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- Anda logo Cristopher! - Grito pela décima vez.

- Não está vendo que estou fazendo o meu melhor? - Responde bravo.

- Pois o seu melhor não está sendo o bastante! - Digo nervosa, voltando a caminhar o deixando para trás.

Nós estávamos rumo a segunda pista, e já havíamos atravessado a mata novamente, porém a direção que tomamos nós levou por um riacho, no qual estávamos passando agora mesmo. Eu havia passado calmamente, porém Cristopher estava tendo dificuldades, alias o mesmo estava com a boneca.
Era cômico ver seus braços levantados o mais alto possível com o pequeno brinquedo em mãos, tudo isso para evitar que a boneca caísse. Afinal de contas embora fosse um riacho pequeno, o mesmo batia na cintura, e como sabíamos, todo cuidado era pouco ali.

Me viro novamente para me certificar de que ele estava atrás de mim, e avisto o momento exato em que Cristopher perde o equilíbrio ao pisar na barranca para sair da água. Eu até teria soltado uma gargalhada da situação, mais ao levar meu olhos para suas mãos, pude ver um filme em câmera lenta. Vejo o exato momento em que a boneca escorrega de suas mãos, e cai na água. Um grito agudo sai de minha garganta, e vejo a pequena coisa ser levada pela correnteza da água.
Como se dispertasse de um transe, corro de volta para a água afim de salvar a boneca. Acabo caindo desastrozamente na água, fazendo com que eu escute uma risada alta vinda de Cristopher. Sem tempo para discussões, eu começo a me movimentar o mais apressada possível para alcançar o objeto. E quando por fim consigo pegá-la, percebo que a mesma está encharcada. Saio da água toda ensopada. E sinto o calor do olhar de Cristopher sobre mim. Filho da Put*.

- Como consegue rir de uma situação dessas seu bastardo? - Digo furiosa ao me aproximar dele com a boneca respingando água.

- Rindo... Afinal de contas foi cômico o seu tombo e seu desespero. Juro que adoraria ter gravado algo assim - Diz voltando a rir. Sem que eu me controle começo a desferir socos com a mão livre em seu braço. 

- Você é a porra de um imprestável isso sim.. aposto que se a função do jogo fosse quem conseguia levar uma amante nas costas, você certamente o conseguiria, numa boa..  seu cafajeste filho de uma p...  -Ele não me deixou terminar, pois segurou meus pulsos e me encarou.

- Para de falar Dulce Maria - Diz baixo, próximo a mim. - Sei que boa parte do que diz e da boca para fora. Já te pedi perdão pela coisa que fiz. E se não o fiz, pois então,peço lhe agora... Me perdoe.

Seus olhos me encaravam com tamanha intensidade, e meu coração errou vários passos ao ver sua boca tão convidativa perto de mim. Me questionei a quanto tempo não tocava aqueles lábios, e a única certeza que tive é que fazia muito tempo. Lembranças únicas do nosso relacionamento surgiram em minha mente. Então me aproximei dele, fechei meu olhos, e me permiti sentir seu cheiro. Eu senti, senti o exato momento em que ele se aproximou de mim. Mas como se um relâmpago trouxesse a dor causada depois de anos, eu me afastei. Virei meu rosto, e respirei fundo. Soltei meus pulsos e dei alguns passos para trás. A boneca já estava no chão a muito tempo. Abaixei e a peguei, tentando limpar os vestidos de grama em sua roupa. Tudo sobre o olhar confuso de Cristopher.

- Já chega de papo furado. Já estou me cansando desse jogo, vamos terminar logo isso - Me viro e começo a caminhar - Dessa vez eu levo a boneca. Já vi que você não leva jeito com crianças.

Digo e escuto uma lufada profunda de ar ser liberado de seus pulmões. Apenas escutava os passos dele atrás de mim. E após caminharmos muito, encontramos uma árvore de certa forma especial. E pude ver que ela era a resposta da charada. 

"Carrego lembranças, as guardo comigo, como se fossem minhas, mas não podem ser minhas, pois não fui eu quem as vivi"

A árvore era grande, mas seus galhos eram baixos, ao ponto de somente esticar os braços e poder tocar. Haviam nelas, coisas penduradas. Objetos de todos os tipos, como chaveiros, tênis, fitas, cartas plastificadas, correntes, a até anéis ?

Interesse mútuoOnde histórias criam vida. Descubra agora