𝒄𝒂𝒑𝒊́𝒕𝒖𝒍𝒐 𝟒𝟏 - 𝒆𝒔𝒕𝒓𝒖𝒕𝒖𝒓𝒂 𝒂𝒃𝒂𝒍𝒂𝒅𝒂

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Lucca's POV

Bacu, Azerbaijão.

Sábado: dia de treino classificatório.

A boca dela na minha. A minha na dela. Minha mão se fechando ao redor das pernas fartas para sustentá-la contra a parede, e ela forçando os olhos a se fechar ainda mais a cada vez que meus dedos se fincavam em sua pele.

Eu gostava do jeito como a gente encaixava, sempre gostei.

E era bom poder admitir isso.

Sua mão macia deslizou entre nossos corpos percorrendo o caminho até achar a costura da minha cueca e, então, para dentro da peça como quem não queria nada. Ela mordeu meu lábio inferior com uma força insuficiente para cortar a pele, mas forte o bastante para ajudar a contrair ainda mais os músculos que estão sob os seus dedos e, é claro, um sorriso surge discreto em seu rosto quando ela percebe.

E já no segundo seguinte àquele olhar que tanto me atraía, comecei a xingar todos os malditos deuses existentes quando a porra do alarme tocou. "Sete da manhã, vagabundo, levanta", era o que aquele toque gritava, me tirando de mais um dos vários sonhos em que Naomi veio me visitar pra gente terminar o que começou em Mônaco.

- Ela precisa voltar pra essa merda - resmunguei ao sentir uma dor incômoda na pelve. Ah, claro. Ótimo.

Bufando, estiquei a mão até o celular na mesa de cabeceira e arregalei os olhos quando percebi que havia ouvido, na verdade, o último alarme dos cinco que eu colocava para conseguir acordar no horário. O que realmente se chamava "levanta, vagabundo". Pressa e mau humor no início do dia? Teremos.

Me arrastei para fora da cama e fui até o banheiro com certa pressa, amaldiçoando o pobre do meu pau a cada passo dado. Abaixei a cueca - aquela em que Naomi infelizmente não tinha enfiado a mão -, de pé em frente ao vaso igual a um pré-adolescente se concentrando em conseguir mijar, e a missão conseguia ficar ainda mais impossível quando eu fechava os olhos e tudo o que me vinha à mente era o rosto dela reagindo ao meu toque imaginário.

Porra, que fase.

Quando finalmente (finalmente!) consegui fazer meu corpo funcionar novamente, ouvi o celular tocando no quarto. Lavei as mãos e voltei para perto da cama, pegando o aparelho que exibia a foto de Julie e sua esposa.

- Bom dia - bocejei ao telefone.

- Quase boa noite, Bela Adormecida - ela retrucou claramente impaciente. - Cadê você? Tô te esperando na porta do Hilton há meia hora!

- Foi mal, perdão, desculpa - disparei enquanto, espremendo o celular entre meu ouvido e ombro, apanhei a calça jeans que deixei sobre a cadeira no dia anterior. - Me dá mais cinco que eu já tô aí.

Escovei os dentes do jeito mais apressado do qual eu me lembrava de tê-lo feito e enfiei a camisa de sempre da McLaren pelo pescoço de qualquer jeito, correndo apressado até o elevador do andar. Talvez não tenha sido em cinco minutos como prometido, mas a janela de tempo que separou a ligação de Julie até vê-la com sua mochila na porta do hotel foi realmente pequena.

- Aleluia! - Jogou as mãos para o alto, irritada. - Não é por que o bonito não tem carro no grid que não tem compromisso.

Levei uma mão ao peito, quase não precisando fingir uma dor física pelo golpe, mas sabia que não estava em posição de protestar, então seguimos nosso caminho a pé. A parte muito boa de se estar em um fim de semana com circuito de rua é que, via de regra, os hotéis são absurdamente perto do paddock e o trajeto dispensa a necessidade de um carro.

FLYING LAP [HIATUS E REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora