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1 mês depois

Meu coração batia com força em meu peito, e eu não conseguia controlar minha respiração. Meus olhos fixos em um ponto, como foi que isso aconteceu? Era a pergunta que não saia de minha cabeça.
Após a viagem de casais com meu marido, tudo mudou, Cristopher se tornou alguém totalmente diferente comigo, e confesso aquilo me enchia de alegria. Meu marido! Essa pequena frase tem um impacto muito mais forte agora, quando pronunciada por mim. Antes a emoção era apenas de saber que ele era meu marido de fachada, por negócios a parte, pura conveniência para ambos. Mas agora, não. Cristopher é meu marido, e o significado dessa palavra hoje para mim tem um peso incrívelmente forte.

Escuto batidas na porta.

- Dulce, meu amor, está tudo bem?

A voz de Ucker ecoa do outro lado da porta e eu só consigo imaginar o quanto ele se arriscou em entrar no banheiro feminino do restaurante em que estávamos.

- Eu já vou! - digo.

- Vou te esperar na mesa.

- Está bem, já estou indo.

Me apresso em guardar o celular de volta na bolsa. Incrível como uma mensagem teve o poder de simplesmente me desequilibrar emocionalmente. Arrumo minha postura e saio do banheiro, caminho o mais calma possível para a mesa onde o homem mais gostoso que eu já conheci me esperava ansioso.

- Porque demorou tanto, aconteceu alguma coisa? Está indisposta? Se for o caso vamos embora..

- Está tudo bem querido, não se preocupe, vamos jantar.

Digo isso e a noite segue. Após jantarmos e conversarmos bastante, está na hora de ir embora. Percebo que lá fora uma fraca garoa caia, dando um alerta de que logo uma tempestade se formaria. Muitas pessoas circulavam pelo lugar, e quando chegamos na porta esbarro em alguém.

- Oh, mil perdões, não tive intenção em lhe machucar - a voz masculina reconhecivel.

- Tudo bem, estou bem - Sorrio fraca. Rapidamente minha garganta se seca e eu congelo em sua presença.

- Dulce, que prazer vê-la novamente. Espero que me perdoe se te enviei os resultados dos exames por mensagem a uma hora dessas da noite. Mas é que minha secretária havia dito que você pediu para que fosse feito desse modo - Ele fala calmamente com sua formalidade casual. Logo seus olhos caem sobre meu marido - Senhor Uckerman, prazer, sou doutor Herrera. Mas pode me chamar de Eduardo. Bom não quero atrapalhar a noite de vocês, se precisar de mais algo é só avisar Dulce - Diz e me despeço dele.

Nem preciso falar que Cristopher me olhava querendo explicações urgentemente. Eu não sabia o que fazer, realmente, sentia que meu mundo estava acabando ali.

- Então, quando começará a se explicar? - Diz com o olhar travado em mim.

- Sinceramente não tenho o que lhe dizer, apenas fiz alguns exames rotineiros e recebi os resultados por mensagem.

- Sério, que acha que isso não tem importância? Você nem me avisou que não estava bem - Pelo tom de voz, ele estava magoado.

Decido então atravessar a chuva que começava a cair, para ir de encontro ao nosso carro, pois nossa conversa já podia ser ouvida por terceiros. Ele me seguiu o trajeto inteiro, sua voz se alterando a cada novo argumento. Eu não tinha emocional para tudo aquilo então permaneci em silêncio, até que nós dois estivéssemos dentro do carro.

- Não vai me responder?

- O que você quer de mim? - Altero minha voz e percebo sua surpresa.

- Quero que me responda porque escondeu de mim algo tão bobo, como vc assim denomina? - Seu tom havia diminuído.

- Não sei... Simplesmente não sei tá legal. Apenas esqueça isso. Está tudo bem - Digo.

Ele não fala mais nada, apenas liga o carro e vamos embora dali. O caminho inteiro em silêncio. Olhava pela janela e me perdia nós próprios pensamentos, como eu deixei que tudo isso acontecesse? A pergunta que não saia de mim. Sinto seu olhar queimar sobre mim, mas me recuso a virar o rosto em sua direção. A paisagem do lado de fora da janela era melhor do que seu olhar chateado sobre mim.
Ao chegarmos em casa nada mudou, o silêncio permanecia. Afim de mudar o clima decidi quebrar o gelo, falando.

- Vou tomar um banho, o que acha de assistirmos um filme antes de dormir?

- Tudo bem - Fala baixo, seu olhar em outra direção. Abaixo minha cabeça, respiro fundo e saio em direção as escadas.

Pensei que um banho fosse capaz de aliviar a tensão do meu corpo, e realmente não foi. A água cai e com ela um lágrima junto. Como vou contar a ele? Isso martelava em mim. Respirei fundo e sai do banho enrolada a toalha. Foi quando o peguei segurando meu celular, sua expressão era indecifrável e meu coração se apertou. Eu não sei qual a sensação de um infarto, mas poderia jurar que a dor era aproximadamente igual.

- O que está fazen...

- O que é isso? - Seus olhos ainda estavam na tela do celular. Como eu pudi bobear tanto assim?

- Cristopher...

- Me responde Maria... O que é isso ?

Ele vira a tela do meu celular para mim, e mais uma vez meu olhar vagueia pela imagem na tela. Os resultados nos exames.

- Eu...

- Quando você me contaria? - Agora seus olhos estão em mim.

- Eu, eu não sei... Eu...

- Não me diga que achou que poderia esconder isso de mim? - Sua voz estava se alterando.

- Por favor Ucker, não se altere.

- Não me alterar, sabe o que você estava simplesmente ocultando de mim?

- Não é como se eu soubesse disso antes e não quisesse lhe contar... Eu simplesmente descobri agora...

- E mesmo assim eu devia ser o primeiro a saber depois de você, e mesmo assim tentou esconder de mim - fala pausadamente o final.

- eu não queria esconder de você.. eu...

- Se aquele médico não tivesse esbarrado em vc hj, eu nem saberia...

- Eu contaria uma hora ou outra...

- Quem garante que não daria um jeito de esconder, até que não desse mais...

- E o que você queria de mim afinal? Por que me cobra tanto? Eu mal havia raciocínado tudo isso, e você vem me cobrar! - Esbravejo.

- Porque sou seu marido, porque te amo, e isso me envolve. Eu mereço saber sobre isso e cada detalhe haver sobre..

Eu não conseguia entender, eu estava assustada com tudo o que estava acontecendo.

- Como assim...

- Eu te amo Dulce Maria, sou casado com você, e tudo que te envolve me envolve, principalmente isso... - ele se aproxima de mim,  suas mãos seguram meu rosto, sua voz havia acalmado - Me diz, porque não me contou assim que soube?

- Porquê eu pensei que você não aceitaria - Sou honesta com ele.

- Dulce Maria, eu jamais negaria um filho ! Você não faz ideia do quanto eu desejo isso, ainda mais por ser teu - meus olhos se encheram de lágrimas, e todo o medo que eu estava sentindo começou a sair de mim.

- Pensei que tivesse quebrado um acordo, pensei que...

- Olhe para mim ! - Olho em seus olhos - Apartir de hoje quero que se esqueça de cada juramento, cada acordo... Quero recomeçar ao teu lado e me tornar o homem,pela segunda vez mais feliz do mundo.

Minhas lágrimas já molhavam o chão do nosso quarto. A felicidade finalmente havia chegado. Principalmente quando ele se ajoelhou e disse:
-  Dulce, quer ser minha esposa?

Interesse mútuoOnde histórias criam vida. Descubra agora