala de repente - eu liguei para eles avisando que ela está aqui, eles podem estar chegando a qualquer momento... acho que é melhor esperarmos eles. 

- Blair, já estamos aqui - falo entrelaçando nossos dedos - estamos tão perto, ela está em algum lugar desse farol.

- Mas eu estou com medo de ela estar... - Blair fala chorosa, mas eu a interrompo.

- Não fala isso - aperto sua mão com leveza - ela está bem, está viva. Você acha que o Barry não teria falado se ela estivesse morta? Não acha que ele mostraria fotos e falaria como matou ela? - respiro fundo, tentando não imaginar a cena da minha menininha nessa situação. - Vamos. Ela está bem. 

Blair concorda com a cabeça e andamos juntos em direção a entrada do farol, que parece estar vazia.

- Senhor Higgins? - pergunto entrando no lugar, me deparando com a escadaria que da para o topo.

- Ele deve estar lá em cima - Blair fala em voz baixa, pegando sua arma e subindo as escadas na minha frente. 

Subimos em silêncio e com muito cuidado, chegando ao topo do lugar, vendo que sim, o Senhor Higgins está aqui, sentado, olhando para o mar.

- Senhor? - Blair fala devagar, andando na direção do homem, que se vira para trás assustado. 

- Boa noite - ele franze o cenho - O que vocês estão fazendo aqui? - ele me olha - Senhor Cameron? 

- Boa noite - falo forçando um sorriso e percebo Blair guardar sua arma no cós da calça. - Você viu uma menininha? Loira, parecida com ela? - pergunto e vejo e senhor Higgins se levantar e virar as costas para mim, entrando no local onde ele parece dormir.

Quando eu e Blair entramos e olhamos pelo local, vemos Lua adormecida no canto, encostada na parede e coberta com um casaco grande.

- É ela... - Blair se aproxima de Lua, que ainda está adormecida e eu a sigo, me sentando naquele chão sujo.

- Filha - Blair a sacode devagar - Lua...

- Acorda, amor - falo vendo a menininha abrir os olhos - Oi, filha.

- Papai? - ela fala e arregala os olhos, parecendo assustada.

- Ei... não precisa se preocupar - Blair a pega no colo e a abraça forte - Está tudo bem, a mamãe está aqui, a mamãe está sempre aqui, filha. 

- Eu tinha saído e um moço me pegou - ela fala chorosa.

- Ele não vai mais te incomodar, tá? - falo afagando os cabelos da minha filha - Você está segura, filha, eu prometo. A área está limpa para você crescer uma Cameron Maybank em paz.

Olho para Blair, que ainda está agarrada a Lua como se fosse o último momento das duas na terra, e vendo isso, me agarro as minhas meninas, apertando-as e sentindo seus cheiros. Eu poderia ficar aqui para sempre, sentindo meu corpo relaxar e vendo minha filha viva e segura. Estamos todos vivos e seguros.

- Obrigada por cuidar dela, senhor - falo saindo do abraço e enxugo uma lágrima que escorreu pela minha bochecha.

- Um homem havia deixado ela aqui mais cedo, disse que ela havia sido abandonada - ele fala nos analisando enquanto Blair está abraçada a Lua - ele me deu um dinheiro para cuidar dela e disse que mais tarde voltaria para buscá-la. Ela dormiu o dia todo.

- Esse homem tinha cabelos pretos? Mais ou menos na altura do ombro?

- Sim.

- Ele havia sequestrado a minha filha - falo acariciando os cabelos de Lua, que ainda está agarrada a Blair.

- Eu não acredito... ele parecia um homem tão bom - ele nega com a cabeça - se resolveram com ele?

- Demos um jeito dele - Blair engole seco - nada existe nada no mundo que a gente não consiga resolver - ela fala sorrindo sem os dentes.

- Realmente não existe - passo o braço por cima de seus ombros.

- Você é a menina Maybank - senhor Higgins olha para Blair, que concorda com a cabeça sorrindo - uau... me lembro de você, seu irmão e o Routledge pequenos, vocês corriam por aqui, subiam no meu farol e faziam uma bagunça.

- É verdade - Blair abaixa o olhar sorrindo - me lembro de algumas broncas que levei do senhor. 

- Também me lembro, mas o senhor também não foge disso, senhor Cameron - ele aponta para mim com humor - me lembro de tirar você, o Topper e sua irmãzinha daqui algumas vezes. Lembro de ter cuidado dos ferimentos da Sarah quando ela caiu da escada... vocês eram crianças atentadas.

- Éramos - falo em meio a uma risada.

- Como estão todos? - ele pergunta sorrindo - Porque pelo que eu estou percebendo, vocês são belos adultos e essa menininha aqui parece ser filha de vocês. Uma Maybank e um Cameron se casando... uma criança com esse sobrenome. Terei que trancar esse farol - ele ri. 

- Estamos bem, todos construindo suas famílias. - falo carinhoso - No final, acabamos todos unidos. 

- Essa separação de kooks e pogues já deveria ter acabado muito antes - ele estala a língua - isso é apenas uma desculpa para ricos ficarem mais ricos e pobres ficarem mais pobres.

Olho para Blair, que me olha sorrindo, sabendo que essa separação kook e pogue ainda existe, mas não para nós.

Sabemos que esse foi nosso primeiro obstáculo, sabemos que essa separação quase fez com que nossa história não acontecesse, quase fez com que Blair fosse morta, quase fez com que eu ficasse na cadeia, quase fez com que o nosso amor não valesse de nada. 

Hoje, agora, voltando para a minha casa depois de agradecer ao senhor Higgins por cuidar da minha filha, me recordo das vezes que fui até o farol para brincar com Topper e Sarah, depois me recordo das vezes que vim até aqui para tentar ensinar Wheezie a andar de bicicleta, me lembro até de uma vez em que estava aqui com Sarah e Wheezie e vi JJ, John B e Blair se aproximando. 

Não tivemos brigas, apesar de ter aquela sensação enraizada de que nos odiávamos. Naquele dia, apenas me retirei com as minhas irmãs e permiti que JJ ficasse no lugar com John e Blair. 

Foi a primeira vez que reparei em como Blair era bonita, mas naquele dia no farol, não passou pela minha cabeça que eu estaria casado com ela anos depois. 

Quando paramos o carro na garagem no prédio, já de madrugada, olho para Blair, que ainda está abraçada com Lua no banco de trás, mas dessa vez, ambas estão adormecidas de forma assustadoramente parecidas. 

- Meninas - abro a porta traseira do veículo - chegamos em casa. 

Lua abre os olhos e estende os bracinhos na minha direção, fazendo com que eu a pegue no colo. 

- Mamãe - ela fala coçando os olhos - chegamos em casa. 

- Amor - deposito um beijo na bochecha de Blair, que ainda resmunga sonolenta. - vamos subir.

- Vamos - ela fala abrindo os olhos e sorrindo na minha direção - vamos sim. 

- Estamos em casa - falo entrelaçando nossos dedos enquanto seguro Lua com um braço - Nossa família está bem.