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NÃO CONTE PARA ELA
ADAM3 MESES ANTES
O DIA QUE AS COISAS COMEÇARAM A MELHORAR
FINAL DO OUTONO EM LAGUNA VALLEYDesligo o motor da velha Ford F100. A chave balança. Meus olhos cansados analisam o lugar familiar esquecido na memória, uma pequena vila a beira mar chamada Laguna Valley. O ar é gelado. A construção de madeira azul claro, com um cais com acesso direto ao mar é a mesma.
— Chegamos? — a garota ansiosa ao meu lado quebra o agradável silêncio.
Suspiro junto com o ranger da porta.
Desço. O ar é fodidamente gelado. Gosto daquela sensação. Enfio as mãos dentro da jaqueta de couro, não ignoro os passos que se aproximam de mim. O cais ainda estava vazio, mas duvidava que ficasse assim por muito tempo. Se bem me lembrava.
— E agora? — Sunshine suspira, enfiando as mãos dentro do colete e analisando ao nosso redor.
Nada respondo.
— Pegue os camarões frescos para o prato do dia — uma voz familiar se aproxima rangendo a madeira.
Da porta branca quadriculada de vidro vejo a figura conhecida se mover por uma cadeira de rodos. Seguro os ar. O moreno passa pela abertura junto com outra moça de cabelos negros presos em um rabo e avental cobrindo seu corpo. Os olhos azuis do meu velho companheiro param em mim. Seu rosto não esboça nada. Seus lábios limitam-se dar algumas últimas instruções para a mulher que o acompanha.
Finley andam confortável na cadeira de rodas em minha direção. Ele parece o mesmo.
— Baylor — murmura secamente — Vem comigo.
Aceno com a cabeça. Lançando um breve olhar para Tate, que apenas curva os lábios compreensíveis.
— Acho que os meninos querem um momento a sós —em um tom sarcasticamente humorado a morena de olhos grande sorri para a outra mulher ao meu lado — Vem comigo, não precisamos dessa testosterona toda.
Sunshine passa por mim, tocando suavemente meu braço. Em silêncio sigo o homem com braços musculosos que empurram as grandes rodas que substituem suas pernas. Em silêncio recebo ordens e ajudo a descarregar os barcos.
Benjamin Finley entrará para marinha por sonho do pai pescador, líder da cooperativa local e dono do restaurante mais famoso do cais, que agora eram assumidos pelo filho. Não tinha muito o que dizer, até preferia o silêncio do trabalho em conjunto do que a conversa que estávamos prestes a ter. Poderia perguntar porque caralhos ele tinha me chamado ali.
Porém, prefiro não fazer certas perguntas.
Nosso último encontro não tinha sido dos melhores. Eu com um buraco no ombro esquerdo. Ele em uma cadeira de rodas. Não era justo. Sentia-me culpado pelo meu ex-companheiro estar naquela situação. Uma situação que nem lembrava. Minha mente fodida não lembrava do depois. Não lembrava como tinha saído do buraco. Não lembrava como Vargas tinha acabado morto. Não lembrava como Finley tinha acabado preso em uma cadeira de rodas.
Ele estava mais magro e musculoso. Os olhos distantes e determinados, mesmo limitado não deixava de se mexer por um segundo. Sua cadeira passa por uma tábua que ligar o cais de madeira até o interior de um barco de pesca amplo, com uma minúscula cabine com os controles de bordo e um toldo que nos abrigava que fino chuvisco.
Bufo, sentando na beirada do barco.
De canto dos olhos observo meu velho companheiro arrancar dois cigarros de uma carteira, leva-los a boca e queimar suas pontas de uma só vez.
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HEART
RomanceQuantas vezes a vida pode quebrar uma pessoa? Adam Baylor tem a resposta na ponta da língua: inúmeras. Vítima de escolhas egoístas, não hesitou em largar uma carreira promissora no hóquei, para tornar-se sobrevivente do inferno, de uma guerra que n...