Thirty Two

575 52 4
                                    

Caitlyn's POV

Deveriam ser duas da madrugada, eu estava realmente com sono e precisaria acordar cedo para trabalhar. No entanto, Vi precisava de mim agora, eu não podia lhe recusar ajuda.
Enquanto a mesma estava no sofá, fui até a cozinha e peguei um copo de água para ela. Voltei para perto da mesma, e a entreguei o copo.

— E então? — questionei, me sentando do seu lado. — Sobre o que você quer me falar?

Vi, após beber toda a água e largar o copo, respirou fundo e olhou para o teto.

— Eu não sei por onde começar, tenho tanta coisa para te dizer... — ela falou. — Tá bom, eu acho que agora você vai ter que ficar ouvindo toda a minha vida.

Abri um sorriso. Honestamente, eu não me importava, eu estava até curiosa para saber sobre o passado de Violet.

— Tá bom. — ela começou. — Eu tive uma vida comum que qualquer criança zaunita poderia ter. Cresci numa apertada casa velha com os meus pais e com a minha irmã mais nova, Powder, nas Vielas. Mas então um dia, eu acordei no meio da noite porque sabia que alguma coisa havia dado errado. Naquela noite, maioria dos zaunitas haviam resolvido atravessar a ponte para se rebelar contra Piltover, você já deve ter ouvido essa história.

Assenti com a cabeça. É claro que eu conhecia essa história, embora eu fosse muito nova na época. Um monte de zaunitas foram mortos naquele dia.

— Bem, os meus pais também haviam ido. — ela continuou a contar. — E quando eu percebi que os Defensores estavam matando todo mundo, eu peguei a minha irmãzinha e fui ver se nossos pais estavam bem.

— E eles estavam bem, não estavam?

Violet suspirou, e negou com a cabeça.

— Não, os Defensores haviam matado eles também, e nós duas ficamos órfãs. — ela disse logo em seguida. — Acho que foi aí que nasceu o meu ódio por Piltover e pelos os Defensores. Com todo respeito, Caitlyn, mas antes de te conhecer, eu queria que todos os Defensores queimassem. Mas enfim, foi então que o líder dos zaunitas rebeldes, Vander, encontrou a gente. Ele ficou com pena de nós e resolveu nos levar de volta para Zaun, e acabou por adotar nós duas como se fossemos suas filhas. Uma grande parte das nossas vidas foram tranquilas depois disso, eu vivia bem no Última Gota junto da Powder e dos meus dois novos irmãos, Mylo e Claggor. Mas foi então que apareceu outro problema: tinha um cara tentando tomar Zaun, o nome dele era Silco.

Bem, eu já havia ouvido falar sobre esse homem também. Ele dominou Zaun por uns bons anos até que morreu misteriosamente.
Violet continuou falando:

— Pra tomar Zaun, ele teria que acabar com o nosso pai, Vander. Um dia, ele o sequestrou, e eu resolvi junto com Mylo e Claggor ir atrás dele. Powder também queria ir, mas ela era muito nova, e eu não permiti. Isso a deixou muito chateada, mas nós três tínhamos outras preocupações. Conseguimos entrar na indústria de Silco e nosso plano estava dando certo, mas então... Tudo deu errado. Os capangas do Silco nos encontraram e levaram Mylo e Claggor. Poderiam ter me levado também, mas eu consegui fugir. Eu entrei em desespero, me perguntando o que havia dado errado, e então descobri o motivo: a Powder havia entrado a indústria e não conseguiu ser cautelosa demais. Felizmente ela conseguiu fugir, mas teve que me encarar num momento em que eu estava muito irritada. E descobrir aquilo me deixou mais furiosa ainda, acabei agindo sem pensar e... Bati nela. Coloquei toda a culpa nela e a deixei por lá.

Fiquei em silêncio por um tempo, Vi olhou para o chão tristonha. Bem, aquilo com certeza deve ter sido terrível para qualquer um.

— Eu me arrependi na hora, assim como eu ainda me arrependo muito do que eu fiz. — ela falou. — Mas quando eu voltei, ela já não estava lá. Pensei que tivessem a matado, então fugi para que não fizessem o mesmo comigo. Passei todos os anos do governo do Silco escondida num buraco nas Vielas, e quando soube que ele morreu, resolvi voltar para o centro de Zaun. Foi aí que eu descobri que Powder estava viva, eu fiquei tão feliz em saber disso, que logo fui atrás dela. No entanto, eu não sabia que ela havia se tornado em uma outra pessoa.

— Como assim outra pessoa?

— Bem, ela não era mais nenhuma criança, mas Silco havia a criado durante todo aquele tempo que eu estava escondida. — explicou. — Silco era um criminoso, todos que estavam ao redor de Powder agora eram criminosos. Logo, ela virou um também. E... Ela começou a adotar outro nome...

— Que nome?

— Jinx.

Arregalei os olhos. Não era possível, a Violet era irmã da Jinx?!

— Vi, por acaso a sua irmã é quem eu estou pensando que é?

Ela soltou uma risadinha, mas ainda não parecia estar muito contente.

— Sim, minha irmã é essa Jinx mesmo. — Vi confirmou. — Ela se tornou aquela drogada maluca que comete crimes de guerra a qual você já conhece. Enfim, mesmo com tudo isso, nós voltamos a ficar próximas. Jinx é um pouco difícil, mas eu realmente acreditava que ela poderia voltar ao normal, agora que eu havia voltado. E foi então que eu conheci você. Espero que não fique brava comigo Caitlyn, mas eu vi em você uma chance de proteger a Jinx de ser presa.

Soltei um suspiro, aquilo fazia sentido. Na verdade, muitas coisas estavam fazendo sentido agora.

— Você não vai me deixar por causa disso, não é, Cupcake? — ela me perguntou, me olhando com um olhar triste.

Sorri para a mesma, e a dei um rápido beijo no canto de sua boca.

— Ainda acho que você deveria ter me contado sobre isso antes, mas não, não estou brava com você. — a respondi, segurando suas bochechas. — Mesmo que a Jinx seja... Bem, a Jinx, ela ainda é a sua irmã. E você só esteve fazendo isso por que a ama muito. E não, Vi, eu não vou te deixar por causa disso.

Ela sorriu, e então me beijou.

— Obrigada, Cupcake.

~~~

Mesmo depois de sua confissão, Violet teimou para dormir. Ela queria ir para o trabalho mesmo que estivesse andando feito um zumbi por causa da falta de sono que teve pela noite. Então, resolvi dispensar Violet do seu dia de trabalho.
Enquanto eu me arrumava para sair, a mesma estava dormindo no sofá feito um bebê, e ouvi o telefone tocar.
Quem é o infeliz que está ligando essa hora?! reclamei, enquanto ia até o eletrônico. Mas logo recuperei a calma. Quem quer que fosse, não sabia que Violet tinha tido uma noite ruim.

— Alô? — eu perguntei, assim que atendi.

Logo a voz de Jayce se fez presente:

— Desculpa ligar tão cedo, a Abigail não dormiu hoje e eu já estou acordado há um bom tempo. — começou o mesmo se explicando. Dei risada, parecia que não era só minha namorada que ficou acordada a noite toda. — Mas enfim, isso me vez lembrar que tenho que te perguntar um negócio: tudo pronto para hoje?

Soltei um suspiro. Ele claramente estava perguntando isso por causa do pedido.
Eu já tinha tudo planejado para pedir Violet em casamento naquela tarde.
Ia ser uma surpresa incrível na casa dos meus pais. Jayce e Mel iriam estar lá, e de alguma forma, consegui chamar o amigo de Vi, o Ekko, também.
Mas agora, com ela naquele estado, não sei se é uma boa ideia a pedir em casamento.

— Não, eu já iria ligar para avisar minha mãe também. Violet não dormiu, ela está mal... Bem, também não estou no clima. — expliquei. Mesmo sem poder ver o rosto de Jayce, já imaginei que ele estava chateado, ele sempre foi louco para ver eu me casar, porque ele iria ser padrinho. — Vamos adiar para depois, ok?

— Claro, como você quiser.

— Agora se me der licença, tenho que ir para o trabalho. Cuide-se, Jayce. E cuide da bebê, também.

— Entendido, senhora. — ele falou, em tom de deboche. — Tchau, Cait.

Desliguei o telefone e fui embora. Claro que não saí antes de dar um beijo na testa de Vi.

Trato é TratoOnde histórias criam vida. Descubra agora