𝒄𝒂𝒑𝒊́𝒕𝒖𝒍𝒐 𝟒𝟔 - 𝒅𝒊𝒔𝒄𝒊𝒑𝒍𝒊𝒏𝒂

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Naomi's POV

Montreal, Canadá.

Sábado: dia de treinos livres.

Apertei o botão que chamaria o elevador até o térreo, pressionando uma perna contra a outra com tanta concentração que poderiam achar que eu estava apertada para usar o banheiro.

Bom, que achassem.

Seria uma saída mais digna que a realidade.

Não dava para notar a ausência da lingerie por baixo da saia do vestido - acredite, virei e me revirei na frente do espelho do banheiro várias vezes -, mas qualquer um poderia reparar em como eu puxava a roupa para baixo repetidas vezes. Ou o modo como eu saí correndo para dentro da cabine quando o elevador chegou ao meu andar, sem nem pensar no fato de que Guilherme estava hospedado no mesmo hotel que nós, e que muito provavelmente já havia voltado da Williams. E no risco iminente de ter que dar uma explicação fajuta por estar apertando o botão de um andar que não era o do meu quarto.

Batuquei os dedos no cartão do meu próprio quarto que eu havia pedido às pressas para a recepcionista e só então me dei conta de que nem havia pego meu celular da mesa da Snokeroo, onde Aya e Nyu ainda estavam sentados quando dei qualquer desculpa esfarrapada pela pressa. Merda. Só me restava torcer para que ela o trouxesse consigo.

- Odeio ele - murmurei repetindo pela vigésima vez desde que saí daquele bar dizendo a Aya que eu estava cansada demais para continuar ali. Como se, depois do sumiço de Lucca, ela tivesse acreditado. - Odeio, odeio, odeio.

E naquele momento, odiava mesmo, com cada zona erógena do meu corpo. Mas ao mesmo tempo, e só me dei conta do quanto quando comecei a andar ansiosa atrás do 28C, eu o queria. Tanto que fui bater na porta do maldito quarto ao invés de ter terminado o serviço sozinha dentro do banheiro da Snookeroo. Acho que era o misto de tesão e curiosidade que estava me impedindo de raciocinar direito. Digo, se ele fez tanto em um banheiro, quem dirá em uma cama?

De qualquer modo, o fato é que eu estava ali. Segurando a barra do vestido e esperando atenta pelo menor sinal de que ele estivesse atrás da porta - e quando veio em forma de um barulho na maçaneta, respirei fundo. Ainda estava com a mesma roupa do bar e o cabelo levemente bagunçado pelo qual, dessa vez, eu assumia parte da culpa.

- Já? - Ele perguntou, me dando passagem. Me aproximei dele e, mais uma vez, obrigada aos sapatos que me possibilitaram beijá-lo sem muito esforço. - Espera - Lucca se afastou com o cenho franzido e as mãos posicionadas na minha cintura -, você veio sozinha?

Fiz que sim com a cabeça enquanto ele fechava a porta ao nosso lado.

- Achei que você viria no carro do Zhou, Naomi, tá doida? - Tinha meu rosto entre as mãos e um quê de preocupação na voz para o qual eu realmente não estava com muita paciência. - Está de noite, e você veio andando sozinha?

- Fontana - chamei, séria. - Você me deixa maluca, completamente fora de mim, e depois vem me perguntar se eu estou doida?

Acho que foi a confissão de que ele tinha conseguido, realmente, me tirar do sério que o fez dar aquele sorriso satisfeito antes de puxar meu rosto para si em um beijo que soube se tornar mais intenso do que os anteriores. Deus, eu tinha todo um plano de como chegaria de queixo erguido e tomaria o controle da situação, mas quando Lucca escorregou as mãos pelo meu corpo até conseguir me trazer para o seu colo, ele se esvaiu por completo da minha mente.

Me livrei dos sapatos no caminho até a cama, e o som de um copo se quebrando preencheu o quarto quando um deles provavelmente atingiu a mesa.

- A gente precisa parar de dar prejuízo pros hotéis - ele riu antes de se acomodar no colchão.

FLYING LAP [HIATUS E REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora