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Era triste para mim não estar a usar as roupas do Harry. Eu preferia o seu perfume, conforto e tamanho. As minhas também eram grandes por escolha própria, mas não me faziam sentir tão bem como as dele. O jeito como as suas camisolas me caiam nas coxas e as mangas tinham que ser dobradas para me caber nos braços. A forma como o seu cheiro ficava preso no meu corpo depois de as usar. Infelizmente, ele e Bellamy tiveram a ideia de pegar nas minhas roupas e por essa razão, eu tinha que as vestir. O que diria ao Harry? «Hoje encontraste-me a curtir com um amigo teu mas eu prefiro dormir com as tuas roupas ok?» 

Quando cheguei à sala, lá estava ele. Os olhos presos na lareira, boxers, cabelo bagunçado, cigarro na mão. Eu queria ficar ali apenas a admirar a sua imagem, os desenhos na sua pele, a forma como os seus lábios bonitos e rosados rodeavam aquele cigarro e o sugavam como se a sua vida dependesse disso. As suas tatuagens eram estranhas para mim. Não eram como as que eu via nas fotografias e nos filmes tipo caveiras e coisas obscuras. As suas tatuagens eram pequenas, algumas frases, nomes, letras, ou apenas simbolos meio infantis. 

"Senta-te." Harry falou e eu assenti, caminhando até ele e sentei-me ao seu lado. Harry esticou-me o cigarro e eu peguei no mesmo, começando a terminá-lo. "Sabes o que gosto nesta lareira?" Perguntou. Não respondi. "Está mesmo aqui centrada. À minha frente. Está aqui o sofá e à frente está a lareira. Quem precisa de uma televisão quando se tem uma lareira e um cigarro? A televisão deixa as pessoas frustradas: Porque a senhora errou a pergunta e perdeu o dinheiro; Porque o gajo traiu a namorada na novela; Porque os videoclips são todos de músicas que detestamos." 

Apenas assenti, ouvindo-o com atenção, fascinada com a sua maneira de falar e ver as coisas. "Concordo." 

"A lareira é fantástica. O som acalma-me, o brilho, as chamas, tudo. É tudo fascinante para mim e eu não sei como te explicar o porquê." Harry deu de ombros. "Eu sei que isto é provavelmente a noite em que já falei mais contigo e talvez vá ser a última, mas não consigo estar calado." 

Terminei o cigarro e apaguei-o no cinseiro. De seguida, cheguei-me para trás, encostando-me no sofá. "Eu gostava que fosses sempre assim. Mas por outro lado, é bom não seres. Eu gosto que sejas misterioso, cativas-me. Quero sempre saber mais sobre ti." 

"Gosto de longas caminhadas ao luar e à chuva." Disse. Tapei a cara com as mãos, sabendo que me o tinha dito por causa da outra noite, em que pensei estar a falar sozinha. "E daria a minha vida pelos meus amigos, verdade também." Admitiu. "Gosto de fumar cerca de 10 cigarros por dia mas prefiro erva. Gosto de beber mas é muito raro ficar bebedo. Gosto de sair a meio da noite sem destino e gosto de tempestades." 

"Somos mais parecidos do que eu pensava... Na parte de sair e tempestades, digo. Eu fiquei bebeda. E vomitei-te em cima." Não consegui aguentar e acabei por gargalhar. "Deus sabe a vergonha que foi para mim no dia seguinte." 

"Foi ontem, Olivia. O dia seguinte foi ontem." Harry gargalhou também e eu sorri. "Eu espero mesmo que tenha sido uma vergonha mas comigo estás bem. A Carolina já vomitou no meu carro. A Raquel e o Michael entraram aqui sem autorização para fazer sexo. O nosso grupo é complicado." 

"Eu queria ficar contigo." Acabei por dizer, apanhando-o de surpresa. "Eu gostava de ficar aqui contigo, Harry. Eu gosto de estar contigo." 

"Vais gostar de estar com o Cook. A casa dele é maior, arrumada, tem mais luz. Ele é um rapaz cinco estrelas e só tens que ficar com ele uns tempos até resolveres as coisas com a tua mãe. E se queres que te diga, devias faltar às aulas e ir só para a semana que vem." 

"Porquê?" 

"Porque tens que endireitar as ideias, estás muito confusa, aconteceu muito na tua vida ultimamente." Harry disse e virou-se para mim. Virei-me para ele também. "Precisas de falar?" 

THUNDERSTORM | Harry StylesOnde histórias criam vida. Descubra agora