42

360 29 12
                                    


Nunca me tinha apercebido do quão bom ator Harry era, até ser obrigada a vê-lo fingir estar bem perante os nossos amigos, inventando a história de que íamos os dois para Itália para eu finalmente conhecer a sua irmã e passar umas mini férias, só os dois, para depois sermos capazes de voltar à escola como novos. Claro que os nossos amigos foram compreensivos, as raparigas ajudando-me a arrumar as poucas coisas que tinha deixado na mala. Winter desconfiou de tudo quando me encontrou a ver fotografias do meu pai, Richard, no telemóvel. E desconfiou ainda mais quando lhe pedi que cuidasse de Cook enquanto estava fora. Ainda assim, consegui convence-la que apenas é muito difícil para mim deixar o meu melhor amigo para trás, estando habituada a estar com ele praticamente todos os dias.

Harry desta vez não teve qualquer medo no avião. Este sempre com os fones nos ouvidos, olhos fechados, mas eu sabia que ele não estava a dormir. Ele simplesmente estava concentrado nos seus próprios pensamentos, provavelmente imaginando e criando mil e um cenários possíveis na sua cabeça para o seu reencontro com Louis.

E eu? Como ia agir com Louis, agora sabendo que ele era meu irmão? Ia Harry sentir-se ainda mais traído ao ver o quão próximos nos tornámos? E como ia ser, para mim, ver Louis de cama? A verdade é que já o tinha visto, mas ele estava bem. Ele falava, fazia comentários sarcásticos, ria e até jogava playstation como se não estivesse tão doente assim.

Gemma ligou-nos na manhã do voo, avisando-nos que Louis ia voltar para casa. Tivemos esperança que ele estivesse melhor, mas após ouvir os pedidos da rapariga para não sermos duros com ele, percebemos que ele não estava bem... Nada bem. Louis foi enviado para casa para falecer em paz, falecer ao lado de todos aqueles que ama e falecer num local que conhece bem.

Disse-nos ainda que contou ao rapaz que Harry sabia toda a verdade e ele não teve qualquer tipo de reação. Não pestanejou sequer, apenas assentiu com o rosto e continuou a olhar para fora da janela. Essa não era a reação que eu esperava, não seria a sua normal reação e por essa razão, eu estava mais assustada do que nunca. O que ia encontrar?

"Quanto tempo achas que ela demora?" Harry perguntou, roendo as suas unhas de forma impaciente. Tínhamos saído do avião há uns bons trinta minutos, já tínhamos as nossas malas e só faltava Gemma vir buscar-nos. "Já passaram trinta e cinco minutos. Dezanove segundos."

"Harry... Tens que ser paciente. Ela tem uma vida bastante ocupada... A rapariga mal deve dormir." Tentei colocar a minha mão no seu ombro, mas o rapaz deu um passo para o lado, afastando-se. Tentei ignorar o nó que se formou na minha garganta e apenas suspirei.

Por fim, avistei Gemma: A rapariga tinha o cabelo preso num coque, estava sem maquilhagem, um fato de treino preto tapando o seu corpo. Ela estava sem qualquer tipo de dúvida mais magra desde a última vez que a vira, o que me deixou ainda mais triste do que já estava.

Quando se aproximou, envolveu Harry nos seus braços, porém, o rapaz nem se moveu. As suas mãos continuavam caídas ao lado do seu corpo imóvel, enquanto era esmagado por uma irmã transtornada e preocupada. Doeu-me. Doeu-me mais do que qualquer coisa ver Harry tão frio, tão... dormente.

Forcei um pequeno sorriso quando Gemma se aproximou, abraçando-me delicadamente. Envolvi os meus braços em torno do seu tronco e de seguida beijei a sua bochecha, observando-a. "Como está ele?"

"Está cansado, muito cansado. Não usa mais que uma palavra para responder às minhas perguntas constantes e sente-se inútil por não conseguir fazer na-"

"E se parássemos com as descrições e fossemos ver ao vivo?" Harry sugeriu, um sorriso sarcástico nos seus lábios. Gemma imediatamente assentiu, respirando fundo enquanto virava costas. Ambos pegámos nas nossas malas e caminhámos para o carro com a rapariga, o nervosismo tomando conta de mim. Harry ia no lugar ao lado de Gemma, novamente com os fones nos ouvidos, os seus olhos focados nas ruas desconhecidas da parte de fora do carro. Eu? Eu foquei-me nele. No pouco que conseguia ver dos seus braços, do seu longo cabelo e até me atrevi a olhar para o retrovisor de modo a conseguir ter uma pequena de vista para o seu rosto.

THUNDERSTORM | Harry StylesOnde histórias criam vida. Descubra agora