Capítulo 9

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[Lucca Zarmora]

—Ele meio que tem razão amor, você parece um touro bravo as ve... Ai!

Murilo gemeu quando eu o interrompi, cutucando com força suas costelas em forma de castigo e o obrigando a se calar para o seu próprio bem. Mas que audácia era aquela de falar aquilo na minha frente sem um pingo de auto preservação? Cadê o amor que ele dizia sentir por mim?

—Cala a boca ou não tem mais massagem.

—Ah, tá vendo?

Somente fingi que não ouvi, porque se não fingisse teríamos problema, e ignorei aquele assunto ou qualquer outro que o levasse a confirmar que estava certo. Decidi começar minha massagem pelas costas, então montei nele, passando uma das minhas pernas pelas suas costas nuas e me sentei na sua bunda macia apenas de cueca. Comecei pela cintura, imprimindo força nos meus dedos e subindo com eles em direção aos ombros, fazendo movimentos circulares com os polegares e deixando um rastro de óleo por onde passava. Sua pele macia ia se moldando sob minhas mãos e os pontos de tensão iam se desfazendo aos poucos, eu podia ver as marcas que meus dedos faziam conforme eu deixava o local e era inevitável não pensar em outras várias formas de deixá-lo marcado.

—Você deveria estar lavando meu uniforme, não recebendo massagem. – Falei para me distrair dos pensamentos e ideias que estavam começando a surgir na minha cabeça.

—Vou lavar.

Respondeu abafado pelo travesseiro e depois gemeu quando eu deslizei os dedos com mais força do meio das costas pra cima.

—E minhas chuteiras também.

—Suas chuteiras são praticamente descartáveis, você usa uma vez e abandona. Por que tenho que lavar?

—Porque uma aposta é uma aposta e eu ganhei o jogo, então você precisa cumprir.

—Tá. – Sua voz saiu arrastada e ele gemeu mais uma vez. – Humm... isso é muito bom.

—Se você continuar gemendo desse jeito, eu vou ter um probleminha aqui em baixo.

Ele riu chacoalhando seu corpo em baixo do meu e isso fez com que eu me desequilibrasse e caísse para o lado tão rápido que eu só fui perceber quando dei de cara com a cama. Ele riu mais ainda com a minha queda, mas se virou de lado, permitindo que eu fizesse o mesmo e depois travasse minhas pernas em seu quadril e envolvesse meus braços no seu peito.

­­­­­­­­­­­­­­­­­―Você me paga por isso.

―Foi sem querer, juro. – Respondeu ainda rindo. – Agora me fala que probleminha era aquele?

―Não quero mais também.

Falei, enquanto empurrava-o para longe e tentava desviar dos beijos que ele queria me dar, mas acabei por rir também no processo. Era um bom início de manhã – apesar de nem termos chegado perto de sair do quarto depois que acordamos – e manhãs como aquelas sempre entravam como uma das minhas favoritas apenas por estarmos juntos e ignorando o resto do mundo. O mundo que estava essencialmente caótico nos últimos dois dias depois daquela pequena cena pós clássico, Murilo e eu vimos tudo se transformar em uma bagunça de noticiários animados, repórteres enlouquecidos e fãs no nosso pé, também enlouquecidos com a novidade.

Eu estava certo, aqueles poucos segundos na beira do campo, mais aquela foto em que a gente sorria sem graça para a câmera, renderam inúmeras horas de matérias esportivas e as especulações de convocação para o primeiro amistoso da seleção brasileira, que começariam hoje, estavam ainda mais fortes.

Nós estávamos nervosos, claro, o receio de ser aceito ou não, por mais que já fossemos muito bem sucedidos em nossas carreiras particulares, nos atormentava mais do que poderíamos admitir, fazendo com que a expectativa de uma convocação se tornasse um grande elefante branco no meio da sala. A primeira das duas listas de convocados sairia no final da tarde, com direito a cobertura ao vivo, e eu só torcia para que, independente do resultado, acabassem com aquela agonia logo de uma vez.

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