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Naquela manhã de domingo, eu estava especialmente cansada. Foi uma semana exaustiva na escola, sobretudo porque os professores decidiram enviar vários trabalhos de casa e eu obviamente tive dificuldade em fazê-los a todos. Cook ajudou-me em alguns mas nem a sua ajuda foi suficiente para eu conseguir tirar notas boas. Os professores como têm poucos alunos, acabam por corrigir mais rápido... Não tive negativa em nenhum, mas também não tive boas notas e claramente estas desgraças não iam ser o suficiente para conseguir ir para a Faculdade. Na sexta feira, antes da aula de educação física, tive uma quebra de tensão. Senti-me mal disposta, vi o chão rodar e pensei mesmo que ia desmaiar novamente. Harry perguntou-me se eu tenho andado a comer e foi quando eu me lembrei: Não ando. Eu nunca pensei que fosse possível alguém esquecer-se de comer até isso acontecer comigo. Andei sempre tão ocupada e preocupada, que me esqueci das refeições e acabei por sentir-me mal novamente. Claro que Harry não me poupou ao seu sermão, o que era totalmente compreensível. Decidi não sair com o grupo na sexta-feira, até porque Michael e Raquel não iam estar presentes.

Ouvi alguém bater três vezes na porta e pousei o livro sobre a cama. Eu estava a usar uma t-shirt do Harry, estava despenteada e as minhas olheiras faziam-se notar. Desejei mentalmente que fosse Cook mas percebi que estava enganada quando vi os carnudos lábios de Michael a sorrir enquanto a sua cabeça aparecia. "Olá."

Um sorriso cresceu nos meus lábios enquanto eu fazia sinal ao rapaz para entrar e assim o fez. "Olá Michael. Como estás?" Perguntei enquanto pegava no livro e o pousava na mesinha de cabeceira.

O rapaz caminhou até mim e beijou demoradamente a minha testa, sentando-se à minha frente de seguida. Ele estava a usar um gorro castanho, tinha longos círculos escuros em volta dos seus olhos e os seus lábios estavam secos. "Estou... A precisar de falar." Confessou. Estiquei-me e agarrei na sua mão, trazendo-a para o meu colo e fiquei a fazer-lhe leves festas.

"Quando estiveres pronto, sabes que te vou ouvir." Passei a língua entre os meus lábios, humedecendo-os e esperei algum tipo de reação vinda de sua parte. As suas mãos estavam a tremer ligeiramente entre as minhas e ele não me conseguia olhar nos olhos, o que me fez imediatamente querer abraçá-lo.

O rapaz respirou fundo e logo começou a falar: "Eu tenho andado um pouco... Confuso..." Disse. "Eu ando muito confuso Olivia. Eu não me reconheço." Ele parecia definitivamente frustrado enquanto falava comigo. Cheguei-me mais para ele e esperei que ele fosse capaz de voltar a falar.

"Michael... Fala comigo. Nada do que digas vai sair daqui. Tu sabes disso... E eu não te vou julgar por nada. Se estás perdido, fala comigo e talvez eu te ajude a encontrar o teu caminho." Ele parecia-me realmente transtornado, e eu tinha quase a certeza que já não se tratava apenas do bebé.

"Eu dormi com três pessoas na última semana, Olivia." Michael disse de uma só vez e eu demorei algum tempo a processar o que ele acabara de me contar. O rapaz baixou o rosto e tirou a mão da minha, começando a brincar com os seus dedos. "Eu dormi com três pessoas e eu nem sei o nome delas."

"Michael olha para mim." Pedi, tentando respirar fundo. "Michael olha para mim." Repeti, agora num tom de voz mais alto. Claro que estava magoada com o que ele me acabara de contar. Enquanto que Raquel andava a chorar pelos cantos, evitava sair e começava a alimentar-se melhor por causa da criança, Michael andava a dormir com outras pessoas. Mas eu sou amiga dele, ele está perdido, quem sou eu para julgar?

O rapaz ergueu o rosto, os seus bonitos olhos estavam a brilhar revelando que se encontrava perto de chorar. Acabei por esticar o meu corpo e envolvi o rapaz nos meus braços, beijando a sua testa várias vezes. "Está tudo bem? Não estás zangada?" Sussurrou.

"Eu não poderia ficar chateada contigo por causa disto. Primeiro, tu és meu amigo e o meu papel aqui é apoiar-te, não julgar-te. Segundo, tu estás solteiro Michael. Claro que é errado, não respeitaste os teus princípios e isso é o pior que poderias ter feito... Mas eu estou aqui." Falei, triste. Estiquei as minhas mãos e agarrei no seu rosto, olhei para os seus olhos tristes e cansados. "Eu estou aqui, eu não vou embora. Tu vais superar isto, eu vou ajudar-te."

THUNDERSTORM | Harry StylesOnde histórias criam vida. Descubra agora