Capítulo 11

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[Lucca Zarmora]

Ser um jogador de futebol significa que as vezes você tem que cumprir algumas obrigações além de... bom, jogar bola. Obrigações as quais nem sempre eram tão ruins – partindo do pressuposto que sempre era tudo muito luxuoso e parecia brotar pessoas do núcleo da terra dispostas a beijar o chão onde você pisa. Mas mesmo assim, obrigações não deixavam de ser obrigações, se não, teriam outro nome.

O terno da Armani, feito sob medida para mim e que agora estava dentro do saco apoiado na poltrona, me lembrava a todo momento da apresentação de uma nova grife esportiva, e patrocinadora, que estava marcado para acontecer naquela noite e eu teria que comparecer. Seria uma noite de gala, com diversos craques não só do futebol, como também outras áreas esportivas e até mesmo celebridades e, sim, eles estavam investindo pesado nisso.

Tanto que no meio da semana nós – eu e os outros rostos patrocinados, incluindo o Murilo – já tínhamos tirado as fotos para os banners, os pôsteres e gravado os vídeos que serviriam para uma propaganda comercial, enfim tudo muito profissional. Talvez se não fosse tão profissional assim, eu estivesse liberado a ser mais relutante, então engoli as reclamações e jurei me comportar.

—Amor, a Gina ligou e disse que vai mandar dois carros pra gente no horário marcado, tudo bem?

Murilo entrou no nosso quarto totalmente confortável só de bermuda porque ainda estava cedo, o que só me fez ficar irritado por ele ter me apressado minutos atrás, dizendo que para o tanto que eu demorava já estava tarde.

—Fala pra ela que eu quero um sedan, de preferência preto e com vidros escuros... com o um motorista que goste de conversar, mas que não me chame de senhor, por favor.

—Sim, senhor.

Respondeu com sarcasmo – o que não era típico dele, talvez estivesse aprendendo comigo – e sorriu, vindo atrás de mim até o banheiro e se sentando na beirada da nossa banheira de hidromassagem, enquanto eu começava a fazer a barba.

—Vou deixar o bigode, o que você acha?

Perguntei olhando pra ele através do espelho, vendo-o distraído digitando no celular e sorrindo quando a resposta vinha.

—Vai ficar lindo.

Respondeu sincero e eu fiz uma careta para o espelho, imaginando o quanto ele deveria estar distraído pra achar que eu ficaria bonito com um rabo de guaxinim na cara.

—Você escut... Com quem você tá falando aí?

Perguntei morrendo de curiosidade – não era ciúmes – e virei para encará-lo.

—An... minha irmã.

—Aquela que se chama Micaela ou você tem mais alguma que eu não conheço?

—A Mika.

Riu abertamente e eu me virei de costas novamente para que ele não visse a minha cara de irritado pela situação.

—Mas sério... o bigode?

Repeti incerto, com olhos vagando da máquina na mão para o espelho a minha frente. Ele levantou e se aproximou com um sorrisinho, envolvendo meu corpo com os braços e beijou minha nuca antes de responder.

—Eu vou amar se quiser deixar. – Sussurrou no meu cangote e eu amoleci, e sinceramente, eu deixaria tudo o que ele me pedisse se o pedido fosse daquele jeito. – Hum... Tem planos para depois da festa?

—Não, por que?

—Nada. Só estava pensando.

—Quer fazer alguma coisa? Quer ir pra Barcelona? Eu sei que eu falo que não gosto de lá, mas a gente não precisa ficar só aqui.

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