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Ter um ataque de pânico naquele momento não era, com toda a certeza, a melhor opção. Haviam mil e uma coisas que Harry precisava de saber, mas os meus pensamentos estavam confusos, as minhas mãos suadas, o meu corpo a tremer e as suas lágrimas continuavam a cair agora de forma vulnerável e desesperada. Ele já não parecia tão irritado como há minutos atrás, agora estava de joelhos no chão, o seu corpo a tremer freneticamente, soluços abandonando o fundo da sua garganta, cada som acertando-me como se estivesse a ser apedrejada.

"Har-"

"Não fales." Interrompeu-me. As raparigas já não estavam a bater à porta, provavelmente porque perceberam que eu já não corria perigo: Eu nunca achei que corresse, mas Harry realmente estava completamente alterado e, afinal, no seu lugar, eu também ficaria.

Apenas fiquei em silêncio, sentada na cama. Não chorei, não consegui arranjar forças para o fazer. Se começasse a chorar, provavelmente ia desmaiar por culpa dos nervos e do enorme vazio no meu peito. Então, em vez disso, levantei-me com pernas trémulas e caminhei até ao meu telemóvel, apanhando os bocados que restavam deste. Harry não me olhou. O rapaz apenas permaneceu de joelhos, as suas mãos em frente do seu rosto enquanto ele chorava.

Coloquei tudo em cima da mesinha de cabeceira e de seguida coloquei-me à frente do Harry, estiquei-lhe ambas as minhas mãos. O rapaz observou-as por segundos e tenho a certeza que pensou em rejeitar a ajuda para se levantar, mas ele precisava disto. Mesmo depois da coisa horrível que fiz, ele precisava da minha ajuda para se erguer e pensar no que ia fazer em relação a Louis. Então, agarrou as minhas mãos, a sua pele molhando a minha, levantou-se.

O seu olhar foi das coisas que mais me doeram: É um daqueles olhares de quando o mundo nos cai em cima. Quando ficamos tão desapontados, frustrados, deprimidos, uma mistura de sentimentos menos positivos. Harry estava com esse olhar. As suas bochechas estavam completamente vermelhas, o seu nariz e lábios inchados, cabelo bagunçado. Este não era o meu Harry: Este era o Harry que eu ainda não tinha conhecido, apenas tinha ouvido falar.

"Eu sei que não há nada no mundo que te vá fazer perdoar-me, eu compreendo e não te vou pedir que o faças." Comecei a falar. O rapaz ia interromper-me, mas antes de o fazer, voltei a falar. "Eu sei que o que fiz é errado e quando as coisas acalmarem, tirarei todo o tempo do mundo para te explicar o porquê das minhas ações. Depois, podes ir embora, eu vou compreender, vou deixar-te, tu não mereces ficar pres-"

"Tu és irmã dele." Disse. Calei-me por momentos, observando o rapaz com atenção, enquanto ele virava costas e batia com um punho fechado na parede, as lágrimas continuando a cair a toda a velocidade. "Tu és irmã dele, o teu irmão vai morrer, tu és irmã dele."

"Não percebo o que estás a dizer Harry..." Tentei ao máximo usar um tom de voz baixo e calmo, não querendo enervar mais o rapaz. Dei um passo em frente, coloquei uma mão nas tuas costas, Harry afastou-se do meu toque, indo até à enorme janela com vista para a praia. "Harry... Tu estás demasiado triste, confuso. Eu marco um voo para Itália e eu pago, enquanto descansas e-"

"A tua mãe envolveu-se com o pai do Louis e do Cook e teve-te. Ele tinha uma mulher rica, eles eram o casal mais famoso da cidade. Eles não podiam correr o risco de deitar tudo fora por causa de uma gravidez acidental."

O meu coração estava completamente parado, algo que aconteceu no momento em que percebi que ele estava a tentar contar-me um segredo guardado pela minha própria família. Apenas me sentei na cama, observando-o enquanto o seu olhar viajava, memórias assombrando-o.

"A tua mãe já estava com o teu pai, ela não podia correr o risco de deitar o casamento fora... Tu eras o milagre da família." Ele riu de forma sarcástica, as lágrimas ainda a cair pelo seu rosto. "O teu pai não podia ter filhos mas depois teve-te... Foste um milagre."

THUNDERSTORM | Harry StylesOnde histórias criam vida. Descubra agora