Eight

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Jinx's POV

Podiam me chamar de louca, mas nunca de irmã negligente. Eu já havia reparado que, nas últimas semanas, Vi não havia vindo falar comigo ou me trazer alguma comidinha, como fazia no início. Logo, tentei chamar sua atenção.
Os animais soltos no zoológico não eram suficiente para ela vir me ver, então tive que optar por métodos mais monótonos: fiz um cupcake, o único doce que Violet gostava, e resolvi levar para ela.
Os telhados finos de Piltover eram um lixo, e os dos Kiramman com certeza eram os piores. Provavelmente porque não foram feitos para as pessoas subirem neles. De qualquer forma, me mantive equilibrada, segurando o cupcake de forma que ele não caísse. Desci para a varanda, eu já sabia de quem era aquele quarto. Era da xerife Kiramman, a burra que caiu no joguinho da minha irmã.
Na minha cabeça, as chances de Violet querer realmente se unir a Caitlyn eram zero, eu sabia que era tudo por mim. O que uma irmã não faz pela outra!

— Um cupcake doce para uma irmã doce! — declarei num sussurro, alegre.

Mas todas as minhas conclusões sobre Vi estavam erradas.
De novo.
Quando espiei pelas trancadas portas de vidro, me deparei com a coisa mais arrepiante que uma garota poderia ver.
Violet estava entre os lençóis com aquela piltie. A mesma parecia completamente rendida a Vi, o que era uma verdadeira surpresa para mim.
As vozes de minha cabeça, minhas maiores inimigas, nunca perderam uma chance.

"O que uma irmã não faz pela outra?" Ou melhor, o que uma zaunita não faz por dinheiro?! ria Mylo.

Eu me apoiei na parede. Eu não queria ver aquilo, eu não suportava ver aquilo.
Minha irmã, justo agora que estávamos nos entendendo... Dormindo com uma piltie!
"Odeio todos eles." Muito boa em atuar, como sempre, Violet!

— Eu amo te ver rendida a mim desse jeito, Cupcake. — Vi declarava para aquela mulher.

Ela não conseguia dizer nada, apenas chamar por Vi. Implorando para ser dela, implorando por mais... Argh!

— Ela não pode estar falando sério, ela não pode estar falando sério! — eu dizia.

Ela te trocou por uma mulher que não a dará azar! Disse Claggor.

— Eu não dou azar! — nego em meio as lágrimas de ódio. — Ela faz isso... Ela faz isso para me proteger, ela nem gosta dessa piltie...

Jura? Como sabe? Desafiou o maldito do Mylo. Quer saber mesmo? Mate a piltie.
Ele ficou quieto por alguns instantes.
Isso, mate ela e veja o que Vi irá fazer! Concordou Claggor. Será que ela voltará para você feliz por se livrar da xerife, ou com ódio de você por ter matado o novo amor dela?
Aposto que será a segunda opção! Riu Mylo novamente.
Eu estava perdida em meio as lágrimas, as provocações, aos gemidos da maldita da Caitlyn e o pior, os flertes de Vi para ela.
A chamando de linda, de amor, de tudo que ela poderia dizer para se mostrar apaixonada!
De repente, eu notei que elas havia acabado. Resolvi espiar novamente. Lá estavam elas. Enquanto a piltie fazia carinho na nuca dela, Violet enchia seu rosto de beijos.
Soltei um suspiro. Não virá me ver por bem, irmã? Tudo bem.
Virá por mal.

~~~

Caitlyn's POV

A quem eu estava tentando enganar naquele dia? A noite com Vi havia sido maravilhosa!
Jayce comentou que eu estava radiante de felicidade, e estava curioso em saber por quê. Bem, ele morreria de curiosidade, então. Violet estava numa patrulha pela cidade, enquanto eu estava na minha sala, na delegacia. Morty também estava lá.

— ... A senhorita parece alegre hoje, xerife. — comentou ele.

— Ah, é bom começar o dia contente, não? — declarei, pegando o chá que um defensor havia trazido. Era engraçado ele estar de capacete e tudo mesmo dentro da delegacia, mas não disse nada.

— Hm, presumo que sim... A senhorita Violet também, vocês fizeram algo interessante ontem?

— Na realidade não. — respondi, dando um gole gigantesco na bebida. — E se tivéssemos feito, também não faz diferença.

Dei uma risadinha, e aquilo não pareceu agradar a Morty.

— O que há entre vocês?

— Como assim? — perguntei, fingindo não saber de nada, enquanto continuava bebendo.

— Fora das paredes desse lugar, o que vocês duas fazem? — perguntou, indignado. — Eu te conheço há anos, xerife, e você nunca foi assim. E aquela zaunita, bem ela... Xerife? O que houve?

Me senti na minha cadeira no automático. Me sentia tonta, enjoada... E não sabia por quê. Morty se levantou para me ajudar.

— O... Que tinha nesse chá? — perguntei, com a voz falhando. — Morty, você apagou as luzes?

— Não, xerife! As luzes estão acessas! — ele disse, quase gritando. — Senhor Talis, ainda bem que você chegou! A xerife está passando mal!

Escutei os passos firmes de Jayce se aproximando.

— Cait! — ele chamava, mas eu não conseguia o responder. Tudo parecia ficar cada vez mais longe. Eu iria desmaiar, isso se não fosse morrer. Parecia ter mais pessoas ali agora, e Jayce dava ordens a todos. — Rápido, chamem um médico! E por favor, dêem espaço para ela respirar!

Eu não sentia minhas pernas, não conseguia respirar... Vi. Eu só queria ela, eu só queria que ela estivesse comigo agora.

— Vi... — eu tentei chamar, esperando que ela estivesse ali. Ela não me respondeu.

— Ela quer ver a oficial Violet, vão chamar ela! — alguém ordenou.

— O que é essa carta embaixo da xícara? É para a V...

E então, não consegui ouvir mais nada. Pois havia em fim desmaiado de vez.

~~~
Vi's POV

— Cadê ela?! Cadê a Caitlyn?! — eu gritava, invadindo a sala da casa Kiramman.

Tudo parecia estar maravilhoso para mim naquela manhã. A cidade estava calma, eu podia me lembrar perfeitamente da noite passada com Cait e de repente, tudo foi derrubado com um defensor vindo me avisar que Caitlyn havia sido envenenada.
Mel Medarda estava na sala, e correu até mim.

— Não se preocupe, Cait está lá em cima, os médicos estão cuidando dela. — explicou ela, a fim de me confortar.

— Foda-se, eu preciso ver ela! — esbravejei, irritada. — Você não soube que ela queria ver a mim quando tudo aconteceu?!

De repente, Jayce apareceu sério. Talvez porque eu gritei com a namoradinha dele ou talvez por causa da situação de Caitlyn, eu nunca soube o que aquela expressão queria me dizer. Ele então ficou na minha frente e me entregou um papel.

— Estava em baixo da xícara, é para você.

Fiquei em silêncio, tentando me acalmar. Me apoiei num canto e comecei a abrir o papel.
Minha mente só pensava em Cait, eu não queria perder ela. Eu não suportaria perder ela!
As letras começaram a aparecer, eu já sabia de quem era.
Jinx. Como...
"VENHA ME VER EM ZAUN, IRMÃ" era a única coisa escrita.
Não pensei duas vezes, ignorei aqueles dois pilties e saí correndo. Seja lá o que Jinx quisesse, tinha a ver com Cait.
E eu faria de tudo para que ela me contasse a verdade sobre o que aconteceu com a minha Cupcake.

Trato é TratoOnde histórias criam vida. Descubra agora