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Isaac ficou um pouco chocado por saber que o garotinho era órfão e imaginou que isso seria uma ferida muito grande para uma criança carregar. Mas lembrou-se do menino e de Isis no projeto social do Taylor, lá ele parecia uma criança normal, feliz, ativa e contagiante. Porém, acha que o pequeno deva ter uma cicatriz sensível dentro de si. Talvez, a maior parte do pranto do garoto no dia da invasão não fosse somente por medo de ter sido pego, ou de ser preso. Mas também, por ter mexido com essa dor de não ter quem o proteja, já que sua mãe não está mais com ele.

No sábado, quando Isis chegou em casa, Johnny foi brincar um pouco no apartamento de um colega da escola, no prédio ao lado e ela ficou preparando o jantar. Seu celular, que estava carregando em cima da cama, tocou e ela foi atender, mas titubeou quando viu que se tratava de um número desconhecido.

- Ah, meu Deus. É ele! - Falou largando o celular na cama como se tivesse levado um choque. - Mas, e se não for? Se for algum trabalho pra mim. Ah, que droga! - Ela fez menção de que iria atender mas parou de chamar.

Do outro lado da linha, Ike estava ao celular, ouviu pacientemente o telefone para o qual discou chamar até cair.

Sentado com as pernas cruzadas, em uma cadeira presidente, em frente à mesa de som, em sua gravadora, apoiou o cotovelo na mesa, descansou o rosto com a mão e respirou fundo. Uma vontade de rir fez seu rosto corar quando lembrou de Johnny no Food on the Move dizendo que sua tia não gostava de Hanson, por isso não queria fotos.

- É, parece que não gosta mesmo de Hanson. - Falou baixinho, com um quase sorriso, com sua voz grave, balançando o celular.

Isis jantou com Johnny e conversavam sobre amenidades.

- Ôh, tia. Que tal a gente ir passear amanhã? Eu ainda tenho o cartão do ônibus. - disse girando o garfo, enrolando o macarrão a bolonhesa que Isis improvisou.

- Amanhã é dia de faxina, filho. Dia de lavar roupa. Tenho muito trabalho. - Falou enquanto prendia seus cachos castanhos iluminados em um coque no alto da cabeça.

- Ah, eu acho que a vida é muito curta pra gente desperdiçar fazendo faxina. - Disse o garoto.

- Mas, é muito longa para morar em um lugar sujo e andar com a roupa fedendo na rua. - Rebateu Isis sorrindo do pensamento escapista de Johnny. - Eu vou cuidar aqui e de tarde vou limpar aqui na sra Mendonça.

- Ah, que pena, tia! Eu acho que você também precisa sair um pouco e se divertir. Sabe, ser jovem. - Falou o "maduro" Johnny. - Você só trabalha, corre para um lado, corre para o outro, resolve isso, resolve aquilo e não tem tempo de sair com seus amigos.

Isis parou de comer e mordeu os lábios, com vontade de rir do sermão do sobrinho.

- Baby, eu estou bem. Eu faço somente o que precisa ser feito. Já saio a semana toda, então no final de semana gostaria de ficar em casa. Mas você tem razão quando diz que precisamos aproveitar mais um pouco. Principalmente, porque você passa a semana toda aqui trancado. Podemos fazer assim... acordamos bem cedo e vamos ao parque, no centro. A gente fica um pouco lá, você anda de patins e depois voltamos para casa, para eu cuidar das coisas. Okay?

- Agora eu vi vantagem! - Falou erguendo o polegar e piscando para a Isis. - Eu espero que meu patins ainda sirva no meu pé, porque faz tempo que eu não calço.

- Se não servir, a gente aluga um daqueles patinetes lá. Eu posso tentar ver outro para o seu aniversário.

- Eu acho que vai servir ainda. Mas, eu preferia um teclado no meu aniversário.

- Você vai ter seu teclado de volta. Eu prometo, tá. Só tenha mais um pouco de paciência, baby.

- Tudo bem, tia. Relaxa. - falou enchendo a boca de macarrão.

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