THUNDERSTORM | Harry Styles

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"E viste as caras deles quando eu cheguei como num dia normal qualquer?" Acabei por gargalhar, fazendo Cook rir-se comigo. "Eles pensavam o quê? Que eu ia aparecer com umas olheiras gigantes, a chorar? Isso já é o que eu faço todos os dias."

Cook acabou por abanar o rosto enquanto leves gargalhadas abandonavam os seus lábios. De seguida, levantou-se e abriu o meu armário, começando a mexer em algumas das minhas peças. "Eu reparei que tu usas sempre a mesma roupa, mas tens imensa. Porque não pegas na que não precisas e dás a quem mais precisa?" Sugeriu.

"Tens razão, tens razão. Deixa-me então experimentar algumas peças para eu ver se servem e depois colocamos num saco e podemos ir ao orfanato entregá-las... Até porque nunca fui ao orfanato daqui e gostava de conhecer as crianças." Respondi, pegando nas camisolas que ele me entregava.

"Pensei que não gostavas de crianças? E eu não posso ir contigo. Daqui a bocado tenho que ir ter com a Winter."

"Não é que não goste, apenas não gosto quando são demasiado barulhentas e fazem birras desnecessárias. Eu vivia ao pé de um orfanato, onde felizmente eles tratavam as crianças bastante bem, e eu adorava ir lá visitá-las. Elas geralmente ouviam-me contar histórias e ficavam maravilhadas, algumas até pediam que as adoptasse quando completasse os meus dezoito anos..." Comentei, sentindo a minha voz falhar no final. Eu sentia imensas saudades daqueles pequenos minions, como lhes costumava chamar. Aquelas crianças eram especiais, cresceram num ambiente diferente mas, felizmente, unido. Ao contrário de muitas crianças que são deixadas em orfanatos nos dias de hoje, estas recebiam amor e carinho, uma cama quente, roupas que lhes serviam, a educação que mereciam. Não posso obviamente julgar as famílias que abandonam as crianças em locais onde estas podem receber uma educação e uma vida melhor, apenas julgo as famílias que não estudam melhor os sítios onde as vão deixar, não se lembrando que podem estar a submete-las a um perigo maior.

"Isso é adorável." Os seus lábios curvaram-se num bonito sorriso e ele pegou numa camisola preta que eu, para ser honesta, não vestia há anos. "Levanta os braços."

Levantei os braços e Cook puxou as pontas da minha camisola para cima, arrancando-a do meu corpo. Fiz beicinho enquanto olhava para baixo, fazendo-o gargalhar alto. Eu estava a usar o meu soutien mais feio. Era cor-de-rosa com riscas azuis, as cores eram fortes e não combinavam. Para ser honesta, eu não tinha problemas em despir-me à frente dele, apenas tinha problemas com aquele soutien que foi o primeiro que me apareceu à frente naquela manhã. Era terça feira, o dia depois do funeral do meu pai. Nessa manhã, todos na escola ficaram à espera que eu chorasse, berrasse ou até saísse da aula a meio para ir deprimir na casa de banho... A verdade é que apenas cheguei à sala, sorri, sentei-me ao lado de Harry e ignorei todos os seus olhares confusos.

"Posso saber porque é que a minha namorada está de soutien à frente do meu melhor amigo?" Ouvi então a voz de Harry atrás de mim e dei um pequeno salto. Virei-me para o rapaz que nos olhava com uma sobrancelha erguida, braços cruzados em frente do peito, perna cruzada enquanto estava inclinado na porta.

"Eu não sou tua namorada." Respondi, abanando o rosto enquanto ria. Cook estava com um sorriso parvo nos lábios, as suas bochechas estavam encarnadas... Ele estava claramente feliz com o que Harry acabara de lhe chamar.

Harry aproximou-se lentamente e deu um pequeno beijo na minha bochecha. De seguida, piscou o olho a Cook. "Olá Harry." Respondeu o rapaz ao meu lado, embaraçado.

"Eu juro que este é o meu soutien mais feio." Disse, mordiscando o lábio enquanto olhava para baixo novamente. Harry gargalhou levemente e levou os dedos à parte de renda do meu soutien.

"É bonitinho, faz-te parecer o anjo que não és." Comentou. Revirei os olhos e acabei por o empurrar. O rapaz de olhos verdes caminhou até à minha cama e sentou-se, enquanto Cook me ajudava a vestir a camisola. Estava ligeiramente apertada e curta, fazia o meu peito sentir-se apertado. Olhei para Cook e neguei com a cabeça, mostrando-lhe que essa ia dar.