𝒄𝒂𝒑𝒊́𝒕𝒖𝒍𝒐 𝟐𝟒 - 𝒏𝒆𝒎 𝒂𝒐 𝒑𝒊𝒐𝒓 𝒊𝒏𝒊𝒎𝒊𝒈𝒐

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Naomi's POV

Nápoles, Itália.

Domingo: fim de semana sem grande prêmio.

Senhoras e senhores, Ayana Touissant estava apaixonada. Não que ela admitisse, óbvio - estava apaixonada, não louca -, mas os sorrisinhos para o celular tinham ficado cada vez mais frequentes. Nyu passou a ser citado nas nossas conversas mais aleatórias. E, é claro, havia suspiros avulsos no meio do dia.

Era meio frustrante, na verdade. Fazia quase uma semana desde que o chinês resolveu adiantar as coisas e a garota estava exalando oxitocina, mas não me falava nem uma palavra sobre isso. Me forneceu algumas quando me contou sobre a transa deles depois da festa: "foi como se a gente fizesse aquilo a vida inteira". Depois disso, foi só silêncio sobre o assunto. E sorrisos. E suspiros.

Além disso, a semana havia sido o puro suco do estresse - com direito a uma ligação do chefe para perguntar se eu já havia lido o e-mail sobre a entrevista desastrosa com Lucca -, e tudo estava colaborando para que eu perdesse a paciência com todo aquele suspense romântico logo, logo.

- O que disse?- Ela me perguntou com aquela carinha de quem acabou de voltar do planeta "memórias de Miami", quando percebeu que eu a encarava há algum tempo.

- O prato, amiga - apontei com o queixo para o escorredor, sem parar de mexer o brigadeiro que já borbulhava na panela, e ela o pegou sem pressa alguma. Por quê teria, afinal? Nem era a terceira vez que eu o pedia. - Obrigada, mas então - desliguei o fogo, tentando conter um sorriso. - Tava pensando em quê?

Aya rolou os olhos. Ah, qual é, não se pode culpar uma garota por tentar.

- Em como a Diana criou um personagem convincente - ela tentou desconversar e eu arqueei a sobrancelha, desmascarando-a, apesar de ter ficado honestamente curiosa sobre aquele assunto. - E você já ligou pra sua avó?

- Vou ligar amanhã cedo - fiz questão de manter o olhar incisivo em seu rosto enquanto o doce escorregava para o prato sobre a pia. A garota, no entanto, se manteve impassível e tive vontade de arremessar a panela na cabeça dela, mas respirei fundo. Pelo jeito, eu teria que me contentar com a outra fofoca. - Pelo menos me explica isso aí da Gavazzi.

Aya deu um sorrisinho vitorioso, forçando o saca-rolhas contra o topo da garrafa de vinho à sua frente. Ela mesma havia decidido que aquela seria a "noite das garotas", para compensar o primeiro e torturante final de semana que tinha passado ao lado da herdeira da emissora. Minha melhor amiga, brigadeiro, vinho e a pizza que chegaria a qualquer momento - poderia ser melhor?

- Amiga, você precisava ver aquele ar de menininha do campo deslumbrada com tudo. E era só quando o Lucca ou o Nyu estavam por perto, viu? Comigo ela se perdia no personagem, mas quando os dois chegavam, ficava tão adorável que quase me dava culpa por querer voar no pescoço dela.

A rolha se desprendeu com um estouro discreto, e atribuir isso à raiva que Aya tinha na voz foi o suficiente para me fazer rir. Ela apanhou a garrafa e foi até o sofá, sem parar de falar.

- E o tom de voz? - Ela emitiu um som parecido com um gemido de agonia, me fazendo rir ainda mais. - Parecia que a qualquer instante ela gritaria "por favor, Lucca, me come!" no meio do paddock.

- Ah, é? - Agradeci em pensamento por estar de costas para a minha melhor amiga, porque o sorriso que eu tinha no rosto estava desaparecendo contra a minha vontade. Limpei a garganta discretamente, tentando não alterar o tom de voz enquanto continuava a esfregar a panela. - E ele caiu, né?

- Nyu disse que viu os dois se beijando no sofá - pelo tom de voz, deduzi que ela deu de ombros e senti um nó esquisito se formando na minha garganta. - Mas deve ter sido uma merda, se pensar na matéria que ela fez depois.

FLYING LAP [HIATUS E REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora