𝒄𝒂𝒑𝒊́𝒕𝒖𝒍𝒐 𝟖 - 𝒎𝒂𝒍 𝒂𝒈𝒓𝒂𝒅𝒆𝒄𝒊𝒅𝒂, 𝒉𝒆𝒊𝒏?

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Naomi's POV

Jeddah, Arábia Saudita.

Domingo: dia de corrida.

A claridade que entrava pela janela, mesmo que eu ainda não tivesse aberto os olhos, fazia a minha cabeça doer de um jeito tão incômodo que cobri o rosto com o cobertor branco e sedoso que estava sobre mim. Senti o aroma de amaciante que me invadiu o nariz e abri os olhos devagar, percebendo que não tinha o mesmo cheiro de sabão barato que vinha me cobrindo nas últimas duas noites.

"Ah, ok", pensei. "O Gui está hospedado no Rosewood".

Tentei abrir os olhos mais uma vez, mas uma segunda pontada fez com que eu os fechasse com força. Achando por bem continuar por ali, mesmo, tentei me lembrar de como havia chegado no quarto do meu primo - só que eu me lembrava tão pouco da noite passada. A imagem de Aya dizendo que estava cansada e queria ir embora foi a primeira memória falha que me atingiu. "Eu levo ela", Guilherme me falou quando viu que eu queria ficar mais um pouco. "Tá tarde pra ela voltar sozinha. Se quiser dormir aí, sobe pro meu quarto".

A próxima lembrança foi de um dos amigos dos meninos. Ele começou a dar ideia no momento em que meu primo saiu, e... Acho que a gente ficou. Eu fiquei com alguém, disso eu tinha certeza, porque eu me lembrava muito bem de ter ficado brava quando Drugovich me colocou para dentro do elevador perguntando se eu sabia onde era o quarto do Guilherme.

É isso, tudo explicado. Sem crise.

Tirei a coberta do rosto e grudei as costas no colchão, me espreguiçando até ser tarde demais para perceber que a cama já tinha acabado. Um milésimo de segundo depois e eu estava caída no chão igual merda. Quer dizer, não exatamente no chão.

- Ouch - uma voz sonolenta gritou abaixo de mim, fazendo com que eu arregalasse os olhos e encontrasse exatamente quem eu não queria ver deitado ali. Lucca abriu os olhos com o rosto contorcido a poucos centímetros do meu. - Porra. Me tira da minha cama, ronca a noite inteira e ainda cai em cima de mim.

- Que porra a gente fez? - Murmurei sem saber ao certo se queria ouvir a resposta, com as mãos espalmadas no peito nu abaixo de mim. Será que a pessoa com quem eu havia ficado era o... - Lucca, que porra a gente fez?!

- Nada. Você chegou e dormiu aí - ele respondeu, dando de ombros e batendo devagar no meu braço em um pedido silencioso para que eu saísse de cima dele.

Rolei para o lado, levando a coberta comigo - Lucca, no entanto, puxou um pedaço do pano para o próprio colo no mesmo segundo e arqueei uma sobrancelha, alternando o olhar indignado entre seu rosto e o volume que ele tentava esconder no meio das pernas.

- Não viaja - avisou -, não tem nada a ver com você. Acontece às vezes, é normal.

- O que aconteceu?

- Ereção matinal, não entendeu?

Balancei a cabeça em negativa rapidamente, tentando a todo custo me deixar alheia àquele fato à nossa frente.

- O que aconteceu ontem?

- Ah - ele coçou a nuca, sem graça pela resposta errada. - Você estava na festa, subiu pra ir pro quarto do seu primo e errou a porta. Não tinha como te tirar daí. Não rolou nada entre a gente, prometo - o garoto conteve o riso, continuando: - Apesar de você ter dito que não transa faz muito, muito tempo.

Franzi o cenho, ainda segurando a coberta junto ao peito. Nota mental: nunca mais fazer um esquenta antes da festa com bebidas de teor alcoólico desconhecido.

- E por que você não me tirou daqui?

- Uau - o rapaz levou uma das mãos até os olhos, esfregando-os -, não rolou nem um "obrigada". Mal agradecida, você, hein?

FLYING LAP [HIATUS E REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora