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Na minha mala eu tinha apenas um caderno e uma caneta. Ainda não tinha comprado os livros escolares e não me apetecia levar mais que isso. Claro que também tinha o meu telemóvel que usava apenas para ouvir música, alguma maquilhagem (não que me valesse de muito, visto que eu só usava eyeliner e por alguma razão, ele estava sempre todo esborratado) e uma muda de roupa caso algo acontecessse. As minhas botas pretas arrastavam-se pela lama à medida que eu caminhava para a escola, que ficava ligeiramente 

perto da minha casa. Eu estava a usar uns calções de ganga, collans pretos e uma sweat shirt cinzenta. A minha roupa não combinava mas eu nunca fui de me importar com isso.  

A entrada da escola estava vazia talvez devido à chuva que caia torrencialmente e eu entrei na mesma, olhando em volta. Fui até à receção e uma senhora gorda de cabelo curto estava fixada num ecrã de um computador, ignorando completamente a minha presença. 

"Olivia Boyle, sou nova." Falei para a senhora e imediatamente ela levantou o rosto, olhando-me.  A senhora assentiu, provavelmente percebendo que eu não estava com cabeça para conversas, e abriu um dossier, começando a folhear algumas folhas. Reparei que todos os olhares dos alunos à minha volta estavam postos em mim provavelmente perguntando-se quem eu era e o que fazia ali e se calhar até se perguntavam o porquê do meu mau aspecto. Revirei os olhos e a senhora esticou-me um papel, o meu horário. Apenas virei costas e dei uma vista de olhos pelo mesmo. A minha primeira aula ia ser Literatura.  

Caminhei lentamente até à sala, apesar de o toque de entrada já ter soado, e bati à porta da mesma. Que tipo de adolescente sou eu, que nem nervosa para a primeira aula numa nova escola, numa nova cidade, num novo país fica? Exato. O tipo anormal.  

Entrei na sala e uma senhora de cabelo curto com um ar bastante doce olhou-me em conjunto com todas as pessoas presentes no local. "Olivia Boyle, presumo?" Perguntou e eu assenti. "Bem-vinda à nossa escola Olivia. Devo dizer desde já que fico bastante feliz por ter escolhido Literatura em vez de Matemática." 

"Não sou boa com números." Admiti e ela gargalhou. Permaneci com o meu tipico ar sério e despreocupado. "Onde me posso sentar?" 

Olhei em volta na sala vendo todos os lugares preenchidos e todos os olhares postos em mim. Algumas pessoas sussurravam aos ouvidos das outras revelando que a) são mal educados b) já me odeiam c) estão a julgar-me.  

O meu coração acelarou no momento em que o vi. A ele. O rapaz dos olhos verdes que teve um acidente com os meus pais. Ele estava ali, ao fundo da sala, usando uma camisola preta e umas skinny jeans rasgadas nos joelhos. Ninguém estava sentado no lugar ao seu lado e eu peguei em toda a minha corajem: Caminhei até ao pé dele. 

O seu rosto levantou-se e toda a turma se virou para trás provavelmente perguntando-me o porquê de eu escolher sentar-me ao lado dele. Mas o que me doeu mais não foi isso mas sim o momento em que ele pegou na sua mochila preta e colocá-la no lugar ao seu lado, negando-me. "A sério?" Sussurrei desapontada e ele voltou a olhar para a frente.  

Completamente humilhada, caminhei para o outro lado da sala, sentando-me ao pé da rapariga morena que estava com ele no carro no dia anterior. Claro que o resto da aula foi passada numa constante troca de olhares e com a minha cabeça cheia de perguntas como a) porque me negou? b) porque me odeia? c) quem é ele? 

A rapariga ao meu lado leu-me todos os pensamentos, pois sussurrou: "Harry Styles." Virei o rosto para ela. A morena tinha um sorriso simpático e doce, mostrando-se uma das poucas pessoas acolhedoras daqui. As suas roupas lembravam-me bastante as minhas: Eram pretas, rasgadas, e também a sua maquilhagem estava completamente descuidada e esborratada. "E eu sou a Carol Friend. Prazer." 

THUNDERSTORM | Harry StylesOnde histórias criam vida. Descubra agora