Forty

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Cait's POV

— Você não vai brincar com a gente, tia Cait? — Abigail questionou, balançando meu ombro.

Tirei meus olhos do computador, e sorri para a mesma. Já haviam passado-se cinco anos desde que eu e Vi nos casamos. E essa era a idade exata da filha de Jayce, que por sinal era nossa afilhada.
Como Abigail tinha pais muito ocupados, não demorou muito para que eu e Vi decidirmos que poderíamos os ajudar cuidando dela às vezes. Não era como se a vida ainda não fosse uma bagunça, ela era, mas Jinx agora descobriu que a vida é muito mais que explodir prédios. Sim, ela está namorando.
Eu ainda não entendi bem como aconteceu, e dúvido que a mesma vá me explicar, mas ela começou a trocar cartas com Luxanna Stemmaguarda, as duas viraram amigas e bom, agora namoram.
Violet obviamente está muito feliz pela irmã, e eu estou muito feliz que, com sorte, Lux pode convencer ela a fazer uma terapia urgentemente, porque facilitará muito as coisas para mim.

— Eu ainda tenho muito trabalho a fazer, querida. — expliquei, fazendo carinho no seu cabelo.

— Você sempre tem muito trabalho a fazer! — reclamou, cruzando os braços e se virando de costas com uma cara emburrada. Ela era idêntica ao pai, só que com a aparência da mãe. E, mesmo assim, consegue ser muito mais suportável que o pai. — Depois reclama porque eu prefiro a tia Vi!

Eu e Vi, que estava sentada no chão com os fantoches da pequena Medarda — ela era obcecada por fantoches e marionetes —, acabamos por dar uma gargalhada.

— Deixa ela, Abby. — falou minha esposa. — Vamos continuar brincando, para ela ver que nós somos muitos mais divertidas do que o trabalho dela!

Revirei os olhos, e voltei a trabalhar sem dar importância para o que a mesma disse.
Quando terminei o trabalho, acabei por fazer o almoço e nós três nos sentamos na mesa para comer.

— Eu te contei que a Milla está grávida? — Violet comentou.

— É sério? — abri um sorriso. — Isso é ótimo, o Mylo deve estar muito contente.

— Ele está, porém também fica nervoso com medo de não ser um bom pai.

— Bobagem, com a Milla mantendo ele na linha, com certeza vai ser um pai ótimo.

Nós duas paramos de falar e voltamos a comer, até que Abigail voltou ao assunto:

— Mas e vocês duas?

Olhamos para ela, confusas.

— O que tem nós duas? — Vi questionou.

— Vocês não vão ter um filho não?

Quase acabei por me engasgar com a comida, e demorou alguns minutos para eu recuperar o fôlego.

— Abigail, eu e a Cupcake somos mulheres. — Violet começou a explicar para a menina, segurando minha mão. — É praticamente impossível nós duas termos um filho.

— É só pedir para o meu pai! — sugeriu ela, abrindo um sorriso, enquanto pegava o macarrão com o garfo. — Ele é um cientista muito inteligente, pode facilmente dar um jeito nisso com a Hextec!

— Não acho que faça sentido darmos trabalho para seu pai só por causa disso. — eu falei, tentando dar um jeito de acabar com o assunto.

Mas Abigail Talis-Medarda era uma criança muito difícil, ela não iria desistir tão facilmente:

— Então adotem! Tem tanta criança por aí precisando de duas mãezinhas policiais que poderiam as dar todo o amor do mundo...  — Abigail fez uma carinha fofa, tentando nos convencer.

Soltei um suspiro. Eu confesso que, nos últimos anos, comecei a sentir que somente eu e Vi não era somente suficiente naquela casa. E que talvez nós duas precisássemos de alguma terceira coisinha andando por aí, a qual nós poderíamos encher de amor e chamar de filho ou filha.
No entanto, nós duas sempre tínhamos muito trabalho a fazer, e uma criança exigiria muito. Então, comecei a achar melhor deixar essa ideia de lado — o que era uma coisa muito difícil, pois meus pais estavam insistindo muito para terem netos.
Foi então que Jayce chegou para buscar Abigail, finalmente tirando aquele assunto da mente da filha dele. Mas não da minha.
Passei o dia inteiro pensando naquilo, até que a noite chegou. Como de costume, eu e Vi ficamos na sala, assistindo um filme, enquanto eu ainda pensava no assunto. E obviamente, Violet percebeu isso.

— Você está bem, Cupcake? — ela questionou, passando a mão em meu ombro. — Está com uma cara estranha o dia todo.

Soltei um suspiro, e resolvi contar a verdade:

— Estava pensando naquilo que a Abby falou, sobre filhos.

Ela respirou fundo, e olhou para o chão.

— Posso te contar uma coisa? — questionou.

— O quê?

— Com o passar dos anos, eu comecei a achar a casa... Incompleta. — confessou. — Eu acho que estou querendo ter um filho.

— Posso ser honesta? Eu também. Mas eu tenho minhas preocupações. — eu disse, apoiando minha cabeça no seu ombro. — Sou a Xerife, e você minha parceira. Nós duas sempre estamos ocupadas na maior parte da semana, não teríamos muito tempo para a criança. Não quero incomodar meus pais pedindo para eles cuidarem do nosso filho todos os dias, e também não iria querer deixar-lo com uma babá. E sabe, eu... Sempre quis saber como é, estar grávida. A minha mãe dizia que eu era maluca por causa disso, mas parece ser uma sensação tão boa, ter uma criança na sua barriga...

— Então, se nós duas concordamos... Por que não perguntamos para o Jayce se ele pode fazer algo por nós? — ela perguntou.

Olhei bem nos olhos de Vi, e sorri para ela. Naquele exato momento, eu sabia muito bem que já estava decidido: nós duas queríamos um filho e nós duas teríamos um.

— Bem, eu não vejo porque não.

~~~

— Jayce, você está ocupado? — questionei, entrando no laboratório de mãos dadas com Vi.

O mesmo estava mexendo em alguma coisa naquele momento, no entanto, foi até nós assim que nos ouviu.

— Ah, vocês duas estão aí! — ele disse, se levantando para nos cumprimentar. — Como vocês estão? Aconteceu alguma coisa?

— Ah, estamos bem, é que... — fiquei em silêncio, eu não sabia muito bem com explicar a situação. Principalmente porque Abigail e sua mãe estavam estudando numa mesa ao lado. — Sabe, Jayce, eu e a Vi andamos pensando um pouco e começamos a achar que queremos ter um bebê.

Ele fez uma expressão surpresa, mas alegre.

— Um bebê? Ah, que ótimo! Mas... O que eu tenho a ver com isso?

— E daí que nós achamos que você poderia ajudar a gente com essa sua... — Violet olhou ao redor do laboratório, tentando encontrar uma palavra para falar de todas aquelas coisas que ela nunca entendeu, mesmo depois de anos em Piltover. — Caralhada toda.

Eu pensei em a repreender por causa do palavrão, mas não estava muito preocupada com isso. Estava mais preocupada com o que Jayce iria dizer.

— Ah, bem... Eu tinha alguns planos de tentar usar a Hextec para... Gerar vida. — explicou o Talis. — No entanto, eu ainda não havia começado, e com tudo que aconteceu ultimamente, deixei esse trabalho engavetado. Mas é claro, que para ajudar duas boas amigas, eu poderia voltar com essa ideia.

— Ah, isso é ótimo, obrigada, Jayce. — olhei para meu relógio. — Bem, agora, nós duas precisamos voltar para o trabalho, amor.

— Entendi. Até mais, Jayce.

— Até mais para vocês também.

Trato é TratoOnde histórias criam vida. Descubra agora