THUNDERSTORM | Harry Styles

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A pergunta que continuava a vir-me à cabeça era sempre a mesma: Será que eu traí o Harry?
A resposta de uma pessoa normal é que sim, eu traí. Estando numa relação, era completamente errado beijar outra pessoa. Mas porque é que eu não me sentia tão culpada como devia? Porque é que eu estava a reagir tão bem àquilo? A verdade é que eu não o via como uma traição mas uma ajuda a Michael. Michael estava confuso, perdido, não sabia para onde se virar. Eu sabia que com o calor do momento, ele iria acabar por tentar algo e bolas, eu tentei também. Tentei não com segundas intenções. A minha intenção principal era só uma: Faze-lo perceber que é Raquel quem ele realmente quer, a rapariga portuguesa que adora festas e pintar o cabelo de branco. Eles foram feitos um para o outro... Tudo bem. Ele não se veste sempre de preto, não tem um cabelo pintado louco, quem olhar para ele até o considera um garoto absolutamente normal. Mas a sua forma de falar e agir, a forma como ele faz sempre coisas inesperadas, coisas loucas, a forma como ele age sem ter medo das consequências dos seus atos: A forma como ele é completamente destemido, prova que ele e Raquel foram feitos um para o outro.

Suspirei. Cook já estava melhor da barriga, pelo menos acalmou-se depois de passar uma hora inteira na casa de banho, sempre gritando comigo a dizer que estava pronto para sair: Claro que era mentira. Demorava sempre menos de dois minutos para voltar lá para dentro. Pelo menos foi algo que me animou. Durante esse tempo, eu apenas me fixei no sentimento que tinha no corpo. Era estranho, arrepiante. Eu tinha dificuldade em respirar, estava a suar mesmo estando frio, não era normal. Não era sentimento de culpa, eu não me sentia culpada, era algo diferente, como se fosse um género de pressentimento... Mas porquê?

"Podemos ver este?" Cook sugeriu, mostrando-me o ecrã do seu computador, fazendo-me despertar. Caminhei até ele, que se encontrava ajoelhado no chão e ajoelhei-me ao seu lado. O filme que ele me mostrava era Titanic, eu conhecia bem, era um dos meus favoritos. Encolhi os ombros. "Ou podemos ver outro se quiseres? Apenas foi o primeiro que me veio à cabeça, é o filme que vemos sempre que estamos juntos."

"Pode ser esse Cook." Assenti, levando a minha mão ao peito e fechei os meus olhos com força, quando senti todo o ar ser levado dos meus pulmões. Tentei respirar mas não consegui, fazendo mais força com os meus olhos e os meus punhos no peito.

"Olivia? Estás bem?" Quando fez essa pergunta, o ar todo voltou. Seria de não comer? Bolas, eu tinha comido. Voltei a olhar Cook, respirando agora de forma acelerada, pesada, aliviada. "Estás tão pálida Olivia, o que se está a passar contigo?"

Neguei rapidamente com a cabeça, não querendo assustar o rapaz e limitei-me a encolher os meus ombros. "Está tudo bem... Não te preocupes." Garanti e voltei a levantar-me. As minhas pernas estavam a tremer mais que o normal. Sentei-me na cama e passei as minhas mãos pelo meu cabelo, usando o elástico que tinha no meu pulso para o prender. "Está tanto calor."

"A verdade é que estou cheio de frio..." Cook disse, enquanto colocava o filme. "Se calhar estás a ficar doente Olivia. Deita-te um bocado, pode ser que fiques melhor." Mandou. Assenti calmamente com a cabeça e deitei-me para trás, de olhos fechados. O quarto estava à roda, a minha respiração estava cada vez mais pesada.

"Posso perguntar-te uma coisa?" Pedi. Ouvi o rapaz mexer em algumas coisas, provavelmente ligando o computador à televisão e de seguida senti um peso no fundo da cama. As suas mãos pegaram nas minhas pernas, colocando-as por cima das dele. "O teu irmão... O Louis... Tu viste-o depois de ele se matar?"

Houve um pequeno momento de silêncio. "Não." Respondeu. "Eu não vi mais o meu irmão. Eu pedi aos meus pais mas eles negaram-me o pedido, disseram que se eu o visse assim, essa seria a minha última memória dele... Pálido, inchado..." Consegui perceber pelos seus gestos que se arrepiou. "Eles preferiram vê-lo por eles mesmos... Nem no velório o vi. Também achei estranho não quererem um padre no funeral e terem-no enterrado eles mesmos, sem mais ninguém a ver. Mas foi bonito sabes?" Sussurrou. "Eles quererem dar-lhe algo digno de Louis. Ele merecia."