𝒄𝒂𝒑𝒊́𝒕𝒖𝒍𝒐 𝟒𝟐 - 𝒐 𝒑𝒂𝒄𝒐𝒕𝒆 𝒓𝒐𝒙𝒐

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Ayana's POV

Bacu, Azerbaijão.

Domingo: Dia de corrida.

- Aya?

Ouvi uma voz conhecida me chamando por meio do som dos motores que circulavam, então virei para olhar por cima do ombro e ver um piloto no uniforme social da McLaren correndo em minha direção. Apesar de estar querendo dar o fora daquele país antes mesmo que a corrida acabasse para não correr o risco de ver Nyu mais uma vez, abri um sorriso simpático para Lucca, que trazia uma mochila preta nas costas.

- Fala rápido, meu avião sai em pouco tempo.

- Primeiro - ele tirou a mochila do ombro, apoiando-a no chão. - Naomi me perguntou se você estava bem, porque aparentemente ela não consegue falar contigo. Posso dizer que sim?

- Pode - dei uma risada sem graça, rolando os olhos enquanto ele se agachava para abrir a bolsa. - E segundo?

- Segundo... Espera - ele ergueu os olhos -, impressão minha ou você conseguiu dar sumiço em meio mundo no lugar mais fotografado do país?

Ri mais uma vez, só que mais sincera do que antes.

- Benefícios de se estar atrás das câmeras.

Foi a vez de Lucca sorrir, terminando de abrir o zíper e tirando de dentro da mochila um... Ah, não. O embrulho roxo de ontem. Ô porra.

- Pode ficar.

Determinei antes mesmo que ele me oferecesse o cubo envolto em papel metálico, e levantei uma mão para pedir que ele não insistisse quando vi sua boca se abrindo do mesmo jeito que Naomi faz quando tem um discurso pronto. Dieu, como podem ser tão parecidos? Era quase bizarro.

- É sério, Lucca. Fica pra você. Dá de presente pro primeiro que aparecer. Sei lá, só... - Respirei fundo. - Só tira daqui.

- Aya, por favor - vi seus ombros caindo antes que ele levasse uma das mãos para coçar a nunca, visivelmente sem graça. - Eu não sei o que ele te fez e - abaixou o tom de voz significativamente - para ser sincero, acho que nem ele sabe, mas...

- Tchau, Lucca.

- Pega - estendeu o presente na minha direção, alternando o olhar entre aquele troço e o meu rosto. - Sei lá, pega, abre e joga no primeiro lixo que encontrar, se quiser, mas pega. Por mim.

Arqueei uma sobrancelha, contrariada, e ele manteve a expressão séria.

- Eu juro por Deus. Nyu ficou tão feliz quando eu disse que te entregaria que se eu voltar para aquela pit lane com esse negócio, vou acabar com papel de presente roxo embalando todo o meu intestino grosso e ele não vai entrar por cima.

- Meu vôo sai em duas horas, Fontana, não quero pagar excesso de bagagem - tentei pedir nas entrelinhas para que ele me deixasse ir embora, mas tudo o que o piloto fez foi aproximar o presente ainda mais do meu corpo. Fiz uma careta completamente voluntária e arranquei o pacote de suas mãos. - Tá bem.

- Isso, obrigado - ele respirou aliviado, deixando os braços caírem ao lado do corpo. - Eu e minha bunda agradecemos. De verdade.

Rolei os olhos sem qualquer pingo de humor e dei as costas a ele. Com o maldito presente sob o braço, saí a passos largos do paddock para o local em que a van rumo ao aeroporto sairia, mas é claro que ela ainda não estava lá. É claro. Bufando e rezando pela hora que chegaria à minha linda casinha, sentei no pequeno banco de pedra que havia próximo ao portão e larguei o embrulho ao meu lado para poder checar os horários do transporte no celular.

FLYING LAP [HIATUS E REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora