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Johnny se assustou com a atitude repentina de Harry e ficou com medo, pois não entendeu o motivo da raiva e por que ele ficou nervoso.

- Eu liguei para a tia Isis e ela atendeu. Ela tava chorando. Por que ela tava chorando?

- Morris! Morris... Espere! Esqueceu seu cartão de crédito. - Veio correndo a moça bonita da loja do hotel.

- O nome dele é Lewis... não é Morris.
Johnny notou a expressão de raiva no rosto de Harry quando desligou o telefone e depois de susto quando a moça chegou perto lhe entregando o cartão.

- Você está confuso filho. Obrigado. Temos que ir.

- Eu não vou!

- Filho vamos! Vem! - falou puxando Johnny pelo braço, mas ele se soltou.
- Não, eu não quero ir, eu não quero ir. Por favor, moça não deixa ele me levar. Ele quer me roubar da minha família.
O menino tentou se esconder atrás da mulher, mas Harry o alcançou pelo casaco e o puxou de volta.

- O que ele está dizendo?

- Não liga, é birra! Manha de menino mimado. Ele é ciumento, não quer que eu converse com outras mulheres, aí fica inventando histórias para chamar atenção. Vem filho! Vamos conversar em casa.

- Não, não deixa ele me levar, socorro, socorro.

Harry levantou Johnny e colocou em seu ombro. O menino gritava balançando as pernas e a touca caiu da cabeça dele deixando seu cabelo, agora Black Power, avolumado devido a falta da fitagem, expostos. Harry o fez entrar para o banco de trás e entrou no carro para sair daquele lugar o mais rápido possível.

- Você está mentindo para mim. Eles não vão estar lá. A minha tia estava chorando. Você está mentindo. Eu quero ir para casa, eu quero ir pra casa. Agoraaaaa! - Gritava Johnny com sua voz aguda, infantil e exaltada, chorando muito, pegando as coisas do banco e jogando no pai que dirigia tenso, com raiva, mas principalmente assustado, pois o garoto estava surtando jogando as revistas, lençol, travesseiros em Harry. Isso não era nada bom, pois ele não queria ter que usar o calmante novamente. O surto do menino o deixava sem saber o que fazer.

- Para Johnny, para com isso.

- Eu quero ir para casa, eu quero minha tia... - gritava o menino chorando e se debatendo.

Enquanto isso...

A atendente da loja de conveniência limpava as mesas e já fazia planos para seu dia de folga. A televisão estava ligada em volume baixo, uma reportagem entrou e estampou a foto de Johnny e de Harry. Ela reconheceu a cicatriz na sobrancelha do homem na foto e correu para aumentar o volume da TV, já muito nervosa ouviu o relato sobre o rapto do menino.

- Ah, meu Deus, não! O menino estava aqui, ele estava aqui.

Ela correu para o balcão para pegar seu celular para ligar para a polícia e vasculhou os tickets das compras com cartão de crédito para encontrar o de Harry.
O telefone dela estava só com três porcento de carga e por isso ela achava que não conseguiria finalizar a ligação. O barulho do telefone público lá de fora, tocando sem parar, lhe perturbou os sentidos e ela resolveu atender para depois ligar dele para a polícia.

- Alô.. Alô.. - Disse Isaac do outro lado da linha.

- Olá.. quem fala?

- Oi. Agora pouco um garoto usou esse telefone, ele tem 8 anos e cabelo cacheado, ele é entre pardo e negro, está com um homem branco de tatuagem no braço e sobrancelha cortada. O nome do menino é Johnny. Você viu ele? Ele está perto de você?

- Então... tinha um homem aqui com essa descrição e um menino, sim. Eles dormiram no hotel, depois comeram e foram embora. O nome dele é ... hum... Morris... Charlie Morris. O nome do menino eu não sei. Eu vi agora pouco uma reportagem que mostrou a foto de um cara igual ao que estava aqui, mas eles já foram. Inclusive, o menino foi embora chorando. Eu achei que ele estava fazendo a maior cena de ciúmes do pai porque ele estava conversando comigo.

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