Capítulo 68

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Vitória

Já se passaram quase 8 horas de procedimento, até agora não tivemos nenhuma notícia do Vitor. Minha mãe chegou logo no início pra nos fazer companhia.

A cirurgia do D2 não foi realizada, tentaram 3 vezes, mas em todas ele teve princípio de parada cardíaca. Mas ele ainda tá vivo, com a ajuda de alguns aparelhos. O médico dele deu pouquíssimas horas de vida, ele tá resistindo muito.

Andei de um lado pro outro naquela sala de espera, tentando de alguma maneira manter um bom pensamento, como o tio Menor falou.

O médico do Vitor apareceu no corredor e eu corri até o mesmo.

Vitória: como ele tá? - O pessoal chegou logo atrás de mim.
Júlia: dá uma notícia pra gente
PH: deixa ele falar porra
Médico: então, foi uma cirurgia extremamente complicada, pois dois projéteis estavam alojados no abdômen, dois na perna esquerda e um no braço, mas conseguimos retirar todos, realizamos uma transfusão que foi um sucesso, mas a recuperação dele vai ser bem lenta
Vitória: graças a Deus
Júlia: que alívio - Nos abraçamos.
Vitória: posso ver ele?
Médico: ainda não
Júlia: por favor libera a gente
Médico: infelizmente não, só mais tarde, ainda estamos realizando alguns exames. mas assim que for possível eu virei avisar
Júlia: muito obrigada
Vitória: obrigada por salvar a vida dele
Duda: obrigada doutor
PH: valeu
Médico: imagina, é o meu trabalho

Nós voltamos a sentar, enquanto eu finalmente soltei o ar que tava preso junto com a angústia aqui dentro.

PH: eu sabia que ele ia ficar bem
Júlia: ele é muito forte
Duda: sim
Júlia: oh Vi, vai em casa, comer alguma coisa e tomar um banho
PH: eu também acho
Vitória: não gente, eu não saio daqui antes de ver ele
Duda: olha, o médico falou que ainda ia demorar, dá tempo de ir em casa Vitória
Vitória: não insistam, eu não saio daqui sem ver ele

E as horas foram se passando.

Carol

Solo brasileiro, finalmente, Rio de Janeiro. Quando cheguei em São Paulo, avisei a minha mãe, então acredito que meus pais já estejam aqui.

Fiz todos os procedimentos necessários pro desembarque. Peguei a Maria no colo e as duas malas com um pouco de dificuldade.

Respirei fundo tentando controlar minha ansiedade e saí pelo portão de desembarque. Tinha um aglomerado de pessoas esperando por outros que também desembarcavam.

Procurei pelos meus pais, avistei aquele cabelo cacheado que eu reconheceria de longe. Eles vieram na minha direção e olharam surpresos, igualmente a Maria que olhava curiosa pra tudo.

Carol: que saudades

Abracei os dois de lado por conta que a Maria tava no meu colo.

Fael: eu senti tanta falta da minha filha po - Beijou minha testa.
Mel: muita mesmo - Olhou pra Maria. - trouxe alguma amiga?
Carol: eu tenho muita coisa a contar pra vocês
Mel: isso é o que to pensando?
Carol: eu não tenho tempo agora, por favor me levem pro hospital - Ela assentiu.

Fomos pro estacionamento, meu pai colocou as malas no carro e entramos. Tava um silêncio realmente constrangedor, se fosse o tio Menor já tinha feito 1000 perguntas.

Mel: como é o nome dela?
Carol: Maria Alice
Mel: que nome lindo
Fael: a mãe dela é sua amiga de lá? - Respirei fundo.
Carol: não, por favor eu não quero ter essa conversa agora, só quero ver o D2

Depois de muito tempo viemos chegar no hospital, desci do carro com a Maria no colo.

Mel: me dá ela um pouco, vai adiantando
Carol: obrigada - Passei a Maria pra ela.

Entrei no hospital, fui até a recepção, ia já falar com a recepcionista, mas tive visão da Vitória sentada na sala de espera, com os olhos inchados aparentemente de tanto chorar, o que é estranho já que ela não tinha muita intimidade com o D2.

Corri até ela e parei em sua frente, quando ela levantou a cabeça logo arregalou os olhos surpresas.

Vitória: MEU DEUS - Nos abraçamos.
Carol: que saudade que eu tava de você maluca - Apertei mais o abraço.
PH: po solta ai pra eu dar um abraço na minha sobrinha - Sorri soltando a Vitória e abracei meu tio que até me tirou do chão. - tá bonitona em gringa
Carol: obrigada

Fui na direção da tia Duda e dei um abração nela.

Duda: como você tá linda meu amor
Carol: e você como sempre maravilhosa

Havia uma menina bem bonita do lado dela, reparei bem em seu rosto e lembrei dela nos storys e status da galera, é a namorada do JP, a Júlia. D2 me contou sobre ela.

Carol: você deve ser a Júlia né? prazer - Ela se levantou e me cumprimentou.
Júlia: satisfação, me falaram muito de você
Carol: espero que bem - Sorri assim como ela.

Meus pais entraram com a Maria e eu a peguei do colo deles.

Vitória: quem é essa neném linda? - Mimou ela.
Carol: uma história longa pra um outro momento, eu quero saber do D2 - Mudei de assunto.
Vitória: ele tomou dois tiros no peito, tentaram realizar a cirurgia, mas ele teve tipo mini infartos, o médico deu pouquíssimas horas de vida, eu sinto muito Carol - Meus olhos encheram de lágrimas e eu respirei fundo tentando me conter.
PH: falando a verdade, talvez ele esteja só te esperando
Vitória: olha o médico dele ali

Vitória foi na direção do homem e depois voltou com ele.

Médico: a senhora deve ser Carol?
Carol: sim, sou eu, posso vê-lo?
Médico: e a Maria Alice?
Carol: o que tem ela?
Médico: ele não pra de falar o nome de vocês
Carol: essa é a Maria Alice - Olhei pra minha neném.
Médico: me acompanhem, talvez não tenhamos mais muito tempo, sinto muito

Acompanhei ele pelos corredores do hospital e todos vieram atrás, chegamos num quarto que tinha uma espécie de janela de vidro, pra quem estivesse de fora conseguir enxergar o paciente. Segurei meu choro quando vi o D2 deitado naquele estado.

Médico: apartir daqui, só as duas entram - Falou se referindo a mim e a neném.

Entrei com a Maria no colo e me aproximei dele, passando a mão por seu rosto.

D2: Carol - Falou quase que em um suspiro.
Carol: oi meu bem - Comecei a chorar.

D2 abriu o olho com muita dificuldade e eles se encheram de lágrimas quando nos viu.

Maria: dedê dedê - Disse sorrindo o que me fez chorar ainda mais.

A ingenuidade de uma criança é muito lindo.

D2: pensei que nunca... que nunca veria vocês
Carol: a gente tá bem aqui e vai ficar tudo bem
D2: por favor - Olhou pra Maria.

Aproximei mais ela dele que deu uma gargalhada gostosa e um beijinho no rosto.

Maria: dedê mamá
D2: conta... verdade... pra ele... - Falou com muita dificuldade.

De repente os aparelhos começaram um bipe incontrolável, médicos e enfermeiros invadiram a sala e nos afastaram. Fizeram várias coisas nele, até que o bipe se tornou constante e o silêncio tomou conta.

Médico: hora do óbito, 23:47

Não, não, não. Cai no chão ajoelhada, enquanto chorava abraçada a minha filha, que de alguma forma parece que entendeu o que se passava e começou um choro fraco.

Maria: dedê

O Dono do Morro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora