Capítulo 2

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*Faz tanto tempo que eu prometi essa história né? Mas agora é sério, toda sexta-feira vai ter capítulo novo.

***

[Lucca Zarmora]

-Sua mãe ligou ontem. Esqueci de te falar.

Murilo comentou, enquanto se debruçava no balcão da cozinha e abria seu MacBook e iniciava sua rotina de checar as notícias do dia. Não teríamos treino hoje, eu porque joguei ontem, e ele, por um tipo diferente de cronograma que seu técnico fazia. Então, ficaríamos o dia todo em casa juntos, coisa que não acontecia com muita frequência devido as nossas rotinas.

-Ah é? Faz tanto tempo que ela desistiu de ver os jogos por medo de me ver caindo e me machucando que acho que agora ela simplesmente esquece que eu jogo bola, viajo, fico na concentração... - Respondi abrindo a geladeira e tirando de lá meu shake proteico de todas as manhãs. - O que ela queria?

-Aparentemente ela e minha mãe estão planejando viajar... de novo.

-Até que demoraram... Faz o que...? Dois meses desde a última vez? Elas nunca ficaram tanto tempo assim, para onde vão dessa vez?

Chacoalhei o copo e tomei um gole, fazendo cara feia com o gosto horrível. Por mais que eu o bebesse todos os dias, eu nunca ia me acostumar e realmente gostar daquele gosto.

-Ainda não sabem, mas minha mãe quer ir pra algo como Marrocos e a sua insiste em ir pra Dubai.

-Todos nós sabemos que elas vão acabar indo pra Dubai então. - Constatei mais que convicto. Agora indo até a geladeira, pegando alguns ovos e os quebrando na frigideira.

-Não duvido muito, minha mãe sempre acaba cedendo.

Ele completou meu raciocínio, certamente se lembrando de todas as vezes que isso tinha acontecido. Porque sim, dona Rosângela, minha mãe, sabia ser convincente quando queria, ainda mais em cima da amiga de tantos anos que era a Aparecida, mãe do Murilo.

-As duas parecem um casalzinho lésbico de idosas planejando todas essas viagens juntas. Já percebeu?

-Pelo amor de Deus, Lucca. Não.

Nesse momento ele ergueu os olhos da tela e me olhou como se eu tivesse falado a coisa mais absurda do mundo, ou, que fosse algo muito insano e terrível de se imaginar. Eu só me limitei a rir dele, porque seu jeito certinho demais era o que o deixava ainda mais encantador e irresistível. Resolvi provocar mais um pouco:

-Se não fosse pelo seu padrasto, eu diria que elas têm um caso secreto.

-Vendo por esse lado... então até que não seria má ideia. - Me respondeu sorrindo.

-Essa sua birra com seu padrasto precisa acabar.

Olhei-o de canto de olho, indo até o armário e pegando dois pratos lá para os ovos mexidos que já estavam ficando prontos. Eu nunca iria entender a relação dos dois, porque, embora se dessem bem, sempre existia uma espécie de farpas entre eles.

-É, mas não hoje. - Soltou um riso engasgado, daqueles que sai meio que pelo nariz e boca, e que mais parece muito com um porquinho filhote, e continuou. - Falando em família... meus irmãos ficariam aqui durante esse tempo da viagem, por você sabe... meu padrasto ser capaz de botar fogo na casa... eu disse que não teria problema.

-Só temos que comprar mais comida se a Micaela for realmente ficar aqui. - Brinquei com um fundo de verdade, aquela garota só perdia pra mim no quesito saco sem fundo em relação a comida. - E o Samuca... bem, vou adorar incomodar ele com bobagens durante o tempo que estiver aqui.

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