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Regressar às aulas não foi fácil. Voltar à rotina de acordar cedo e mentalizar-me que ia ser obrigada a encarar pessoas que me desprezavam simplesmente sem me conhecer; reencontrar-me com os professores que só me deram positiva porque entrei a meio do ano; o cansaço; a pressão; a frustração. No entanto, eu estava feliz. O meu grupo parecia estar melhor que nunca, sem confusões, todos alegres, todos amigos.  

A despedida de Harry, apesar de muito lhe ter doido, foi a melhor coisa que ele fez. Ele precisava de deixar essa parte da sua vida ir, ele precisava de seguir em frente. Ele sempre sofreu tanto com a morte injusta de Louis, ele sofreu ainda mais por saber que o seu amigo morreu infeliz e claramente não queria passar por isso, sobretudo depois de eu lhe atirar à cara que ele não era ele próprio... E por mais chocante que tenha sido, foi o que fiz de melhor para lhe abrir os olhos. Porque Harry não era ele próprio: Ele vivia através da morte de outra pessoa. Ele mudou drasticamente porque queria tornar-se igual a Louis, pensando que merecia passar pelo mesmo. Mas se Louis não era merecedor de toda a dor que passou, porque seria Harry? 

Cook e eu saímos de casa. Ele estava bem disposto, alegre, feliz por regressar à escola. Quando me recusei a acordar, repetiu algumas vezes: "Quanto mais aulas tivermos, mais perto estamos do fim" e foi honestamente o que me convenceu a sair da cama. Isso e "O Harry. Vais ver o Harry." 

Harry também me parecia bem disposto. Quando entrei no carro, sentei-me no lugar ao seu lado e beijou a minha bochecha durante algum tempo antes de se virar para Cook e lhe sorrir. As coisas não ficaram estranhas depois do que aconteceu... Harry e eu estamos agora mais cumplices que nunca. Ambos percebemos que foi o mais acertado: Não namoramos mas confiamos um no outro a cem por cento. E se um dia eu começar a namorar com alguém? E essa pessoa mais tarde trair a minha confiança? Pelo menos com Harry, sei que foi real. 

"Cause if one day you wake up and find that you're missing me, and your heart starts to wonder where on this earth I could be, thinking maybe you'll come back here to the place that we'd meet, and you'll see me waiting for you on the corner of the street." Harry e eu cantámos à medida que a música que tanto gostávamos passava na rádio. Sorrimos um para o outro, após ambos termos cantado juntos sem sequer combiná-lo.  

 "Mas será que vocês são gémeos ou assim? Até cantam juntos? Que romântico, ora!" Cook brincou. "Vou dizer esta à Winter. Devíamos fazer noites de karaoke juntos." 

"Oh não lhe faças isso!" Pedi, dramatizando. "Se ela te ouve a cantar, acaba contigo e ainda arranca as orelhas!" 

"Há há há! Que engraçada que a Olivia está hoje! Vê lá se queres ficar a dormir na rua." Respondeu. Harry apenas gargalhou e abanou a cabeça. De seguida, estacionou à porta da escola onde todos os nossos amigos nos esperavam. Saímos do carro e caminhámos até eles: Abracei Michael, Raquel, Carol.  

Quando cheguei perto de Bellamy apenas sorri. "Bom dia." Disse. 

O rapaz olhou-me com um pequeno sorriso carinhoso e baixou-se para beijar a minha testa. Pelo canto do olho consegui ver Harry revirar os olhos mas logo retomou a sua conversa com Michael sobre umas roupas giras que este tinha visto no centro comercial. "Bom dia Olivia. Como te sentes hoje?" 

"Estou muito bem e t-" A minha frase foi interrompida no momento em que ouvi um grito de um rapaz. Todo o meu grupo se virou para trás, onde encontrámos um rapaz com mais ou menos a nossa altura, cabelo claro à emo, roupas pretas, grandes olheiras por baixo dos seus olhos. Esse rapaz estava rodeado de pessoas a rir e a apontar para ele e eu podia jurar que ele ia chorar a qualquer momento. 

"Eu trato disto." Disse e o meu grupo assentiu. Caminhei até ao conjunto de pessoas e passei entre elas, colocando-me ao lado do rapaz que me olhou assustado. 

THUNDERSTORM | Harry StylesOnde histórias criam vida. Descubra agora