28 | (IM)PROVÁVEL

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(IM)PROVÁVEL
TATE

3 MESES ANTES
O FINAL DO OUTONO EM LAGUNA VALLEY

— Mais cinco minutos, Riley — balbucio ao sentir meu corpo ser balançado e arrancar minha mente dos sonhos.

Uma mão continua a balançar meu ombro suavemente. Um sussurro perde-se em minha mente sonolenta e embargada em uma realidade que pertence apenas a minha cabeça.

— Sunshine — o chamado sussurrado arregala meus olhos.

Encaro o quarto simples. Pisco tentando limpar a visão embaçada. Pisco. Encaro as paredes brancas. Pisco. Percebo que estou dormindo em um sofá cama que range ao me mexer. Minha mente é tomada por enxurrada de lembranças das últimas horas da minha vida.

Adam. Finley. Laguna Valley. Rebecca. Escritório.

Recordo que estava dormindo no escritório em cima do restaurante do Finley. Encaro o travesseiro vazio e intacto. Percebo que passei a noite sozinha, apesar dos dedos quentes que ainda envolvem o meu braço.

Ainda com sono me viro. Encontro o moreno alto, sentado ao meu lado, com uma touca cinza na cabeça, uma camiseta branca sob a jaqueta de couro preta. Ele tinha trocado de roupa, deixado a camisa jeans e aderido à touca de lã.

— Que horas são ?— resmungo esfregando os olhos.

Estico o braço, agarrando com facilidade o celular apoiado no encosto sobre a minha cabeça.

— Droga, são 5:30, Adam — fecho os olhos, abandonando o aparelho, ignorando as mensagens da Alice.

Pego o cobertor e subo até os meus ombros.

— Está cedo demais — decreto.

— Pensei em te chamar para pescar — a voz rouca revela.

Abro os olhos, ciente daquelas palavras, com aquela ideia invadindo a minha mente. Volto a me virar, totalmente acordada, encontro o par de âmbares despertas e atentas.

— Pescar? — meus lábios experimentam a ideia.

— Pode ficar dormindo, Sunshine — recua, em um afago quente no meu ombro.

Adam se põem em pé. Sento sobre as molas que rangem.

— Não — o detenho, jogando meu cabelo desarrumado para trás — Espera — peço, dobrando as pernas — Me dá uns dez minutos para me arrumar.

Em um movimento singular o moreno assente sem esboçar qualquer emoção reveladora.

— Vou preparar um café — decreta — Te espero lá embaixo — finalmente some pelo vão da porta.

A manhã é fria, nebulosa e pouco animadora para aquela hora. Normalmente não teria aceitado aquele convite absurdo, mas não tinha tido a oportunidade de conversar com Adam na noite anterior. Nem sabia se ele tinha dormido. Nem sabia onde tinha dormido.

Meus tênis rangem o velho cais de madeira. Sigo o homem de touca, dentro de uma jaqueta de couro, que carrega varas de pescar, uma caixa térmica, uma frasqueira e um balde, que se acomodam perfeitamente dentro do pequeno barco simples, com um motor dentro da água.

Entrego a caixa térmica para Adam, em pé na pequena embarcação. Seus olhos estreitam-se.

— Essa é minha camisa? — seus olhos analisam a camisa jeans sob o colete marrom.

Curvo os lábios, ciente do pequeno empréstimo.

— É — dou de ombros — Algum problema?

Seu corpo curva-se, encaixando a caixa térmica no meio da embarcação. Suas âmbares me encaram com a mão estendida.

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