09
ENTALADA
TATENOITE DE FESTA
5 MESES ANTES
COMEÇO DO OUTONO EM BOSTONAgora não
Adam Baylor tinha sumido. Ótimo.
Largo Elliot com seu talento natural para conversar, sorrir e ser simpático. Meu irmão tinha aperfeiçoado seu carisma natural ao longo dos anos. Segundo ele, consequência de ser pai e ter que aprender a confraternizar com outros pais.
Abro caminho entre os convidados e garçons. Não poderia ser difícil achar um homem de 1,90 carrancudo. Não tinham muitos homens com àquela altura, rabugento e bebendo uísque puro. Nada.
Nada no bar. Nada na área de fumantes. Nenhum segurança tinha o visto sair. Não podia invadir o banheiro masculino para procurar. Porém pude interrogar dois ou três homens que saíram do banheiro, questionando se tinha alguém escondido lá dentro. Nada.
Ok.
Inspiro. Expiro. Sinto as pessoas passando por mim. Tento manter minha mente no lugar e não surtar. Fecho os olhos.
— Você está linda — aquele comentário me faz abrir os olhos.
Me deparo com o homem moreno sorridente, dentro de um smoking elegante e os olhos negros passeando pelo meu corpo.
— Ian — suspiro — Você está um arraso dentro desse smoking —deixo escapar aquela observação.
Seus lábios alargam-se com o meu comentário. As solas, do seu sapato de verniz, rodopiam no chão quando seu corpo dá uma voltinha exibicionista.
— Eu sei — seu cenho arqueia e os lábios sustentam o meio sorriso lateral.
Maneio a cabeça tentando não rir. E tentando não alimentar aquele ego em crescimento.
— Convencido.
Seus ombros balançam no ar como se não tivesse culpa. Seus pés quebram a distância entre os nossos corpos, impregnando minhas narinas com seu aroma quente e amadeirado. Seu cheiro era o mesmo. Reconheceria aquele cheiro de olhos fechados.
— Depois da sua amiga desfilar comigo por aí como se fosse um troféu — revela seus minutos de tortura — Não posso evitar.
Comprimo os lábios. Engulo a risada que é consumida pela culpa. Por isso não queria ele ali. Aquela noite era importante. Precisava que tudo saísse bem. Necessitava que Adam se comportasse. E agora ele estava sumindo e nem tinha conseguido decidir se aquilo era bom ou ruim.
— Desculpa — murmuro encontrando os seus olhos cheios de compreensão.
Suas mãos encontram as minhas. Um toque suave. Quase um dedilhar da ponta dos seus dedos que agarram minha mão e caminham sem pressa até a palma. Aquilo não me assusta. Aquilo me conforta. Fico confortável por meu corpo não se esquivar.
— Está tudo bem, foi divertido — o tom humorado em sua voz quase me faz acreditar — Está indo tudo bem?
Reviro os olhos, antes de apertar minhas pálpebras e manear minha cabeça para os lados. Uma risada de desespero formiga na minha garganta.
— Perdi o Adam Baylor — revelo amargamente, afundando meus ombros.
Ian assente. Comprimindo os seus lábios e balançando a cabeça para os lados.
— Não cruzei com ele por aí.
Suspiro cansada, sem opção e tentando não pular no desespero daquela situação. Se Adam tivesse se metido em problemas, a notícia já teria se espalhado. Se ele tivesse ido embora, teria que me dar algumas explicações. E se ele tivesse escondido, teria que acha-lo.
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HEART
RomanceQuantas vezes a vida pode quebrar uma pessoa? Adam Baylor tem a resposta na ponta da língua: inúmeras. Vítima de escolhas egoístas, não hesitou em largar uma carreira promissora no hóquei, para tornar-se sobrevivente do inferno, de uma guerra que n...