𝒄𝒂𝒑𝒊́𝒕𝒖𝒍𝒐 𝟏𝟓 - 𝒄𝒐𝒎𝒐 𝒖𝒎 𝒒𝒖𝒆𝒃𝒓𝒂-𝒄𝒂𝒃𝒆𝒄̧𝒂

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Lucca's POV

Woking, Inglaterra.
Sábado: fim de semana sem Grande Prêmio.

"Ok, Lucca, are you ready?" [Ok, Lucca, está pronto?], a voz soou no meu ouvido e, me sentindo um tanto quanto idiota, respondi que sim. "Keep your eyes on the track. Good luck!" [Mantenha o foco na pista, boa sorte!]. Girei o volante para a esquerda, ouvindo a melodia do motor Mercedes enquanto eu me aproximava da linha de largada, e afundei o pé no pedal da direita para finalmente começar a minha volta rápida.

Passei pela variante Bassa enquanto acompanhava a velocidade do carro aumentando no painel à minha frente. Duzentos e oitenta por hora. Trezentos. Trezentos e vinte. Pisei no freio, diminuindo-a bruscamente para me aproximar da Tamburello. O (fatídico) muro apareceu à minha frente e estreitei os olhos em uma falha tentativa de manter o foco na pista, quando senti o assento tremer violentamente e vi uma quantidade absurda de pedrinhas voando na minha direção.

"Are you OK? Lucca, confirm, are you OK?" [Você está bem? Lucca, confirme, você está bem?]. A imagem do meu carro afundado na caixa de brita apareceu sendo filmada do alto e revirei os olhos, vendo a mensagem de "you're out" brilhar à minha frente. Bufei, irritado, me virando para Julie parada ao meu lado.

- Terceira vez batendo na mesma variante, Lucca - ela riu, balançando a cabeça em negativa com os braços cruzados antes de apontar com o queixo para a tela do simulador. A mulher sabia qual era o problema da Tamburello, mas (assim como todo mundo), evitava tocar no assunto. - Acho que o traçado te lembra o formato de camarão, só pode.

Tive que conter a risada. Esse tipo de piadinha era o favorito da britânica naquela semana, então sempre que possível o nome do maldito fruto do mar voltava a estrelar as nossas conversas. É claro que, antes disso, ela surtou gritando algo como "te deixo sozinho em um país por algumas horas e você quase morre!", mas depois não me levou a sério por mais um segundo sequer.

- Pois é, eu olhei para a pista e pensei - joguei a cabeça contra o encosto do simulador, balançando as mãos à minha frente - "oh, não, camarões gigantes, não me obriguem a fazer papel de otário na frente de mais uma equipe, não!".

A risada e algumas palmas de Maeson ecoaram pela sala de simulação do Centro de Tecnologia da McLaren - o famoso MTC, ou o motivo pelo qual me mudei para a Inglaterra, chame como quiser. Havia algumas boas vantagens em morar a menos de quarenta minutos da sede da equipe, como, por exemplo, atender ao pedido do chefe de vir treinar no simulador numa tarde de sábado.

Por mais que eu achasse besteira, lá estava eu: batendo contra o muro virtual na mesma curva virtual e tomando no cu virtual várias vezes seguidas.

- Mas falando sério - Julie começou, atraindo minha atenção. - Eu sei que é uma pista delicada para você, mas tô te sentindo distraído desde Melbourne.

- Sei lá - dei de ombros, tentando não levantar a bandeira de que aquela cidade realmente me deu o que pensar. - Acho que eu só não tô no meu melhor dia.

- Já parou pra pensar que, se o Andreas te chamou aqui, talvez signifique que ele tem algum plano pro próximo fim de semana?

Arqueei uma sobrancelha para a ruiva para indicar silenciosamente o quanto aquilo era improvável, e ela se sentou no braço da cadeira, passando o braço pelos meus ombros.

- Qual é, Lucca. Em tese, você é o único reserva que tem seis carros que podem te dar uma chance. Se for contar por cada treino livre, então, são dezoito oportunidades. Não é nada mal.

FLYING LAP [HIATUS E REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora