Capítulo 22

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[Lucca Zarmora]

—O que ela tá fazendo aqui?

—Hum? – Isaac, que ainda estava do meu lado, levou algum tempo para processar e reconhecer o que estava acontecendo e quando percebeu, soltou uma exclamação. – Ah! ... Eu pensei que fosse proibido mulheres na concentração.

—É. Eu também. – Acenei concordando ainda sem tirar meus olhos dela. Mulheres são proibidas na concentração, mulheres, namoradas, parceiras, rolos, etc.. Até membros da comissão técnica, por Deus! Eles diziam que era para evitar a distração dos seus jogadores, mas agora, no entanto, a figura diante dos nossos olhos não era fruto da nossa imaginação. Eu precisava saber o que estava acontecendo. – Vem.

—Onde? Fazer o que?

Isaac perguntou assustado ao meio caminho de enfiar um garfo cheio do que parecia ser omelete na boca.

—Apoio moral.

Eu não precisei ver para saber que ele também havia se levantado e vinha logo atrás de mim, apenas senti e conhecendo o Isaac como eu conhecia, ele tinha feito isso para ficar de olho em mim e evitar que eu fizesse algo que o desagradava.

Atravessei o salão com o Isaac a tiracolo e reprimi a vontade de revirar os olhos para os caras que continuavam olhando, pelo amor de Deus! Era só uma mulher.

—Oi.

Saudei com um pouco mais de antipatia na voz do que eu gostaria. De perto ela parecia ainda mais surpreendente, seu rosto era incrível e na hora eu me odiei por ter que reconhecer isso.

—Ah... oi!

—Eu sou o...

—Eu sei quem você é, Lucca.

Me cortou com uma pontada de sarcasmo, me deixando um pouco desestabilizado, já que no curto caminho até ela eu havia criado todo um roteiro para seguir.

—Hum... ok... hã e eu infelizmente também sei quem você é...

—Que bom.

Anunciou feliz demais para uma conversa simples como aquela. Parecia estar se divertindo e eu já não gostei dela por isso, talvez não só por isso, mas eu não queria admitir.

—E o que você está fazendo aqui?

Já era. Tinha saído de uma forma muito grosseira, mais grosseira do que eu gostaria, mas eu não ia me retratar.

—Não ficou sabendo?

—Deveria?

Retruquei mal-humorado porque, pela sua expressão, eu comecei a achar que estava perdendo algo muito importante da minha própria vida e eu odiava aquela sensação. Cruzei meus braços e esperei pela resposta que veio através de um dar de ombros e um sorrisinho cínico. Eu juro por Deus que eu vou...

—É o que acontece quando o namorado oficial faz merda e a namorada substituta precisa agir.

Falou isso com a expressão sarcástica e prepotente, como se fosse a porca mais famosa de todo o chiqueiro, fazendo meu sangue ferver.

—Olha aqui sua vag...

—Lucca! – Apesar do clima hostil, meu tom não havia subido a ponto de chamar a atenção dos demais, eu não era adepto a barracos, afinal, então foi fácil para o Isaac me interromper e impedir que eu a insultasse da forma que eu estava planejando. – Aqui não é lugar né?

Eu já estava pronto para contra-atacar e dizer que ele estava errado e aquele era sim o lugar certo, mas fomos interrompidos com a chegada de uma terceira pessoa no nosso pequeno círculo. Era o Murilo, ele vinha vestindo nosso uniforme verde escuro habitual junto com uma expressão indecifrável.

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