Era como acordar depois de uma longa noite de sono. Estava cansada, o meu corpo leve, a respiração profunda e pesada. Ouvi um barulho, um apito de uma máquina e foi quando decidi abrir os olhos.
Tudo estava desfocado. Consegui ver uma figura ao meu lado mas só quando foquei a minha visão é que vi quem era. "Pai..." Sussurrei, um pequeno e fraco sorriso cresceu no meu rosto. O que me aconteceu? Eu tinha plena noção que aquilo não era o meu quarto nem um quarto conhecido para mim. As paredes eram todas brancas e o meu pai estava numa cadeira azul bebé.
"Como te sentes?" Perguntou. Como me estava a sentir? Eu estava cansada, confusa mas em paz. Parecia que tinha acabado de fumar trinta ganzas e dormido uma longa sesta.
"Estou bem." Respondi. Olhei em volta, com calma, vendo que estava num quarto de hospital. E foi quando me lembrei: A queda, a falta de visão, a audição dificultada. A minha respiração acelerou e rapidamente me sentei na cama, o meu pai arregalando os olhos quando o fiz. "O Harry?"
"Quem?" Perguntou, confusão presente no seu rosto.
"Harry, um amigo. Ele está cá? E o resto do grupo?" Perguntei, tendo alguma dificuldade em respirar. Senti uma grande dor no peito e levei a mão a este, fechando os olhos com força.
"Deita-te Olivia, estás fraca e com muita medicação em cima." O meu pai mandou. Obedeci-lhe, eu também sentido necessidade de estar deitada. Deitei-me então para trás, ajeitei-me nas duras e grandes almofadas, foquei o meu olhar no teto branco.
"Não esteve cá ninguém?" Perguntei, um pingo de esperança na minha voz.
"Eu não sei. Eu cheguei há bocado. Soube o que aconteceu porque uma amiga me ligou do teu telemóvel, Raquel se não me engano." Suspirou. "Vim assim que pude. Essa tua amiga estava cá com o namorado... Não vou comentar o que achei deles."
"São boas pessoas." Disse de forma firme, não querendo ouvi-lo falar dos meus amigos, não de forma negativa e preconceituosa.
"Bom ela é um pouco maluca quero dizer... Eu pinto o cabelo todas as semanas porque estou a ficar com cabelos brancos e a tua amiga pinta o dela da cor de uma parede numa idade tão baixa. Quando tiver sessenta vai estar careca." Disse. Não refilei com ele porque percebi que estava a falar num tom brincalhão. "Eles foram embora quando cheguei, decidiram ir a casa tomar banho. Passaram cá a noite."
"Noite?" Perguntei, virando o rosto para ele. "O quê?"
"Estás aqui há um dia... É quinta feira. Noite." Disse. Confusão estava a tomar conta de mim. Nunca antes tinha estado a dormir durante tanto tempo. "Acordaste algumas vezes com pesadelos e para vomitar... O que era mau porque tinhas o estômago vazio e os ácidos vinham ao de cima. Estavas muito desidratada mas os médicos cuidaram disso."
"Certo." Eu estava sem palavras. Não tinha noção que o meu estado era tão mau, muito menos noção de que tinha acordado. "Amanhã a Raquel faz anos, eu não posso ficar aqui."
"Tem calma, se te portares bem e fizeres o que mandam, dão-te alta amanhã." Garantiu.
Fez-se silêncio. Eu tinha os pensamentos confusos, não compreendia o porquê de ser o meu pai ali, não compreendia onde estavam os meus amigos. E o que me aconteceu? Desmaiei? Eu deixei de respirar. Ou foi um pesadelo? Talvez fosse uma alucinação. As vozes... As vozes que me atormentaram durante anos voltaram, voltaram em conjunto com o frio e a chuva, voltaram em conjunto com as lágrimas, lembrando-me de tempos escuros que me tornaram a pessoa fria que sou hoje.
"Porque traíste a mãe?" De todas as perguntas que precisavam de ser respondidas, esta era a menos importante. Mas ele era o meu pai, alimentou-me, vestiu-me, cuidou de mim e acima de tudo deu-me o amor que mais ninguém me havia dado. A nossa relação era complicada, éramos inimigos e melhores amigos ao mesmo tempo. Nunca concordámos um com o outro: Ele católico, eu ateia. Ele formal, delicado, requintado. Eu uma rapariga simples que pouco se preocupa com a sua imagem: Neste caso, de cuidar dela. Mas ele era meu pai e acima de tudo eu precisava que ele falasse comigo sobre algo que provavelmente o atormentava.
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THUNDERSTORM | Harry Styles
FanfictionEu aprendi a valorizar os meus raios de sol, não as minhas tempestades... porque elas não duram para sempre.