Capítulo 83

4.8K 223 53
                                    

Cobra

Até que enfim caralho, só não acredito que precisou chegar a esse ponto pra ele se tocar do que tava fazendo.

JP: agora tu tem mulher e filha? - Se encararam.
VG: não é momento pra lavagem de roupa suja, dois morros vai fazer melhor junto do que sozinho
Menor: por onde a gente começa?
VG: não precisa de muito, eu e Cobra sabemos quem fez isso
PH: quem?
Cobra: PK
PH: ainda com essa história porra? PK tá morto
Cobra: tu viu o corpo caralho? para pra pensar po, ainda com essa mensagem que eu recebi
PH: manda rastrear essa porra Fael
Fael: to indo - Saiu.

JP saiu putasso e VG foi atrás dele.

Menor: pena que precisou chegar nesse nível pra tu cair em si
PH: não enche minha mente não - Jogou uma carreira de pó na mesa.
Menor: tu não vai voltar usar essa porra não - Deu um tapa na coca fazendo cair.
PH: vai tomar no cu Menor, to achando meu dinheiro no lixo?
Menor: não, mas a dignidade tá lá faz tempo
Cobra: vou dar um giro
Menor: sai do morro não, tu tá visado pelos cana
Cobra: pode pá

Deixei a boca, passei por alguns moradores, perguntando se eles viram algo de estranho na noite do baile que deixaram as fotos na casa do PH.

Passei pela Rafaela que eu não ia nem perguntar nada, não serve pra porra nenhuma essa aí, mas ela me parou.

Rafaela: iai amor
Cobra: o que tu quer?
Rafaela: você, saudades da gente
Cobra: te comi duas vezes po, se toca
Rafaela: me toco todas as noites pensando em você - Olhei com nojo.
Cobra: em mim e na favela toda
Rafaela: tá fazendo entrevista no morro?
Cobra: tu tava onde no baile da semana passada?
Rafaela: no baile ué
Cobra: viu nada de estranho?
Rafaela: não, eu bebi, dancei, comprei droga na mão daquele vapor que voltou e só
Cobra: vapor que voltou?
Rafaela: sim, o Fernandes acho

Fernandes foi embora do morro a mo cota, depois de uns meses que eu dei uma surra nele. O que esse pau no cu tava fazendo aqui de novo. Passei radinho pro Menor, ele mandou eu colar na boca.

Rafaela: vai nem me agradecer?
Cobra: claro po - Ela sorriu.

Me aproximei dela, passei a mão pela cintura, a puxando pra mim. A outra passei pelo cabelo. Ela veio toda empolgada me beijar, então puxei o cabelo dela com toda força e a colei na parede.

Cobra: se eu souber que tu tá envolvida com essa porra, eu vou te matar sem pensar duas vezes tá ligada? - Ela assentiu com medo. - e se manca puta do caralho, tá achando que eu vou trocar a Vitória por tu? mo iludida - Dei uma risada debochada.

Voltei pra boca, já encontrando um monte de porra quebrada e o PH com a mão sangrando.

Menor: cofoi?
Cobra: desde quando Fernandes tá de volta?
Menor: ele tá?
PH: foi embora dos tempo, sei nem onde anda

Filho da puta, era pra eu ter matado quando tive oportunidade.

Cobra: foi ele que botou aquelas fotos na tua casa
PH: com que intuito? moleque nem tá por aqui

Respirei fundo pensando se a Vitória gostaria que eu contasse isso pro pai dela, mas porra ele precisa saber da história toda pra acreditar.

Cobra: Vitória ficava com o Fernandes logo quando eu cheguei no morro
PH: eu sabia por alto po, via uns olhares, mas daí ele faria isso por quê?
Cobra: lembra quando ele apareceu fudido? todo roxo?
PH: até hoje queria saber quem fez aquela porra com um dos meus
Cobra: eu
Menor: ih ala, por quê?
Cobra: ele ameaçou vazar uma foto íntima da tua filha, peguei ele falando isso pra ela, ameaçando, daí só entrei no meio, quebrei o celular dele e ele também
Menor: filho da puta
PH: obrigado
Cobra: faria tudo de novo
Menor: ele deve ter ficado com raiva, PK se aproveitou do elo mais fraco, Fernandes sabia exatamente como funcionava o morro, se ele voltasse ninguém ia perguntar nada, ele era dos nossos
PH: eu quero a cabeça dele
Cobra: é dois po
Menor: procurar esse filho da puta, tem que ter deixado algum rastro
Fael: e deixou - Entrou na sala. - falei com o comando da Maré, Fernandes teve por lá esses dias
PH: e?
Fael: pediu um galpão dos cara lá, mas eles não deram não po
Menor: qual galpão?
Fael: lembra quando o Nando pegou a Duda? aquele último galpão
PH: prepara os menor que a gente sai em cinco minutos

Passei meu fuzil nas costas, avisei ao JP. Júlia apareceu perguntando o que tava acontecendo e a gente já jogou o alerta pro morro, ninguém entra e ninguém sai.

Entramos no carro, fiz minha oração, pedindo a Deus que deixasse minha mulher protegida. PK vai tentar de tudo pra fazer ela sofrer e pagar a traição com ele.

Demorou pra caralho, parecia uma eternidade chegar naquele fim de mundo. PH deu sinal, geral desceu dos carros na encolha. Movimentação nenhuma lá por dentro, entramos de vez, não encontrando nada além do chão riscado com sangue escrito "Vitória".

Fael: vasculha tudo
Caio: eles tiveram aqui
Júlia: sangue tá fresco ainda
Menor: não tiveram não, isso aqui é distração
Xxx: SOCORRO

Corri até onde ouvi a voz no meio do mato. Encontrei aquela Tainá jogada na terra toda arrebentada.

Cobra: o que tu tá fazendo aqui?
Tainá: me ajuda - Pediu chorando.

Peguei ela no colo e deixei ela no carro. VG e JP chegaram. JP já foi na maior brutalidade pra dentro do carro e tirou a menina de lá pelo pescoço, bagulho doidão.

Tainá: tá me machucando
VG: larga a menina
JP: cadê elas?
Tainá: elas quem?
JP: fala porra
Tainá: eu não sei do que você tá falando por favor
Cobra: a gente encontrou ela aqui toda machucada, acalma po
JP: ela só sai daqui quando falar tudo que sabe, viva ou morta, a ordem é minha

PH se aproximou observando a cena, cruzou os braços vendo a menina implorando por ajuda.

PH: a ordem é dele - Nós apenas assentimos.
JP: fala o que tu sabe enquanto eu ainda to só perguntando
Tainá: eu não sei de nada, eu só lembro de acordar aqui
JP: quem fez isso com tu?
Tainá: Fernandes
JP: explica o que tu sabe
Tainá: há duas semanas eu tava fazendo um exame no asfalto, quando eu tava saindo da clínica um carro simplesmente parou, me colocaram pra dentro e eu apaguei, eu acordei num lugar totalmente diferente, daí o Fernandes apareceu com um outro cara me fazendo um monte de ameaças se eu não respondesse as perguntas deles
JP: que cara?
Tainá: ele era magro, negro, muitas tatuagens
Cobra: PK
Tainá: sim, era assim que Fernandes chamava ele
JP: o que eles perguntaram?
Tainá: sobre vocês, mas eu não sabia muito, eu não tinha nem o que responder, até que eles me apagaram e quando eu acordei tava naquela clínica novamente, eu tava com tanto medo deles cumprirem as ameaças que eu apenas me calei totalmente
JP: não explica o que tu tá fazendo aqui agora
Tainá: me pegaram hoje de novo, fazendo novas perguntas sobre sua irmã, onde ela tava, o que havia, acontecido entre vocês, mas eu não falei nada JP, eu não sabia de nada, eu só to com medo - JP abraçou ela e colocou no carro.
JP: agora já temos a certeza que PK tá vivo
Menor: porra, bagulho tá estranho, por que pegar essa menina que nem tem nada haver com a gente?
JP: tinha comigo, quando Fernandes ainda tava no morro sabia que eu comia essa mina po, deve ter pensado que ainda tinha ligação
Menor: se é a porra de um sequestro por que não pedem logo o que querem em troca?
Cobra: eles querem nós nervoso po, se apegando em qualquer pista falsa pra rir da nossa cara
VG: temo que agir com calma
Fael: bora voltar, vamo dar sopa aqui não

Entramos nos carros e seguimos de volta pra casa, sem nenhuma pista, totalmente no escuro. PK tá realmente vivo e teve tempo pra organizar esse plano amarrando todas as pontas soltas.

Abri o celular, vendo a foto minha e da minha mulher de fundo. Só queria ela aqui comigo.

O Dono do Morro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora