𝒄𝒂𝒑𝒊́𝒕𝒖𝒍𝒐 𝟑𝟒 - 𝒆𝒖 𝒋𝒂́ 𝒊𝒂 𝒂𝒑𝒂𝒏𝒉𝒂𝒓, 𝒎𝒆𝒔𝒎𝒐

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Lucca's POV

Monte Carlo, Mônaco

Domingo: dia de corrida

A Jimmy'z era de tirar o fôlego.

A batida da música tomava o controle do ritmo com que meu coração batia, e a pista de dança circular, rodeada por uma faixa de piscina rasa onde algumas ilhas se erguiam com seus sofás, era iluminada por inúmeros holofotes que a tingiam de um tom violeta quase afrodisíaco. Na verdade, alternada com um azul ciano, a cor se espalhava por quase toda a boate - fosse pelos pontos de luz no teto ou pelos detalhes em neon nas paredes da área VIP.

O evento, como o Instagram da página mencionava, era totalmente pensado para o pessoal do Grande Prêmio, mas havia tanta gente que eu duvidava que fosse fechado ao público cujo poder aquisitivo podia bancar uma noite daquelas. Garrafas de champanhe a todo momento passavam entre os convidados, carregadas pelos funcionários, amarradas àquelas velas que jogavam faíscas para o alto e sempre entregues a alguém que exalava dinheiro.

Nem sempre glamour ou classe, mas sempre, com toda certeza e sem qualquer sombra de dúvida, dinheiro. Como era o caso do homem de meia idade que acabava de erguer uma das garrafas sobre a cabeça, agarrado a uma garota que provavelmente tinha idade para ser sua filha.

- Vou pegar mais um - declarei, me levantando para pegar outra dose de whiskey no bar.

- Vai devagar - Nyu riu às minhas costas, e me virei para olhar para o chinês sentado no sofá circular atrás da mesa que dividíamos. - O mundo não vai acabar hoje.

- Um - ergui um dedo em riste à minha frente. - Não seja dramático, é só o terceiro ou quarto copo, e dois - levantei mais um dedo. - Não vai acabar, mas eu mereço beber um pouco.

Zhou rolou os olhos, rindo, e pegou o celular provavelmente para perguntar a que horas Aya chegaria. Como Naomi provavelmente estava no pacote, resolvi traduzir o gesto como o universo dizendo "sim, Lucca, vai encher a cara que você vai precisar" - não que eu fosse realmente encher a cara, mas um pouquinho de álcool e o fato de estarmos em um open bar me ajudaria a enfrentar a situação.

Quando me levantei da cama naquele dia, as primeiras palavras que me invadiram o pensamento foram: você se declarou abertamente para a garota que te odeia. Para minha surpresa, não houve um pingo de arrependimento, mas tive cada vez mais certeza de que a havia pego despreparada para ouvir tudo aquilo - ainda mais depois de vê-la virando as costas para mim no paddock.

"Bom, então foi isso", pensei, chamando o barman para que ele colocasse mais bebida no meu copo. "Na pior das hipóteses, ela me ignora e fica mais fácil pra eu esquecer. E na melhor..."

- Na melhor, é melhor eu maneirar nisso aqui - resmunguei para mim mesmo em voz alta, vendo o fundo do copo ser preenchido pelo líquido marrom.

Agradeci e me virei para voltar até a mesa de Zhou e, devido à pouca distância, o teria feito em menos de um minuto se meus olhos não tivessem encontrado o chinês cumprimentando duas garotas que nós dois conhecíamos bem. Travei os dois pés no chão no segundo em que meu amigo apontou para mim e Naomi acompanhou a direção com a cabeça, estabelecendo um contato visual que fora tão desconfortável para mim quanto para ela.

- Mas o que é que eu tinha na cabeça? - Murmurei entre os dentes, sorrindo de um jeito que provavelmente igualava minha expressão facial à de um psicopata enquanto a estagiária se sentava no sofá, voltando a conversar com a melhor amiga. - Vai, esquisitão. Conta pra garota que você pegou uma vez que você transa com as outras pensando nela. Nada mais lindo de se ouvir do que isso, eu tenho certeza.

FLYING LAP [HIATUS E REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora